Covid-19: cuidar dos jovens para que cuidem da sociedade

Os números de contaminação por coronavírus no Brasil, compartilhados pelos boletins oficiais diários, mostram que as populações menos afetadas pela pandemia são as crianças e os jovens. Mas será que a despreocupação da juventude com a doença pode ser um problema para as demais faixas etárias?

No mundo, em países que os picos da contaminação já foram vivenciados ou estão acontecendo agora, o quadro é menos otimista: segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca dos 20% de infectados que precisam de internação têm entre 20 a 44 anos, sendo que 12% desse grupo precisou de UTI. Pensando em números absolutos, a quantidade de jovens que correm risco não é pequena. Para aqueles que ainda apresentam doenças pré-existentes, como diabetes, patologias do sistema respiratório, problemas cardíacos e obesidade, a realidade é mais preocupante.

Na França, um outro exemplo, dos quase 14 mil casos confirmados em 20 de março, 30,6% tinham entre 15 e 44 anos, sendo que, de uma amostra de 362 pessoas internadas na UTI, 8% eram dessa faixa etária e mais da metade não tinha fator de risco conhecido.

Portanto, é preciso que a sociedade brasileira também se preocupe com a geração jovem e ajude a conter a contaminação, especialmente porque boa parte das pessoas nessa etapa da vida não apresenta os sintomas, mas pode transmitir a doença para os grupos de risco.

Momento de exercer a cidadania

O fato de a comunicação sobre a pandemia reforçar todos os dias que a doença atinge, em sua maioria, indivíduos com mais de 60 anos pode favorecer a despreocupação de uma parte dos jovens com relação à orientação do isolamento social.

No entanto, este é o momento de mostrar à juventude que ela tem um papel essencial no controle da contaminação. Ou seja, ficar em casa previne que transmita o vírus a quem não pode ser contaminado de jeito nenhum (avós, pais, tios…). Este é um ponto.

Outro ponto é manter-se isolado também para a autopreservação mas, se for sair, que respeite as regras de autocuidado (uso de máscaras, luvas, higienização das mãos, distanciamento etc.) e utilize esse momento para ajudar aqueles que não têm como sair de casa (idosos e pessoas com doenças pré-existentes).

As redes sociais e matérias veiculadas pela imprensa têm mostrado atitudes empáticas de jovens que se oferecem para fazer compras, ir à farmácia, levar ou buscar alguma encomenda para os que compõem os grupos de risco. Essa maneira de usar certa imunidade ao desenvolvimento da doença pode promover a postura cidadã e comprometida com o coletivo, preparando esses jovens para outras situações em que seu papel ativo também seja importante, tanto quanto é na pandemia.

A United Way Brasil atua com a juventude, por meio do programa Competências para a Vida, porque acredita ser essencial fortalecer valores e ajudar os jovens a construírem um projeto de vida em que o olhar para a coletividade esteja contemplado e faça parte do dia a dia de cada um.

Portanto, conversar com os jovens, passar informações fundamentadas sobre o Covid-19, é uma maneira de contribuir para que uma expressiva parcela da população, essencial à sustentabilidade presente e futura do país, possa não só ser preservada como também ajudar a fortalecer o bem mais preciso de uma nação: o seu capital humano.

Os efeitos da pandemia na saúde financeira das organizações sociais

As organizações da sociedade civil têm atuado de forma decisiva para garantir o bem-estar das populações mais vulneráveis, tentando conter a pandemia nas comunidades e bairros mais pobres. No entanto, elas também são vítimas desta crise, que não tem hora para acabar.

Todos os movimentos e ações do terceiro setor estão voltados à contenção da contaminação pelo Covid-19. Desde campanhas para arrecadação de recursos e doações de alimentos e insumos de higiene pessoal até a atuação presencial para atender a população mais vulnerável são iniciativas que acontecem nos quatro cantos do País, protagonizadas por pessoas (voluntários e funcionários) que atuam por causas distintas.

No entanto, como consequência da crise econômica que se arrasta há anos, muitas instituições têm perdido patrocínios e doações. Com a pandemia, essa escassez de recursos aumenta dia após dia, colocando em risco a funcionalidade de serviços essenciais para grupos e populações específicas.

