Alerta de segurança cibernética

Na United Way Brasil (UWB), a transparência e a confiança são valores. Por isso, alertamos sobre possíveis ataques cibernéticos e compartilhamos instruções para evitar golpes.

A UWB não autoriza que pessoas fora de nossa equipe falem em nome da organização pedindo dados ou doações. Reiteramos que nossos canais de doação oficiais são o Pay Pal e o Pix.  Doações corporativas também podem ser feitas via transferência bancária.

Caso tenha dúvidas ou suspeitas com relação a e-mails ou contatos recebidos:

– Cheque se a mensagem veio de uma pessoa com a conta de e-mail no formato nome@unitedwaybrasil.org.br;

– Confira se há um telefone ou canal de contato oficial na assinatura do e-mail;

– Jamais clique em links ou abra anexos que considere suspeitos;

– Entre em contato com a UWB para confirmar a origem dos e-mails pelo site, e-mail  contato@unitedwaybrasil.org.br ou (11) 3197-4567.

“As ações que realizamos para os pais estão vinculadas à estratégia de equidade de gênero”

Nesta entrevista com João Paulo Camarinha Figueira, Gerente de Desenvolvimento Sustentável da Special Dog, empresa que compõe o Comitê de Fomento do Guia de Primeira Infância para Empresas, da UWB, o tema são as ações realizadas para fortalecer a paternidade ativa dos colaboradores da corporação. As iniciativas pretendem impactar positivamente o desenvolvimento infantil de filhas e filhos para promover uma primeira infância saudável. Confira!

United Way Brasil – A Special Dog sempre teve todo um cuidado com a primeira infância, por isso, também realiza ações para os papais. Como isso acontece?

João Paulo – As ações que realizamos com os pais estão vinculadas à estratégia de equidade de gênero nas equipes. Por exemplo, uma de nossas metas, até 2025, é ter pelo menos 30% de mulheres nos cargos de alta liderança da empresa. Hoje esse índice é de 23,3%. Acreditamos que focar só no empoderamento das mulheres não resolva a questão na velocidade necessária. Precisamos envolver os homens para alcançar o êxito esperado. Sabemos que muitas mulheres não conseguem avançar nas suas carreiras porque não têm apoio das corporações, nem dos parceiros. Nós possuímos um amplo programa para ajudá-las a se fortalecerem como mães e profissionais. E implementamos ações para que os parceiros tenham a consciência de seus papeis nisso tudo, dando-lhes também suporte para que exerçam uma paternidade presente e ativa. As boas consequências dessa política recaem no bem-estar de filhas e filhos, colaborando para um bom desenvolvimento infantil.

UWB – Na prática, quais iniciativas vocês implementaram como parte da política de primeira infância da empresa, com foco nos pais?

JP – Mais recentemente, criamos uma roda de conversa – o #ElesporNós. A empresa tem 1.450 colaboradores, sendo que 85% são homens, ou seja, um público muito significativo que precisa ser acolhido para dialogar sobre masculinidades. Isso inclui o sentido da paternidade. Estamos testando esse modelo com um grupo menor e a primeira reunião foi um sucesso. Compartilhamos o documentário “O silêncio dos homens”, da Plataforma Papo de Homem, o que gerou muito debate. Fiquei surpreso com a participação e as contribuições dos envolvidos na experiência. Queremos ampliar essa prática. O grupo de mulheres existe há mais tempo. Então, é hora de envolver os homens nesses debates.

UWB – Vocês têm um programa de formação e orientação para pais como têm para mães?

JP – Sim. Antes a gente tinha só o das mães, mas vimos a necessidade de incluir os pais, muitos deles de primeira viagem. Então, grande parte dos benefícios que elas recebem, eles recebem também. Informações sobre nutrição, cuidados com os bebês, a importância das vacinas e das visitas ao pediatra, o pós-parto (puerpério)… Enfim, eles acessam todos os temas essenciais, da gestação à criação de suas crianças, especialmente na fase da primeira infância. A gente oferece a licença-paternidade de 20 dias com a condição de que eles façam parte desse programa. Os pais também recebem o kit maternidade, com mais de 60 produtos para seus bebês, como cobertores, banheira, mordedor… um benefício que apoia especialmente as famílias em situação econômica menos favorável. No Dia dos Pais, sempre proporcionamos uma programação diferenciada. Já promovemos diálogos com os movimentos Filhos do Currículo, 4Daddy, Papo de Homem e este ano traremos o pessoal do MEMOH para falar sobre masculinidade e a relação pai e filhos.

UWB – E para além dos colaboradores da empresa? Vocês têm ações voltadas à comunidade do entorno?

JPPrezamos muito que as ações da empresa repercutam positivamente sobre a comunidade. Então, criamos um Centro Cultural em Santa Cruz do Rio Pardo, SP. Lá oferecemos diversos cursos e oficinas gratuitos para que mães, pais, avós possam acessar conhecimento e práticas que os apoiem na geração de renda – é o caso, por exemplo, dos cursos de corte e costura, artesanato e culinária. As crianças de 3 a 6 anos também podem participar da experiência de musicalização, especialmente pensada para elas, e seguir na área musical através dos instrumentos e canto coral. Além disso, apoiamos o Programa Na Mão Certa, da Childhood Brasil, envolvendo nossos mais de 400 motoristas e ajudantes, muitos deles pais, que viajam pelo Brasil. O programa é uma ampla ação que combate a exploração e o abuso sexual infantil nas estradas do País, convocando e preparando caminhoneiros para serem agentes de proteção dos direitos de crianças e adolescentes.

