Parceria com Fundação Lenovo promove a inclusão de jovens e universitários de escolas públicas no universo STEAM

As profissões do futuro são um desafio presente. Com os avanços da tecnologia, o mercado de trabalho tem vivenciado a falta de mão de obra especializada para postos que exigem habilidades tecnológicas apuradas. Somente no setor de TI, o Brasil terá 530 mil vagas de trabalho até 2025 não preenchidas, de acordo com Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom). Ações que inspirem e preparem jovens para ocuparem esses lugares no curto e médio prazo são urgentes e essenciais.

Pensando nisso, a United Way Brasil se uniu à Fundação Lenovo, braço de filantropia da fabricante, e ao Social Brasilis para proporcionar uma aprendizagem diferenciada, rumo ao futuro. Por meio do Programa Juventudes STEAM, 101 jovens de escolas públicas e cerca de 40 alunos e professores universitários das cidades de Fortaleza e Itapipoca, ambas no Ceará, estão desenvolvendo habilidades 4.0 e competências digitais para fortalecer conceitos como cidadania e visão crítica com o objetivo de construir soluções para problemas cotidianos. 

O projeto usa a Ciência, a Tecnologia, as Engenharias, a Arte e a Matemática (STEAM- Science, Technology, Engineering, Art, Mathematics) nesse processo de construção, sendo a Arte uma importante aliada dos conceitos exatos e racionais para potencializar as competências socioemocionais, como o pensamento cognitivo, criativo e prático, fomentando um olhar integral sobre as juventudes. 

Para Alice Damasceno, Head de Filantropia da América Latina da Fundação Lenovo, a combinação de educação em STEAM com desenvolvimento de habilidades socioemocionais é importante para empoderar os jovens a irem além. “Investir na educação de qualidade para jovens é investir no futuro, e isso não se restringe à qualificação técnica. Os estudantes de hoje serão as pessoas que amanhã resolverão os nossos problemas mais urgentes, contribuindo para o crescimento cultural, econômico, científico e social da sociedade”, afirma.

Outro aspecto importante do projeto é a utilização de resíduos sólidos para a construção de soluções, reforçando a importância da consciência ambiental como um aspecto inerente à formação de cidadãos responsáveis pela sustentabilidade do planeta. 

O projeto está em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que orienta a importância de as escolas apoiarem os estudantes no desenho de seus projetos de vida. Nesta edição do Programa Juventudes STEAM, um time de 34      colaboradores da Lenovo Brasil assumiu o papel de mentores dos estudantes para orientá-los no seu projeto de vida e nos desafios técnicos com os trabalhos a serem desenvolvidos a partir da metodologia STEAM.     

“Percebi que eles agora têm uma nova perspectiva sobre educação, confiança na sua capacidade de alcançar objetivos e sonhos. Mal posso esperar para participar novamente e expandir cada vez mais o acesso a novas perspectivas através da educação”, comentou Pedro Augusto de Carvalho, mentor voluntário e colaborador da Motorola Product Marketing Manager.

A mentora voluntária Ana Luisa Florêncio, Gerente de Desenvolvimento de Software da Motorola, afirma que “o processo de mentoria é sempre muito importante para ajudar a moldar e acelerar o nosso desenvolvimento profissional e pessoal. Para mim, ser uma mentora nesse programa é muito gratificante, pois posso usar meu tempo e minha experiência para auxiliar adolescentes na definição dos seus projetos de vida, e ainda consigo aprender muito com as diferentes perspectivas de cada participante.” 

Aprendizagem mão na massa

Para desenvolver as habilidades pretendidas, o programa propõe aos jovens e seus professores desenhar um protótipo para solucionar um problema social enfrentado pela comunidade escolar e/ou pelo território. Durante essa construção, os jovens utilizam o pensar crítico, o trabalho em equipe, a oratória (pitch), especialmente quando apresentam o protótipo para uma banca de mentores-avaliadores. Depois dessa etapa, os participantes podem ser encaminhados para formações complementares, programas de aceleração e outras atividades importantes à sua formação integral. 

Dentre alguns protótipos que já foram pensados a partir do STEAM, estão soluções para a falta de acesso à água encanada e ao saneamento básico, problemas que impedem a aprendizagem na escola (infraestrutura, por exemplo), saídas para manejo do solo, opções para ampliar ofertas de trabalho e renda, dentre outros.  