Como manter funcionários, especialistas, benefícios aos assistidos, sem recursos? Essa equação não tem uma resposta simples e é por isso que as instituições que sobrevivem ao atual caos terão de buscar alternativas para manter sua operação, sem prejudicar aqueles que necessitam de seus serviços.

Para Rodrigo Alvarez, diretor da Mobiliza Consultoria, empresa especializada em captação de recursos e comunicação do terceiro setor, “algumas organizações precisam redesenhar suas ações”. Segundo ele, o cenário de médio prazo é incerto e, o que preocupa, “é que pouca gente está olhando para além do curto prazo. Quais políticas públicas de apoio às ONGs estão sendo pensadas para a crise e pós-crise?”, questiona e complementa: “Não podemos esquecer que as ONGs, muitas vezes, são as que mais conhecem a realidade das comunidades e suas necessidades e demandas. Ou seja, são potentes aliadas no combate a este e a qualquer outro desafio que o país tenha de enfrentar”.

A escassez afeta todo o tipo de organizações: as que vivem de doações de pessoas físicas, de realização de eventos, de recursos públicos etc., e as que se mantêm, basicamente, com aportes de empresas. “As empresas estão investindo no combate ao Covid-19, especialmente nas ações de Saúde e de Assistência Social. Provavelmente, cumprirão os acordos já fechados com as organizações sociais este ano. Mas e depois? Terão novos aportes para que as ONGs deem continuidade ao necessário trabalho que virá com os impactos da crise financeira?”, pergunta Rodrigo.

O consultor acredita que 2020 e 2021 serão anos difíceis, de recessão, que afetará ainda mais as famílias, principalmente as que sofrem com a falta de bens e serviços essenciais, faltas estas que as ONGs ajudam a minimizar com seu trabalho na ponta. “Existem outras crises semelhantes ao coronavírus, nas periferias das grandes cidades, que vivem um isolamento social cotidiano, sem poder usufruir de seus direitos por não terem condições econômicas, de mobilidade, de saúde, de trabalho…”, alerta o consultor. “As organizações sociais assumiram um papel incontestável de lutar pela inclusão dessas pessoas, por isso são tão necessárias em nosso país”, conclui.

Cada um pode fazer mais

Assim como as demais instituições de terceiro setor, a United Way Brasil (UWB) também vem atuando junto às comunidades mais vulneráveis para combater o avanço do Covid-19, mobilizando empresas e pessoas a contribuírem com essa causa (leia matéria sobre campanha, no link: Vamos juntos contra o Corona vírus). No entanto, a UWB precisa manter sua equipe e os serviços que têm oferecido à população que atende por meio do programa Crescer Aprendendo, voltado a famílias de baixa renda com crianças até seis anos (fase da primeira infância).

Uma das formas de contribuir, que está nas mãos de pessoas físicas, mas é pouca utilizada por elas, é a doação do imposto de renda para causas sociais. Por isso, a UWB lançou uma campanha de arrecadação desses recursos.

A doação é simples e rápida e pode ser feita até 30 de junho. Ao finalizar a sua declaração na versão completa, clique em Resumo da Declaração e em Doações Diretamente na Declaração-ECA. Escolha São Paulo, na seleção do Estado. Tanto CNPJ quanto o valor para doar vão aparecer automaticamente na página. Selecione o valor que quer destinar ao Crescer Aprendendo. Imprima o darf e pague até 30 de junho. Por fim, a parte mais importante: envie o DARF e o comprovante de pagamento para o CONDECA com a mensagem que deixamos neste tutorial, com todos os detalhes da doação: www.bit.ly/IR_UWB

Contamos com sua colaboração para continuar atuando em favor do desenvolvimento integral na primeira infância, fortalecendo nosso trabalho para beneficiar as famílias que, após a crise, precisarão ainda mais de nosso apoio.

O mundo se abriu e Thays embarcou nele

Quando tinha 16 anos, Thays Moia Ribeiro ainda não sabia que profissão seguir. Ela começou a frequentar um programa da United Way Brasil, graças à ONG Pró-Morato. Nas aulas, teve a oportunidade de explorar o mundo com outro olhar que, até então, se resumia ao que ela vivenciava em Francisco Morato, sua cidade, em SP. Conversar com profissionais experientes abriu os horizontes. Foi quando Thays encontrou seu rumo e decidiu, entre engenharia, administração e advocacia, ser advogada. De lá para cá, trabalhou na UWB, depois na PwC, dentre outras empresas.