UWB – Na sua opinião, qual a importância do Guia de Primeira Infância para Empresas, realizado pela UWB e parceiros, que reúne mais de 600 iniciativas que podem ser implementadas em diferentes corporações para promover uma primeira infância saudável?

JP – Quem dera a Special Dog tivesse acesso a um guia robusto como este há 20 anos, quando iniciou suas atividades e priorizou a infância como pilar de responsabilidade social. Com certeza teríamos avançado com ainda mais consistência e velocidade. Sabemos que temos muito a fazer para garantir os direitos de crianças de 0 a 6 anos. Mas o guia é um ponto de partida importante para que empresas de todos os portes e áreas, que desejem priorizar essa pauta, possam iniciar com um plano bem estruturado e eficiente. Para isso, é preciso entender que investir na primeira infância é permitir que todos os estímulos e interações necessários sejam ofertados para que a criança aproveite todo o seu potencial e que se desenvolva para se tornar o adulto saudável que nossa sociedade tanto precisa. Por isso, meu conselho às corporações é que conheçam o guia, definam suas prioridades e atuem. Dessa forma, criamos um ciclo virtuoso onde todos ganham – mães, pais e filhos, os negócios da empresa, a comunidade e a sociedade em geral. A satisfação que sinto, enquanto pai, de trabalhar em uma empresa que se engaja e inspira sua gente a fazer o mesmo pelas crianças, é enorme. Muito orgulho e gratidão envolvidos.

Uma trilha de oportunidades para jovens-potência

Se você tem de 15 a 29 anos, está à procura de emprego e/ou de formação para ingressar e permanecer no mundo do trabalho, então não pode perder esse grande evento realizado pelo GOYN SP, programa articulado pela United Way Brasil, em parceria técnica com o Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (Cieds).

Durante o dia 19 de outubro, das 10 às 17h, você acompanha, no YouTube, mesas de discussão sobre temas relacionados à empregabilidade e workshops “mão na massa” para ficar por dentro das novidades e de possibilidades de conquistar o seu espaço no mundo do trabalho, seja em empresas, seja investindo no seu negócio.

Como organizar sua vida financeira? De que maneira você pode conseguir sucesso nas entrevistas de emprego e, por exemplo, entrar na área de tecnologia? Que tal usar o LinkedIn e o marketing pessoal para chegar mais longe, profissionalmente? E de que forma o autoconhecimento te ajuda a ter sucesso na sua carreira?

Estes e outros assuntos serão tratados entre jovens como você e especialistas de diferentes áreas do ecossistema produtivo. Também será a sua chance de saber mais sobre o desafio da diversidade nos espaços corporativos.

Tudo isso você assiste e interage gratuitamente, adquirindo novos conhecimentos sobre si e sobre maneiras de investir na sua carreira profissional.

O GOYN SP E SUA MISSÃO JUNTO ÀS JUVENTUDES

A “Feira de Carreiras – Trilha de Oportunidades” é uma iniciativa protagonizada pelo GOYN SP, um movimento que tem como objetivo promover a inclusão produtiva das juventudes periféricas da maior metrópole do País. 

No GOYN, tudo acontece a partir da união de diferentes atores que atuam para criar oportunidades como esta. Ou seja, jovens, empresas, organizações públicas e da sociedade civil se reúnem para pensar, juntos, como enfrentar os obstáculos que impedem jovens-potência de ocuparem postos dignos de trabalho.

O GOYN é um movimento global, que está em outras seis cidades do mundo. Chegou a São Paulo, em 2020, articulado pela United Way Brasil. Na cidade, atualmente, conta com mais de 80 instituições, mas é aberto a quem tiver como contribuir, concretamente, ao cumprimento do objetivo de, até 2030, apoiar, com trabalho e formação, 100 mil jovens-potência.

Se você é um deles ou uma delas, então, não perca essa agenda super bacana, no dia 19. Vamos, juntos, virar o jogo e fortalecer as juventudes periféricas para que possam contribuir ao desenvolvimento social e econômico da cidade de São Paulo e, por que não, do Brasil.

Confira a programação e se inscreva!

Saiba mais sobre o GOYN SP

Evento de Impacto Coletivo discute estratégia para enfrentamento de problemas complexos

SÉRIE FÓRUM BRASILEIRO DE IMPACTO COLETIVO

Esta é a primeira de uma série de matérias que vão abordar os painéis do Fórum Brasileiro de Impacto Coletivo, dias 29 e 30 de setembro, realizado pela United Way Brasil em aliança estratégica com Collective Impact Fórum, Aspen Institute, Global Opportunity Youth Network (GOYN) e Gife (Grupo de Institutos Fundações e Empresas).

“A United Way é uma organização internacional que atua com base na colaboração. Há dois anos a gente se desafiou a articular um programa aqui no Brasil, cuja principal estratégia era o Impacto Coletivo. Foi quando percebemos que esse tema é pouco conhecido e estudado no nosso país. Nós não encontramos materiais em português sobre o assunto. Começamos a pesquisar e decidimos nos unir a outros parceiros para sonhar juntos e idealizar, no Brasil, o primeiro Fórum de Impacto Coletivo. Queríamos trazer essa metodologia para a discussão, compartilhar práticas e disseminar conhecimento, porque já entendemos que o futuro é colaboração!”. Esta fala de Gabriella Bighetti, diretora executiva da United Way Brasil, abriu o 1º Fórum Brasileiro de Impacto Coletivo, realizado pela organização em aliança estratégica com Collective Impact Forum, Aspen Institute, Global Opportunity Youth Network (GOYN) e Gife (Grupo de Institutos Fundações e Empresas), com o apoio de disseminação de conhecimento do Instituto Sabin e a colaboração da Fundación FEMSA e OEI (Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura). 