Hoje, aos 25 anos, já formada em Direito, a jovem está se preparando para fazer um intercâmbio nos EUA para aprimorar o inglês e se aprofundar na sua profissão. No início dessa jornada, ela enfrentou a resistência dos pais, que achavam que as idas e vindas da menina a São Paulo, para o curso, não dariam em nada. Ela persistiu e logo perceberam que Thays estava no caminho certo. “Meus pais acabaram me apoiando. Sou a única pessoa que tem faculdade na minha família. Um fato importante nessa fase é que meu pai, Gilberto, decidiu terminar o Ensino Médio. Ele fez o EJA e nós nos formamos juntos. Foi uma emoção incrível e um grande incentivo para eu continuar em frente”, revela a jovem, que também emocionou a gente!

Vamos juntos contra o Corona Vírus

Iniciativa da United Way Brasil une empresas, indivíduos e organizações da sociedade civil para apoiar populações vulneráveis de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Há mais de 130 anos atuando em 41 países com o propósito de gerar bem-estar a diferentes populações, a United Way Brasil também realiza ações de combate ao Covid-19 para minimizar os efeitos da pandemia nas famílias que vivem em bairros e comunidades vulneráveis.

No entanto, no lugar de criar novas campanhas, a United Way Brasil (UWB) decidiu apoiar e fortalecer o movimento UniãoBR (Instagram: @uniaobrorg), que promove a hashtag #TÔDENTRO, uma iniciativa voluntária, de pessoas e organizações da sociedade brasileira, sem vínculos partidários ou religiosos. A ação vai beneficiar comunidades vulneráveis das cidades de São Paulo (@uniãoSP) e Rio de Janeiro (@uniãoRJ) no enfrentamento do Covid-19.

Para isso, a UWB tem convidado empresas, especialmente suas associadas, e o maior número possível de pessoas, para que também se engajem na campanha.

PESSOA FÍSICA: COMO AJUDAR

Todos podem participar, doando recursos que serão revertidos em cestas básicas entregues às famílias dos bairros mais suscetíveis ao contágio.

Doações para São Paulo

O movimento BR São Paulo é uma iniciativa de diversos grupos da sociedade civil para impedir uma crise humanitária em consequência do coronavírus no Estado, criando um Fundo Emergencial de Apoio à População Ameaçada pelo COVID-19, formado por recursos privados, realocados de maneira coordenada. Uma curadoria feita pelos responsáveis – pessoas que voluntariamente atuam nessa ação – compra e distribui produtos, de acordo com a demanda em cada momento.
Para participar, acesse o site https://www.uniaosp.org/ e siga o passo a passo.

Até agora, em São Paulo foram arrecadadas mais de 111 mil cestas básicas pelo movimento, realizado pelo Península e Renova BR, com o apoio das seguintes organizações:

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Doações para o Rio de Janeiro

O movimento independente União Rio é formado por pessoas e grupos da sociedade civil local comprometidos com o bem-estar das populações vulneráveis do Estado.

Os indivíduos podem ajudar as comunidades com recursos financeiros (recebidos pelo Instituo PHI) que serão utilizados para a compra de alimentos e itens de limpeza (negociados e adquiridos pelo Banco da Providência), distribuídos às famílias das comunidades mapeadas (papel do Instituto Ekloos).

No site do Movimento está o passo a passo para fazer a contribuição: http://www.movimentouniaorio.org

Até o momento, foram entregues a 17.200 famílias de 33 comunidades, 34 mil litros de produtos de limpeza, 137 toneladas de alimentos, graças a 1.329 doadores cujas contribuições somaram mais de R$ 1,1MM.

Depois de realizar sua doação, ajude a divulgar a inciativa, compartilhando nas suas redes sociais e enviando o link para amigos e familiares.

O movimento conta com a realização e o apoio destas organizações e empresas:

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Família que apoia família vence o coronavírus juntas!

Além contribuir com as inciativas voltada às pessoas de regiões mais suscetíveis ao vírus, a UWB também considera essencial o fortalecimento do trabalho de organizações sociais que atuam diretamente com populações em situação de vulnerabilidade, especialmente neste momento complexo em que os recursos estão escassos nessas instituições.

Por isso, também é parceira da plataforma aberta Família apoia Família, criada por organizações do Terceiro Setor, com o objetivo de doar insumos a ONGs que precisam de apoio para entregar cestas básicas aos seus beneficiários.

Qualquer pessoa que queira fazer diferença pode dar a sua contribuição. Basta acessar a plataforma da benfeitoria (https://benfeitoria.com/canal/familias) e seguir o passo a passo.

Você define qual organização quer ajudar, mas, se tiver dúvidas, sugerimos que doe à Fundação Julita, com quem a United Way Brasil já atuou.

Na página, você acompanha os avanços das doações gerais (recebidas por todas as ONGs participantes) e da instituição que você apoiou.

Até o momento, no total, foram arrecadados R$ 3.05 MM de 211 colaboradores.

É simples, rápido e transformador!

Acesse a plataforma, faça a sua parte e compartilhe com mais pessoas: https://benfeitoria.com/canal/familias

Esta iniciativa conta com as seguintes instituições:

Tela de celular com texto preto sobre fundo branco Descrição gerada automaticamente

RESULTADOS ATÉ O MOMENTO

A UWB conseguiu mobilizar diferentes instituições e corporações (com seus respectivos colaboradores) para que abracem a causa e façam suas doações. Já temos alguns resultados para comemorar:

Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal

Doação de 263 cestas básicas a famílias em situação vulnerável da região do Campo Limpo, em São Paulo.

Morgan Stanley

Engajamento dos seus colaboradores para doação na plataforma Família Apoia Família.

O-I

Campanha de engajamento com os colaboradores da empresa, para que doem em folha. A cada real doado pelo funcionário, a empresa doará mais um real. O recurso será destinado a cestas básicas para famílias de catadores de cooperativas.

P&G

Doação de 4 mil litros de shampoo, das marcas Pantene e Head&Shoulders, item essencial à higiene capilar no combate ao coronavírus, doados para a comunidade Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, onde está sediada uma das fábricas da empresa, além de recursos para a compra de cestas básicas que serão distribuídas em comunidades de São Paulo. Também estão realizando uma campanha para engajamento de seus colaboradores: a cada real doado em folha, a empresa fará uma doação de igual valor. Ao longo de três meses, esses recursos serão destinados à compra de cestas básicas para famílias de São Paulo e Rio de Janeiro.

PWC

Doação de recursos para aquisição de itens de higiene e de alimentação para populações em situação de risco em São Paulo e Rio de Janeiro. Campanha com seus colaboradores para doações em folha, com matching da empresa (a cada um real doado, a empresa doará um real)

Quando a oportunidade aparece, é preciso ter atitude!

Laércio Andrade Souza tinha 14 anos quando entrou para um programa da United Way Brasil. As aulas aconteciam na sede da PwC. As conversas com os profissionais de departamento pessoal abriram os horizontes do adolescente, que nasceu e viveu em uma comunidade, no bairro do Jardim Peri, em São Paulo. Filho de dona Cida, diarista, e o segundo entre cinco irmãos, o jovem se viu diante de uma oportunidade única: os que se destacassem no curso e na entrevista trabalhariam na PwC. Laércio foi um dos selecionados.

O seu salário ajudou a melhorar a situação financeira da família de seis pessoas. O programa também quebrou velhos paradigmas de que indivíduos em situação vulnerável não são capazes de vencer desafios e conquistar um espaço no mercado de trabalho. Laércio representa uma multidão de jovens que está provando o contrário. Hoje, aos 21 anos, atua no RH de outra empresa. Frequenta a faculdade de Gestão de Recursos Humanos e pretende cursar pós-graduação em Psicologia Organizacional. “O mundo é feito de oportunidades. A gente tem de aproveitá-las e agarrá-las com atitude”, afirma o jovem, que deixa seu recado: “As empresas precisam investir mais em iniciativas como essa, do Terceiro Setor. Dessa forma, é possível descobrir novos talentos”.

Nós concordamos com ele, e você?