O FUTURO É A COLABORAÇÃO!

Na manhã do dia 29, mediados por Fernanda Schimidt, jornalista e editora do Ecoa (UOL), Nina Silva, idealizadora do Movimento Black Money, e Adam Kahane, diretor da Reos e especialista em solução de conflitos, trouxeram suas experiências que utilizam a colaboração ao enfrentamento de problemas complexos, como o desafio do racismo estrutural no Brasil e a transição do apartheid para a democracia na África do Sul, assim como o caso de pacificação e transformação no México, após o extermínio de professores e alunos indígenas, em 2014.

No segundo painel do dia, John Kania, um dos “pais” da metodologia Impacto Coletivo, foi entrevistado pelo jornalista Fernando Rossetti e contou sobre a origem do método e seus principais aspectos e as contribuições que têm dado para que questões complexas possam ser trabalhadas coletivamente por instituições, com base em uma agenda comum, monitoramento compartilhado, atividades que se reforcem mutuamente, comunicação contínua e uma organização de base para coordenar e alinhar o trabalho de todos.

Liz Weaver, co-CEO do Tamarack Institute, Paulina Klein, do Movimento Impacto Coletivo para Pesca e Aquicultura do México, Amy Ahrens Terpstra, vice-presidente de parcerias de impacto coletivo da United Way Salt Lake, participaram do terceiro painel do dia, mediado por Jennifer Splansky Juster, diretora executiva do Collective Forum Impacto da FSG. Essas lideranças femininas compartilharam ações práticas que realizam em seus países, todos pautados na colaboração, para gerar transformações sistêmicas e sustentáveis às populações mais vulneráveis.

IMPACTO COLETIVO É A SOLUÇÃO

No segundo dia do Fórum, Erika Sanchez Saez, autora do livro Filantropia Colaborativa, organizado pelo GIFE, abriu a manhã para falar sobre os achados de sua pesquisa, que deu origem à publicação. Ela fez uma análise de como empresas e instituições podem otimizar os recursos que destinam às causas sociais, por meio da colaboração intencional, a fim de que os resultados sejam mais efetivos e transformadores.

O segundo painel do dia, mediado por Jamie McAuliffe, diretor da Aspen Institute, reuniu as lideranças do GOYN, movimento internacional que atua pela inclusão social e produtiva das juventudes em situação de vulnerabilidade. Daniela Saraiva, do GOYN SP, no Brasil, Mahmoud Noor, do GOYN Mombasa, no Quênia, e Camilo Carreño, do GOYN Bogotá, na Colômbia, trouxeram os desafios e as oportunidades vivenciados nos seus territórios e como a metodologia do Impacto Coletivo integra o DNA do movimento para que jovens possam ser protagonistas de suas histórias e das mudanças sociais nos seus territórios. Esse protagonismo foi trazido por Ana Inez (São Paulo), Amina (Mombasa) e Jorge (Colômbia), lideranças jovens do GOYN, que expuseram as suas realidades e as ações coletivas pensadas para transformá-las. Em São Paulo, o GOYN é articulado pela United Way Brasil e conta com uma rede colaborativa formada por mais de 80 organizações cujo objetivo é incluir produtivamente 100 mil jovens-potência da cidade nos próximos anos.

O financiamento de iniciativas colaborativas foi o tema do painel mediado por Natália Leme, da Fundação Arymax, reunindo Leonardo Letelier, fundador e CEO da SITAWI Finanças do Bem, Marco Gorini, presidente do conselho AngaDin4mo e cofundador do Grupo Din4mo, e Greta Salvi, diretora no Brasil da Latimpacto. Nesse diálogo, foram tratados diferentes modelos de financiamento que contribuem para a questão da filantropia coletiva, a noção de um novo capitalismo que adota um posicionamento empresarial focado em gerar valor para todas as partes interessadas, contemplando não só os acionistas, como, também, os colaboradores, clientes, fornecedores, comunidades e meio ambiente. Discutiu-se, também, as redes de colaboração que se formaram para financiar soluções à crise gerada pela Covid-19, exigindo ações rápidas com resultados de curto prazo. 

O penúltimo painel da segunda manhã do evento trouxe ao debate a importância e os desafios da avaliação de iniciativas de impacto coletivo. Fabíola Galli, gerente de conhecimento aplicado da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e do Núcleo Ciência pela Infância, e Priscilla Cruz, presidente executiva do Todos pela Educação, mediadas por Rogério Silva, sócio do Pacto e doutor em saúde coletiva, abordaram o tema sob a perspectiva das políticas públicas voltadas à primeira infância e à educação pública brasileira.