No Dia Mundial da Saúde, vamos falar de primeira infância

Celebrado em 7 de abril, essa data coincide com a criação da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1948. Tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre a importância de manter corpo e mente saudáveis, além de focar em problemas que afetam o bem-estar da população mundial, discutindo prevenções e soluções.

Em tempos tão difíceis como o que a humanidade está vivendo agora, falar da saúde na primeira infância é essencial, já que os pequenos, embora menos afetados pela pandemia causada pelo Covid-19, normalmente são as principais vítimas de doenças que, por conta da falta de prevenção, acabam por impactar negativamente o seu desenvolvimento. Mas, afinal, o que significa ter saúde nos primeiros anos de vida? É cuidar da alimentação? Do crescimento? Do desenvolvimento motor? Das relações e vínculos?

Para conversar conosco sobre este importante tema, convidamos a especialista em saúde na primeira infância, Anna Maria Chiesa, Enfermeira, Professora Associada Sênior da Escola de Enfermagem da USP, Membro do Comitê Científico do Núcleo Ciência pela Infância e Consultora Técnica da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.

United Way Brasil – Anna, por que ter uma data que ressalte a importância da saúde da população do mundo?

Anna Chiesa – Celebrar o Dia Mundial da Saúde é sempre muito importante, especialmente no atual momento em que estamos atravessando a pandemia da COVID-19. Primeiramente é preciso pensar que a saúde vai muito além da ausência de doenças, configurando-se em um resultado das formas de exposição aos riscos e processos de proteção, tanto na vida privada como nos ambientes sociais. Inclui o acesso a bens, serviços, informações e, fundamentalmente, aos processos cotidianos de cuidado.

UWB – Mas nos primeiros anos de vida, as crianças estão sempre muito expostas, não é? Dependem de outros para que tenham garantia à saúde. O que tem sido feito por elas?

Anna Chiesa – A primeira infância, período que vai até os seis anos de idade, se caracteriza pela grande dependência de cuidados (alimentação, higiene, interação, proteção, prevenção), que diminui progressivamente à medida que a criança fica mais independente e autônoma. Historicamente, as ações de saúde para a população infantil sempre estiveram mais voltadas para a redução da mortalidade. No Brasil, alcançamos muitos avanços na melhoria do saneamento básico, no acesso às vacinas e programas de prevenção e promoção da saúde (pré-natal e parto seguros, puericultura – as consultas de rotina das crianças menores de dois anos com o pediatra –, incentivo à amamentação, diagnóstico e tratamento das doenças típicas da infância, distribuição de medicamentos, distribuição da caderneta de saúde da criança).

Desde o final dos anos 1990, no entanto, o desafio de garantir a sobrevivência infantil envolveu também a importância de se promover o cuidado amoroso e responsivo para assegurar o pleno desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças.

UWB – Por que essa mudança se deu nos anos 1990?

Anna Chiesa – Porque tivemos várias descobertas das pesquisas e dos estudos da neurociência (que estuda o cérebro, o sistema nervoso e suas funcionalidades) e epigenética (que analisa o que impacta o desenvolvimento das pessoas, como o meio em que vive, a cultura etc.). Eles apontam que, nesse período, também chamado de “janelas de oportunidades”, o bebê até três anos tem potência para realizar um milhão de sinapses neuronais (que ligam os neurônios no cérebro para que ele funcione plenamente) por segundo e até os seis anos a criança já tem 90% do seu potencial cerebral desenvolvido.

UWB – Ou seja, é uma fase única que, se perdida, não volta mais na mesma potência, não é?

Anna Chiesa – Exatamente. Portanto, no Dia Mundial da Saúde, vale lembrar que investir na promoção do desenvolvimento infantil é construir uma sociedade mais justa, com maior igualdade de oportunidades.

A United Way Brasil tem como um de seus campos de atuação a primeira infância, justamente por entender que essa faz é essencial à vida presente e futura de todos os indivíduos. Por isso, implementa o programa Crescer Aprendendo em territórios mais vulneráveis, apoiando as famílias com conhecimento e práticas sobre os primeiros anos de vida para que possam contribuir ativamente ao pleno desenvolvimento de suas crianças.

Desde 2017, o programa benficiou mais de 2 mil famílas de cerca de 15 CEIs/EMEIs.

Impacto Coletivo: uma estratégia ampla, efetiva e solidária

O conceito impacto coletivo é relativamente novo no Brasil, onde o tema começou a ser falado por volta de 2011. No entanto, em outros países, essa estratégia social é mais antiga e tem trazido bons resultados.

O ecossistema que dá origem ao conceito é formado por um parceiro âncora que mapeia o que está acontecendo em um território vulnerável. Depois, identifica uma causa relevante pela qual irá atuar. Com informações coletada e caminhos possíveis a seguir, sensibiliza e convoca stakeholders (interessados na causa) das diferentes áreas para que façam parte dessa rede. Juntos pensam em soluções sustentáveis que superem os desafios enfrentados pela causa, desde os recursos que precisarão investir e atores envolvidos nas iniciativas até metodologias que podem ser adotadas para que as ações se concretizem efetivamente, trazendo os resultados esperados.

Atuando no mundo há mais de 130 anos, a United Way tem no impacto coletivo a base de seus projetos. No Brasil, o conceito ainda está em construção. O que se tem muito presente é o investimento coletivo, ou seja, empresas e organizações que aportam recursos em projetos e programas sociais para beneficiar públicos vulneráveis, iniciativa de extrema importância.

No entanto, para 2020, a United Way pretende ir além e ampliar o conceito de impacto coletivo no país, por meio de iniciativas que envolvam uma cadeia de atores para que as transformações sociais sejam mais amplas e efetivas e contribuam à construção de uma sociedade melhor, com foco nos jovens (a causa), um dos públicos beneficiados pelos projetos da United Way Brasil (o parceiro âncora).

Por isso, continue seguindo nossas redes para ficar por dentro das novidades e, quem sabe, compor esse movimento que fará diferença na juventude brasileira.

Os jovens e a crise no mercado de trabalho

No século 21, o contingente de jovens é o maior que o Brasil já teve e terá, segundo as projeções de especialistas. Resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua-2019), realizada pelo IBGE, indicou que há 47,3 milhões de brasileiros com 15 a 29 anos. No entanto, é entre eles que as desigualdades de renda aumentaram nos últimos cinco anos, fase marcada pela profunda crise econômica.

Preparar os jovens para o mercado profissional é um dos focos de atuação da United Way Brasil. O cenário é preocupante e exige atenção de todos nós.

O estudo “Juventude e Trabalho: Qual foi o Impacto da Crise na Renda dos Jovens? E nos Nem-Nem?”, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (2019), mostra que, enquanto outros públicos tradicionalmente excluídos (analfabetos, negros e moradores do Norte e Nordeste) sofreram perda de renda duas vezes maior que a média geral, na juventude o problema é mais grave. Para cidadãos de 20 a 24 anos, esse dano é 5 vezes maior que a média brasileira. Entre os jovens adolescentes, a perda é 7 vezes maior que a média.

Os fatores que influenciaram esse quadro entre os jovens são o aumento de desemprego, a redução de jornada de trabalho e a queda do salário por hora/ano de estudo.

Há ainda 26,2% que não trabalham, nem estudam. Segundo o IBGE (Pnad Contínua-2019), boa parte desses jovens tende a desenvolver outras atividades, como cuidar dos afazeres domésticos e de familiares. Os índices entre gêneros revelam mais um grande degrau de exclusão e desigualdade: 24,2% das mulheres desse grupo não frequentam a escola ou outro curso porque têm de se dedicar aos serviços de casa. Entre os homens jovens, esse problema atinge apenas 0,7%.

Ao pensar que a força jovem produtiva está em crise, e que ela é o capital humano do país, refletir sobre ações e iniciativas que possam mudar esse cenário é uma urgência social.

A realidade na cidade de São Paulo

Com o 10º Produto Interno Bruto (PIB) maior do mundo, o principal centro financeiro, corporativo e mercantil da América Latina abriga uma população de 12 milhões de habitantes, sendo 3 milhões (um quarto do total) composto por jovens de 15 a 24 anos (Seade-2013).

Na metrópole, no biênio 2017-2018 (Seade), 13,6% de jovens estudavam e estavam desocupados, 7,2% não estudavam, nem trabalhavam, nem cuidavam dos afazeres domésticos; e 1,1% só se dedicava ao trabalho doméstico.