Para encerrar o Fórum, Paula Fabiani, CEO do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento (IDIS), Ian Bautista, diretor de engajamento cívico da Greater Milwaukee Foundation, e Constanza Gómez Romero, diretora executiva da Colombia Cuida Colombia, mediados por Ericah Gonçalves, cofundadora da Pappo Consultoria, compuseram o painel que trouxe a prática das ações colaborativas de grande impacto, vivenciadas em territórios distintos, pontuando os desafios e os avanços, especialmente em ações voltadas ao enfrentamento da pandemia e das desigualdades sociais.

PUBLICAÇÕES INÉDITAS TRADUZIDAS PARA O PORTUGUÊS

Gabriel Cardoso, gerente executivo do Instituto Sabin, lançou no Fórum estudos e pesquisas traduzidos pelo Instituto para a Língua Portuguesa sobre a metodologia de Impacto Coletivo. O objetivo é munir pessoas e instituições com conteúdo de qualidade para embasar discussões e ações ancoradas na metodologia, colocando o Brasil no caminho de grandes mudanças, a partir de um trabalho coletivo e colaborativo.

Na biblioteca do Fórum, você vai encontrar as seguintes publicações para download:

  • Impacto Coletivo, por John Kania e Mark Kramer
  • Canalizando a Mudança: Fazendo o Trabalho de Impacto Coletivo, por Fay Hanleybrown, John Kania e Mark Kramer
  • Cartilha do Impacto Coletivo
  • Princípios de Prática de Impacto Coletivo

O evento  alcançou amplo sucesso de audiência, com 1.432 visualizações nos dois dias. Quer assistir ao Fórum na íntegra? Acesse: https://www.forum.uwb.org.br/

Na próxima matéria da série Fórum Brasileiro de Impacto Coletivo, conheça os principais tópicos trazidos por Nina Silva e Adam Kahane, mediados pela jornalista Fernanda Schimidt, no primeiro painel do Fórum, “Um convite à colaboração: criando soluções para problemas complexos.”

United Way Brasil e Goyn promovem ações para a inclusão produtiva jovem

As coalizões GOYN SP (Global Opportunity Youth Network São Paulo), 1MiO (Um Milhão de Oportunidades), Pacto Coletivo pelos Jovens e Jovens do Brasil se uniram com o mesmo objetivo para lançar duas iniciativas em prol das juventudes.

Em 20 de julho realizam o evento conjunto “Inclusão produtiva dos jovens: o papel das empresas para transformar uma geração”, que lança o estudo “Boas práticas na inclusão de jovens” e uma comunidade no LinkedIn para troca de experiências entre empresas sobre o tema. As duas iniciativas protagonizadas pelas organizações parceiras pretendem oferecer insumos para que empresas possam compartilhar suas experiências e aprendizados na inclusão produtiva de jovens, estimulando novas empresas a aderirem à prática.

Acompanhe o evento a partir das 9h30
LinkedIn – https://www.linkedin.com/events/liveinclus-oprodutivajovem6820381232300404739/
Facebook – https://www.facebook.com/events/178927277549501/
YouTube – https://youtu.be/oyEEGQ9PqVg

Lançamento do estudo

Com o objetivo de sensibilizar e apoiar as empresas na inclusão produtiva de jovens, o estudo “Boas práticas na inclusão de jovens” sistematiza e apresenta os principais aprendizados e recomendações para empresas que queiram investir nos jovens. A iniciativa acontece em um momento onde 27,1% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos estão desempregados, de acordo com dados divulgados pelo Atlas das Juventudes e Instituto Veredas.

Essa é a maior geração de jovens da história brasileira e a tendência é que nos próximos 40 anos ela se reduza à metade, portanto, promover oportunidades de educação de qualidade, formação profissional, inclusão digital e acesso ao mundo do trabalho é urgente para essa geração e não é um ato altruísta, é um investimento de médio e longo prazo no desenvolvimento do país. O Atlas das Juventudes também confirma que a inclusão dos jovens na educação ou no mercado de trabalho pode evitar prejuízos de até 1,5% do PIB dos países.

A organização do estudo é da Accenture e do GOYN SP (Global Opportunity Youth Network São Paulo), programa global articulado pela United Way Brasil com foco na geração de oportunidades de trabalhos decentes para as juventudes, e que tem em sua rede mais de 80 organizações. O programa GOYN teve início em São Paulo em 2020 e tem o objetivo de melhorar o patamar de renda de 100 mil jovens até 2030.

O estudo “Boas práticas na inclusão de jovens” se apresenta como um guia prático no desenho da Jornada da Inclusão Produtiva em uma empresa, por meio de 4 fases: formação (capacitação do jovem), planejamento (definição de estratégia e fomento), recrutamento (ações de recrutamento) e trabalho (vivência profissional). Cada momento é dividido em 3 etapas descritas em: o que pode ser feito, quem pode ajudar, recomendações e pontos de atenção.

“Esse documento é apenas o começo. Uma empresa que deseja empregar jovens deve, como primeiro passo, entender esse ecossistema e formar parcerias que fortaleçam sua iniciativa. Talvez o maior aprendizado deste estudo esteja em pensar a inclusão produtiva não como uma atividade isolada do empregador e sim como uma ação conjunta que se fortalece com as atividades existentes do terceiro setor e poder público e a partir disso gera as oportunidades de trabalho”, diz Gabriella Bighetti, diretora executiva da United Way Brasil, entidade articuladora do GOYN SP.

Cases de sucesso podem ser replicados em empresas

O documento apresenta também 5 práticas de destaques de programas realizados nas empresas Itaú, Coca-Cola Brasil, Funcional Health Tech, PwC e Magazine Luiza. As práticas selecionadas são exemplos de como executar algumas das recomendações presentes na Jornada.

O Banco Itaú vai além das cotas obrigatórias e promove inclusão de jovens através de programas de jovens aprendizes, estágio, trainee e vagas de perfil júnior. O programa de jovens aprendizes tem registro desde 2012 e alcançou a marca de 17 mil jovens impactados, com um média de 1.500 jovens ao ano. O número de aprendizes efetivados é de 4.490 jovens encarreirados. O programa de estágio começou em 2000 e já impactou 45.618 jovens, dos quais foram efetivados 24.824. Nos últimos 3 anos a média de estagiário por ano é de 4.738 jovens. A taxa de efetivação é de 40% para o programa de jovem aprendiz e 65% para o programa de estágio.

A PwC faz inclusão de jovens por meio do programa de jovens aprendizes desde 2006. Em 2016 o programa passou por uma reestruturação que teve como objetivo final o impacto social e inclusão de jovens em contexto de vulnerabilidade, totalizando 570 jovens no período de 2016 a 2021. Em 2020, 81% dos aprendizes foram efetivados.

A Coca-Cola Brasil possui um programa de jovens aprendizes e estágios, criados em 2016, com 60 jovens impactados em 2021. Todos estes jovens provêm do programa Coletivo Jovem, iniciativa de empregabilidade do Instituto Coca-Cola Brasil que oferece formação, apoia na candidatura às vagas e, durante o recrutamento, oferece a infraestrutura para quem precisa.

Para a empresa de tecnologia Funcional Health Tech, investir na parceria com instituições de ensino do terceiro setor foi a oportunidade de reforçar os valores e a cultura organizacional e, consequentemente, contratar profissionais que estão ingressando no mercado de trabalho. Este é o primeiro ano do programa, que conta com a contratação de 10 jovens para os cargos de entrada e previsão de mais 7 vagas até o final de 2021.

O Magazine Luiza conta com uma cultura empresarial inclusiva que estimula os estudos com bolsa auxílio e um programa de aprendizagem com taxa de efetivação de 72% nas áreas corporativas. A empresa faz inclusão de jovens através do programa de jovens aprendizes, estágio e trainee. O programa de Jovem Aprendiz atualmente conta com aproximadamente 1670 jovens. No último ano, 450 jovens que tiveram seus contratos encerrados no período foram efetivados e mais 370 foram admitidos no programa.

Outro programa do Magalu com foco em jovens talentos é o Programa Trainee, que gera oportunidade para jovens recém formados em universidades ou às vésperas da formatura. Em 2021, o programa teve 100% de suas vagas dedicadas a contratação de jovens negros. Ao término do programa todos têm oportunidade de assumirem posições em áreas estratégicas da companhia com cargo inicial de Analista Sênior e com forte projeção de carreira para posições de liderança.
União de movimentos pela inclusão

“Os jovens, hoje, mais do que nunca, são o ponto focal da nossa atuação. É buscando criar oportunidades e reduzir barreiras de acesso ao mercado de trabalho que criamos o movimento Pacto Coletivo Pelos Jovens, com o objetivo de convocar empresas e organizações para atuar em conjunto com foco na expansão de vagas de emprego para jovens, em oferecer mais oportunidades de desenvolvimento profissional e em estabelecer processos seletivos mais inclusivos”, conta Daniela Redondo, diretora executiva do Instituto Coca-Cola Brasil. “A trajetória rumo à inclusão produtiva de jovens-potências deve ser um esforço coletivo e intencional, em que todos nós precisamos refletir e estar atentos a vieses e estereótipos a fim de facilitar a criação de espaços para essas pessoas possam prosperar e que ciclos de pobreza sejam interrompidos”.

Além do estudo, será lançado no mesmo dia a Comunidade de Práticas, um espaço na rede social LinkedIn aberto para todas as empresas e profissionais interessados em trocar experiências, boas práticas e desafios sobre a inclusão produtiva jovem. “As empresas estão em níveis diferentes de maturidade na inclusão dos jovens e a troca entre elas é fundamental para potencializar essa agenda, visando não apenas a importância de ampliar o número de vagas para as juventudes, sobretudo os mais afetados pela falta de oportunidades, mas o olhar para a retirada de vieses nos processos seletivos, para o acolhimento, mentoria e desenvolvimento de carreira e o apoio nos casos de violências e violação de direitos”, destaca Gustavo Heidrich, oficial do UNICEF no Brasil para iniciativa Um Milhão de Oportunidades.

A Comunidade já nasce com a força de mais de 90 empresas que fazem parte da rede das iniciativas GOYN, 1MiO, Pacto Coletivos pelos Jovens e Jovens do Brasil e contará com fóruns, conteúdos formativos, apresentação de cases, artigos e histórias de vida.

“A chave para mudar a realidade das juventudes brasileiras e destravar o potencial dessa geração é a oportunidade. E isso não se resume a criação de vagas, vai muito além. Começa na criação de um programa que seja genuinamente inclusivo desde a seleção até a capacitação e progressão de carreira. Precisa ter uma preocupação real em valorizar o que novo esses jovens podem trazer para as organizações e não em enquadrá-los no perfil padrão das atuais referências pouco diversas que povoam grande parte das empresas. Esse é o favor que vemos na troca e evolução contínua de uma comunidade de boas práticas”, finaliza Fernanda Liveri, Coordenadora Geral do Movimento Jovens do Brasil.