Dividida em 96 distritos, a cidade de São Paulo possui diferentes abordagens de institutos e organizações que mapeiam, por meio de estudos e pesquisas, a realidade dos jovens nos seus diferentes territórios, ou seja, há dados e ferramentas que podem indicar onde problemas como desemprego e vulnerabilidade, por exemplo, são mais ou são menos agudos. Ao mesmo tempo, também possui informações que apontam oportunidades econômicas e de empreendedorismo, negócios sociais e inclusão produtiva.

Com tanta riqueza de dados, é possível se pensar em iniciativas para trabalhar com diagnósticos, embasar estratégias, monitorar, avaliar, aumentando as chances de sucesso de ações que visem oferecer condições de empregabilidade aos jovens da cidade, especialmente os que se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Paralelamente a isso, cada vez mais as empresas têm se dedicado a entender a realidade da juventude paulistana com o objetivo de criar caminhos para prepará-la ao competitivo mundo do trabalho.

Eixos de atuação e empregabilidade dos jovens

Mas por onde começar? Esta pergunta tem algumas respostas no Plano Nacional de Trabalho Decente para Juventude, criado em 2012. O plano indicou quatro eixos estruturantes na elaboração das ações focadas nos jovens.

O primeiro aponta a necessidade de mais e melhor educação. O currículo para o Ensino Médio passou por reformulações. Resta agora o desafio de levar a teoria para a sala de aula, com práticas que não só atraiam os jovens para que permaneçam na escola, como também ofereçam conhecimentos que os preparem, de fato, para a vida.

O segundo eixo é a conciliação entre estudos, trabalho e vida pessoal, um aspecto que necessita de um olhar cuidadoso em uma metrópole como São Paulo, onde as desigualdades sociais e econômicas convivem lado a lado. Criar ações que atendam diferentes realidades é, sem dúvida, um desafio que precisa ser enfrentado.

O terceiro eixo fala da inserção ativa e digna no mundo do trabalho com igualdade de oportunidades e tratamento, aspecto que exige muita reflexão, especialmente quando nos deparamos com a informalidade como saída para sobreviver à presente crise econômica.

Por fim, o quarto eixo aponta a importância do diálogo social. Na cidade (e em muitos pontos do país), não temos um fórum que discuta o tema com os diversos atores responsáveis pela geração de oportunidades econômicas. Para começar, muitos deles nem se reconhecem como tal. Falta um plano articulado e estratégico que una os diferentes atores para que, juntos, possamos pensar em soluções de inclusão produtiva dos jovens mais vulneráveis, na capital do Estado.

A United Way Brasil, que atua com juventude e trabalho, por meio do programa Competências para a Vida, convida mais empresas e organizações a abraçar o desafio de criar novas oportunidades aos jovens, preparando, também, o caminho para crianças que, muito em breve, estarão nessa etapa da vida. Então, vamos juntos?

Apoie a primeira infância com o seu IR

Os primeiros anos de vida são fundamentais para a formação do ser humano. A sua contribuição pode fazer diferença na realidade de muitas crianças.

Está na hora de fazer a declaração do Imposto de Renda, por isso, temos uma sugestão para você: que tal direcionar parte do seu IR a um programa que apoia o desenvolvimento integral de crianças em situação vulnerável?

Doações realizadas ao longo de 2019 chegariam a 6%, mas ainda dá tempo de colaborar! Entre março e abril você pode direcionar até 3% do IRPF 2020 para o programa Crescer Aprendendo, da United Way Brasil, voltado à primeira infância. Existem apenas duas condições para se tornar um doador: ser pessoa física e usar o modelo de declaração completa.

Essa forma de contribuir é pouco conhecida pelo público brasileiro, o que se traduz em baixos números de doações. Segundo dados da Receita Federal, em 2016, por exemplo, dos R$ 8 bilhões destinados às leis de incentivo, apenas R$ 154 milhões foram efetivamente repassados aos projetos sociais. Então, por que não transformar uma obrigação em um ato de cidadania?

Por que doar para um programa voltado à infância?