A atuação nos territórios vulneráveis e seus resultados sociais

Um dos pilares do trabalho da United Way Brasil (UWB) é a intervenção territorial para oferecer melhores oportunidades de desenvolvimento e bem-estar ao público alvo.

As intervenções nos territórios, propostas pela UWB, acontecem presencialmente, em realidades previamente mapeadas, onde crianças e jovens não têm as oportunidades de que precisam para se desenvolver integralmente.

Em 2019, na área da primeira infância, por meio do programa Crescer Aprendendo, a organização atuou em 12 creches e 1 escola de educação infantil, na região de Campo Limpo, SP. Ofereceu oficinas aos pais, cuidadores e professores, trabalhando temas relacionados aos primeiros anos de vida: a importância do brincar, os direitos da criança, o papel da família, a alimentação saudável, o comportamento e saúde das crianças.

No final do ano, o programa realizou uma pesquisa para saber quais mudanças o Crescer Aprendendo gerou na visão e no comportamento das famílias com relação às crianças, naquele território.

Os resultados apurados nas famílias foram bastante animadores. Um deles mostrou o aumento significativo do acesso a informações qualificadas sobre primeira infância, como contou o membro de uma família do CEI São Luiz II: “Antes eu achava que do meu jeito estava bom. Daí comecei a acessar os conhecimentos e melhorei.”

Outro avanço perceptível, segundo a avaliação, foi a melhora do diálogo dos cuidadores com as crianças e da qualidade do tempo que passam com elas. A família da CEI Cid Franco confirma essa mudança: “A gente se reúne pelo menos uma vez na semana para brincar: eu, minhas filhas e meu marido. Antes a gente não fazia isso.”

Os itens sobre mais qualidade na alimentação que oferecem e mais paciência para se dedicar às crianças também obtiveram várias respostas positivas, denotando como as famílias estão atentas às necessidades e à escuta dos pequenos.

A parceria com a escola, promovida pelo programa, foi outro aspecto analisado pelas famílias, que a considerou essencial para o desenvolvimento da criança acontecer plenamente, sendo as oficinas reconhecidas como um importante apoio para propiciar o fortalecimento dessa relação, como conta a gestão do CEI Cid Franco: “Os pais mudam, eles se tornam mais próximos, eles passam a nos buscar mais quando surgem dúvidas em relação à criança. Porque quando você aproxima os pais, quando você esclarece, eles se tornam mais próximos, como se fossem um parceiro.”

Educadores e professores também aprovaram as capacitações que receberam, por meio de oficinas. “Foram muito boas as atividades que eu participei. Forneceram um outro olhar sobre a nossa prática, porque muitas vezes vamos fazendo as coisas e esquecemos de refletir. Quando tem essas reflexões, de que a gente precisa do outro, fica melhor o trabalho, mais prazeroso”, reforça a educadora do CEI Umarizal.

A avaliação confirmou que atuar em territórios vulneráveis, respeitando características e necessidades próprias, é uma estratégia eficaz de transformação, porque qualifica relações, visões e comportamentos dos que estão envolvidos com o público alvo das intervenções.

Educação e trabalho voluntário são estratégias fundamentais #Depoimento

Cristiane Pereira da Conceição participou do programa de juventude da United Way Brasil quando tinha 19 anos. Sua motivação para frequentar as aulas era a maneira como os profissionais transmitiam os conteúdos. “Eles também queriam aprender com nossas experiências”, recorda-se a jovem, de Francisco Morato, SP. Outro ponto importante foi o local onde o curso acontecia, dentro de uma empresa, o que propiciou a boa sensação de estar em um ambiente profissional, adquirindo conhecimentos e vivenciando a rotina corporativa.

Cristiane decidiu fazer faculdade de pedagogia e a dedicação dos voluntários do programa foi um dos incentivos que teve para optar pela carreira. “A experiência revelou o meu desejo em ajudar o próximo e a entender o papel da educação na vida das pessoas”. Hoje, aos 25 anos, embora não exerça a profissão em que se formou, Cristiane trabalha em e-commerce e gosta do que faz, mas tem outros sonhos: “Quero atuar em escolas e ajudar no processo de letramento e alfabetização para apoiar os indivíduos a exercerem sua cidadania”, conta. “Educação e trabalho voluntário, que vi no programa, são estratégias fundamentais. Podem não mudar o mundo, mas transformam as pessoas”, conclui Cristiane. 

Podcast com Graça Machel convoca a sociedade a rever seu olhar sobre as desigualdades

Graça Machel, uma das maiores ativistas negras do mundo, expõe sua visão do que precisa ser feito para amenizar as desigualdades sociais, mais agravadas pela pandemia.

Graça Machel conectou-se ao Brasil para falar sobre a atual crise, gerada pelo coronavírus, que ampliou as desigualdades, atingindo, especialmente, mulheres e crianças em situação de vulnerabilidade social. Graça é fundadora das organizações The Graça Machel Trust e Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade e uma das protagonistas da luta pela libertação de Moçambique, em 1975, junto ao seu então companheiro, Samora Machel. Foi ministra da Educação e da Cultura no primeiro governo moçambicano, por cerca de 14 anos. Durante sua militância, Graça conheceu Nelson Mandela e com ele protagonizou a luta contra o Apartheid.