Uma das áreas de atuação da United Way Brasil (UWB) é a primeira infância (0 a 6 anos) e essa priorização tem razão de ser. Nessa fase, o cérebro humano está apto a fazer um número de sinapses muito maior do que qualquer outro período da existência humana, chegando a 1 milhão de conexões por segundo! Mas, para isso acontecer, é preciso garantir ambientes e relações saudáveis, além de estímulos adequados, especialmente às crianças que vivem em situação de vulnerabilidade social e econômica. Por isso, a UWB desenvolve o programa Crescer Aprendendo, na região de Campo Limpo, em São Paulo, atendendo 2 mil crianças. Mas queremos fazer mais – e você pode nos ajudar!

Além de contar com a seriedade da UWB, que atua em 41 países e territórios há mais de 130 anos, você irá acompanhar os resultados de sua doação, por meio de relatórios de prestação de contas, garantindo transparência em todo o processo.

O passo a passo de como fazer

A doação é simples e rápida. Ao finalizar a sua declaração na versão completa, clique em Resumo da Declaração e em Doações Diretamente na Declaração-ECA. Escolha São Paulo, na seleção do Estado. Tanto CNPJ quanto o valor para doar vão aparecer automaticamente na página. Selecione o valor que quer destinar ao Crescer Aprendendo. Imprima o darf e pague até 30 de abril. Por fim, a parte mais importante: envie o DARF e o comprovante de pagamento para o CONDECA com a mensagem que deixamos neste tutorial, com todos os detalhes da doação: bit.ly/IR-UWB

Agradecemos por ser nosso parceiro na causa da primeira infância!

United Way Brasil contrata Coordenador Administrativo e Financeiro

A United Way Brasil, organização não governamental localizada em São Paulo, está buscando um profissional para atuar como Coordenador da área Administrativa e Financeira. O escritório da organização fica na Avenida Chucri Zaidan, número 940, 16º andar.

Posição: Coordenador Administrativo e Financeiro

Reporte: ​Diretoria Executiva

Data de início: setembro de 2018

Resumo geral: Sob a supervisão da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal da instituição, esta posição coordena os recursos financeiros, administrativos e humanos de toda a organização.

Principais Responsabilidades desta posição:

Liderar as finanças, contabilidade, planejamento financeiro, processos administrativos e de recursos humanos da instituição, a saber:

  • Supervisionar as estratégias de Finanças e Administração que garantirão que as metas e os objetivos organizacionais sejam atendidos com ênfase especial na responsabilidade financeira.
  • Liderar a organização na elaboração do orçamento operacional anual.
  • Elaborar rotineiramente as previsões de fluxo de caixa e monitorar o desempenho real em relação à previsão.
  • Supervisionar o portfólio de investimentos.
  • Garantir os relatórios financeiros de acordo com a periodicidade ajustada pelo Conselho Fiscal.
  • Planejar e supervisionar a conclusão da auditoria anual independente.
  • Supervisionar e gerenciar a divisão de recursos humanos.
  • Servir como membro da equipe de liderança sênior.
  • Executar outras tarefas relacionadas ao trabalho, conforme designado.

Requisitos:

Mínimo de 3-4 anos de experiência em gestão financeira e contabilidade.

Bacharel exigido nas áreas de administração de empresas e/ou Contabilidade. Experiência no terceiro setor desejável.

Inglês obrigatório.

Habilidades técnicas em:

  • Gestão orçamentária e fiscal.
  • Análise de fluxo de caixa e projeção de caixa.
  • Sistemas de TI, hardware, bases de dados e aplicativos.
  • Determinação de políticas financeiras estratégicas.
  • Trabalhar colaborativamente em questões organizacionais, financeiras ou tecnológicas.
  • Desenvolver e liderar uma equipe focada e de alto desempenho. A área conta com uma analista financeira na equipe.

Condições de Contratação:

Contratação em regime CLT, com salário compatível com o mercado e experiência demonstrada.

Benefícios: Plano de Saúde e Vale Refeição.

A United Way Brasil está comprometida em proporcionar igualdade de oportunidades nas suas políticas, práticas e procedimentos de emprego.

Se você ficou interessado pela United Way e acredita que tem o perfil para essa vaga, encaminhe o seu CV com uma carta de apresentação até 10/08 para gabriella@uwb.org.br