Na sua fala, Graça ressalta a importância de olharmos para as desigualdades como uma situação desconfortável e não como algo que está posto e não se pode mudar, fazendo parte do cotidiano: “Como cidadãos organizados, temos de olhar para a nossa consciência e dizer: ‘esta maneira de ser – e digo a maneira de ser indiferente -, de estar indiferente ao sofrimento do outro (…) é contra o reconhecimento de que todas as pessoas nascem iguais e têm os mesmos direitos, nem mais e nem menos direitos”.

Graça usa exemplos de Moçambique que cabem à realidade brasileira, onde crianças e mulheres são mais sensíveis aos efeitos sociais da pandemia. Mas ela também indica caminhos que podem gerar mudanças profundas, como reconstruir a sociedade pós-Covid-19 a partir de políticas públicas centradas nesses dois públicos: “Ao fazer isso, resolveremos problemas estruturais com os quais temos convivido”, reforça.

Também chamou a atenção para a necessária e urgente participação cidadã ativa: “Temos de confrontar os centros de decisão (…). Usar a força de nosso voto para dizer que não pode continuar assim. Não pode porque não deve. E não deve porque não tem justificação legal, moral para que as coisas continuem como estão.”

Em tempos de pandemia, a fala de Graça Machel convoca todos a olharem para os desafios que estão sendo traçados no presente e precisam de soluções eficientes no cenário pós-pandemia. Essa equação só terá saídas eficazes se for solucionada a partir de um trabalho coletivo, que envolva os diferentes setores, para que a sociedade se torne mais justa, acolhendo todas e todos.

Ouça e compartilhe o podcast com Graça Machel e aproveite para curtir a nossa página no YouTube, acompanhando outras ações que realizaremos este ano.

https://youtu.be/ITICtjCjbdQ

*A fala de Graça Machel faz parte da live “Desigualdades e Pandemia”, realizada em 23 de junho, que, por problemas técnicos, não foi concluída.

United Way Brasil

Empresas e primeira infância: tudo a ver

A United Way Brasil (UWB) tem se dedicado, cada vez mais, a envolver diferentes atores para encontrarem, juntos, soluções efetivas e sustentáveis aos problemas que afetam o desenvolvimento infantil, especialmente na fase da primeira infância (0 a 6 anos). Essa mobilização está diretamente relacionada ao conceito de impacto coletivo – diferentes setores sociais atuam por uma mesma causa relevante a fim de alcançar objetivos comuns -, o modus operandi da United Way no mundo todo.

Um dos atores desse ecossistema são as empresas, que representam o que chamamos de segundo setor (o primeiro é o poder público e o terceiro são as organizações da sociedade civil, como a UWB). Sua relevância à causa é indiscutível e por isso se tornou foco de iniciativas da United Way.

No Brasil, em parceria com a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, a UWB e a Rede América Latina realizaram, em 2017, o Estudo Empresarial sobre Investimento Social em Desenvolvimento da Primeira Infância, com participação de 136 empresas de 6 países. Em 2018, junto à Great Place to Work, a UWB e a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal criaram uma cartilha com orientações de como pensar em políticas corporativas, voltadas à primeira infância, como as licenças-maternidade e paternidade estendidas, e o que essas ações trazem de retorno para os envolvidos (como motivação da equipe e o consequente aumento de produtividade). Em 2019, essa mesma parceria criou uma categoria no prêmio Melhores Empresas para Trabalhar com o objetivo de reconhecer as corporações que adotam iniciativas nesse sentido.

Um guia de indicadores de primeira infância

Com o objetivo de mobilizar outras empresas, independentemente do tamanho que possuam, a United Way Brasil e a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal estão elaborando um guia, alocado em uma plataforma on-line. Nele estarão disponibilizados indicadores de primeira infância para as corporações identificarem iniciativas que contribuam ao pleno desenvolvimento das crianças nos primeiros anos de vida.

Ainda em construção, a plataforma prevê ações organizadas em temas centrais, como: licenças, auxílio financeiro, orientação parental, apoio a instituições que tratam do tema, aleitamento materno etc.

Cada corporação poderá optar por temas, e respectivas iniciativas, que estejam conectados à realidade de mães, pais e demais familiares de crianças pequenas – os colaboradores da empresa.

Uma empresa de tecnologia e outra do ramo de alimentação para pets aceitaram o convite para realizar um projeto-piloto, acrescentando ao que já fazem algumas iniciativas do documento. Dessa forma, será possível monitorar e avaliar os avanços que as ações podem trazer não só para o público a que se destinam (especialmente gestantes, mães e pais), mas também à comunidade do entorno e à própria empresa, que irá reter novos valores a sua marca, como credibilidade, responsabilidade social, reconhecimento pela equipe e pela comunidade ao redor, dentre outras.

A plataforma será lançada em breve. Até lá, acompanhe as páginas da United Way Brasil nas redes sociais e as notícias que compartilhamos por aqui.

Empresas e jovens profissionais: é preciso melhorar esse diálogo

A antiga crise econômica, ampliada pela pandemia, não é a única responsável pela difícil inserção dos mais jovens no mercado de trabalho. Há muito tempo a juventude das periferias enfrenta essa exclusão, mas por outros motivos.

Baixa escolaridade, fragilidade da formação educacional, longas distâncias entre periferia e centros urbanos, falta de recursos econômicos e preconceitos. Estes são os principais problemas enfrentados pela juventude brasileira que mora no entorno dos grandes centros econômicos.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-2011), o percentual de jovens entre 15 e 24 que fazem parte do mercado de trabalho, diminuiu de 57,7% em 2001 para 53,6% em 2011, diferentemente da taxa de atividade da população em geral, que permaneceu relativamente estável nesse período.

O contingente de jovens é o maior que o Brasil já teve, somando 47,3 milhões de brasileiros com 15 a 29 anos. É justamente entre eles que as desigualdades de renda aumentaram nos últimos cinco anos (Pnad-2019).

Em grande parte dos casos de inserção precoce no mercado, os jovens acabam alocados em postos precários em que as chances de crescimento profissional quase inexistem.

A escola, que deveria melhor prepará-los para uma vida profissional ativa, está ainda distante disso, embora tenha obtido alguns avanços nos últimos anos, no Ensino Médio. Segundo a pesquisa Juventude, Educação e Projeto de Vida (Plano CDE e Fundação Roberto Marinho), questões como desorganização, falta de infraestrutura, existência de bullying, violência e preconceito, aulas monótonas, materiais didáticos ruins são alguns dos empecilhos que os jovens apontam para não se sentirem estimulados a estudar. Obstáculos que acabam prejudicando não só a formação para o mundo do trabalho como a permanência do jovem na escola.

Como país, ainda estamos longe de inserir a mão de obra jovem no mercado de trabalho. Políticas públicas se mostram pouco eficientes nesse sentido diante da urgente demanda. Por isso, o papel das organizações da sociedade civil, que fazem a ponte entre a juventude das periferias e as empresas, buscando essa inserção, tem se tornado essencial para mudar o cenário.

Desafios para garantir o primeiro emprego

Muitas empresas se mostram interessadas em abrir espaços para os jovens nos seus quadros de colaboradores. No entanto, ainda existe um descompasso entre o que elas querem e o que os jovens têm a oferecer.

O primeiro obstáculo, que acaba barrando uma boa parte dos candidatos, é o conhecido ‘CEP’: “A distância da casa do jovem até a empresa parece ser intransponível para aqueles que contratam”, explica Elaine Souza, assistente social e coordenadora geral de projetos no Brasil da organização social Viração, parceria da United Way Brasil. Para ela, é preciso entender que a conjuntura estrutural da cidade foi concebida com base em um processo social que excluiu as periferias do dia a dia dos grandes centros. “O CEP coloca os jovens nesse lugar, no lado de fora”, complementa.

Para ela, outras questões antigas, que ainda influenciam muito a escolha dos profissionais para uma vaga, são a cor da pele e o gênero. “Mulheres jovens, negras, da periferia são as que encontram maior dificuldade de inserção”, afirma Elaine.

Um aspecto alegado nas seleções de diferentes RHs para não contratar jovens é a falta de experiência anterior. “Acho que é preciso melhorar esse diálogo entre a empresa e o jovem para entender quais habilidades ele possui. O que vejo nas periferias, especialmente onde o Viração atua, no Grajaú (SP), é um lado empreendedor bastante ativo dos jovens do território. Eles acabam empreendendo porque percebem o quanto é difícil entrar no tradicional mercado de trabalho”, explica Elaine.

Para Benigna Alves Siqueira, Coordenadora Pedagógica da Associação Pró-Morato, em Francisco Morato (SP), parceira da United Way Brasil, existem faixas etárias na juventude que sofrem ainda mais com o desemprego. “A realidade do jovem da periferia é muito diferente, por exemplo, da do jovem da classe média. Aos 15 anos, ele sofre a pressão da família para colaborar com as finanças da casa. Essa faixa de idade é a que menos consegue emprego nas empresas, que buscam por jovens mais velhos”. E complementa: “Aos 18 anos, muitos deles já moram sozinhos ou são pais e têm de dar conta de demandas de adultos”.

Benigna também acredita que, em algumas situações, existe uma desconexão entre empresa e o jovem da periferia. “Já encaminhamos dezenas de jovens para uma vaga. Nenhum foi aceito e eu sei que naquele grupo existiam ótimos candidatos, com grandes potenciais. As empresas poderiam considerar que o jovem que mora longe dos grandes centros vive uma realidade diferente por uma série de circunstâncias. Muitos deles têm dificuldades para falar o português corretamente, têm vícios de linguagem, de postura… questões contornáveis, que a empresa pode trabalhar e mudar, porque esse jovem traz diferenciais que muitos não têm: vontade de fazer parte, desejo de superação, resiliência… São pessoas que lutam todos os dias para vencer desafios”, afirma a pedagoga.

Para ela, é preciso que as empresas revejam a abordagem, incluam a exclusão econômica no campo das diversidades e possam, a partir daí, adequar as seleções de RH para que façam sentido ao jovem. “As corporações têm muito a ganhar. Esses jovens são os mais motivados, porque desejam virar o jogo da realidade difícil de suas famílias”, conclui.

Investir em treinamentos, em mentorias, em vivências cotidianas com outros profissionais para compartilhar experiências, também são maneiras de preparar esse jovem para os desafios do trabalho.

A United Way Brasil, com seus parceiros, realiza o programa Competências para a Vida, cujo objetivo é justamente apoiar os jovens no seu projeto de vida e na carreira profissional. Isto porque acredita que a juventude é um dos pilares essenciais para a sustentabilidade e o desenvolvimento do país, assim como representa uma das forças mais ativas e criativas no combate às desigualdades.