Equidade de gênero como foco

A iniciativa tem também o objetivo de despertar nas jovens mulheres o interesse pelas carreiras STEAM, buscando ampliar a participação delas em postos de trabalho, comumente ocupados pelos homens. Na turma de Fortaleza, com 41 jovens, 33 são mulheres, todas interessadas e com vontade de aprender e progredir.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as mulheres representam, nas universidades, apenas 35% dos estudantes matriculados em STEAM. O porcentual é ainda menor nas engenharias de produção, civil e industrial, e em tecnologia: não chega a 28% do total. Já se sabe que a equidade de gêneros nas carreiras STEAM pode trazer mais equilíbrio, criatividade, inovação e crescimento para a humanidade.

Ágata, estudante da EEEP Comendador Miguel Gurgel, de Fortaleza (CE) está empolgada com o programa: “Na primeira aula eu já gostei muito e achei interessante esse mundo novo, da robótica, que é e será bastante utilizada, especialmente no futuro. O programa ajuda alunos e professores a se integrarem nesse novo mundo.”

A iniciativa vai ao encontro dos objetivos da UWB para investir na potência das novas gerações de brasileiros, apoiando soluções inovadoras que favoreçam a inclusão e diversidade das juventudes em contextos até então excludentes. É dessa forma, e ao lado de instituições e empresas parceiras, que iremos avançar como sociedade e como país.

Sobre a Lenovo  

A Lenovo (HKSE: 992) (ADR: LNVGY) é uma gigante global de tecnologia, classificada em 171º lugar na Fortune Global 500 com receita de US$ 70 bilhões, com 75 mil funcionários em todo o mundo, atendendo milhões de clientes em 180 mercados em todo o mundo. Focada em uma visão ousada para oferecer tecnologia mais inteligente para todos, a Lenovo construiu seu sucesso como maior player de PCs do mundo, expandindo-se para novas áreas-chave de crescimento incluindo armazenamento, mobile, servidores, soluções e serviços. Essa transformação em conjunto com a inovação de mudança de mundo da Lenovo está construindo uma sociedade digital mais inclusiva, confiável e sustentável para todos, em todos os lugares. Para saber mais, visite o site da Lenovo e leia sobre as últimas notícias no StoryHub.

Infância: o início de tudo e de uma sociedade mais justa

Saiba: todo mundo teve infância/Maomé já foi criança/ Arquimedes, Buda, Galileu/ E, também, você e eu

(“Saiba”, de Arnaldo Antunes)

Para celebrar o Dia da Infância, em 24 de agosto, queremos compartilhar com você algumas reflexões. Como você sabe, a primeira infância (0 a 6 anos) é causa prioritária da UWB. E essa escolha não foi por acaso. Acreditamos na importância crucial dos primeiros anos de vida para a formação do ser humano, com base em inúmeras evidências científicas. Em síntese, o que experimentamos e presenciamos nos seis primeiros anos de vida influenciam – e muito – o adulto que nos tornamos.

É interessante observar que a maioria das pessoas se sensibiliza diante de um bebê, de uma criança. O coração é preenchido de ternura, de esperança quando convivemos com os pequenos. No entanto, a realidade social brasileira não reflete esse sentimento, que deveria proteger e garantir a cada criança, independentemente de sua condição, o direito a se desenvolver plenamente.

Há 20,6 milhões de crianças de 0 a 6 anos no Brasil, mas 42% da população, que convive com crianças nessa faixa etária, vive em domicílios sem saneamento básico completo, ou seja, com rede de água, de esgoto e coleta de lixo; 15,1% não têm rede de água e 35,7% não têm rede de esgoto (Pnad 2017 – IBGE).

Mais de 18 milhões de crianças e adolescentes (34,3% do total da população) moram em domicílios com renda per capita insuficiente para adquirir cesta básica de bens; 61% vivem na pobreza (Pobreza na infância e Adolescência, Unicef).

Só em 2018 foram notificados mais de 30 mil casos de violência contra crianças de 0 a 4 anos, segundo o Datapedia.info.

Diante desses índices, que são alguns exemplos de um desafio bem maior, ficam as perguntas: o que estamos fazendo para que essa realidade mude? Como esse cenário vai impactar a sustentabilidade social e o futuro das novas gerações de brasileiros? Se você se incomodou com o que leu até aqui, talvez tenha interesse em fazer diferente e apoiar ações que tragam mudanças e avanços para a vida de crianças em situação de vulnerabilidade social.

Soluções colaborativas para gerar impacto social

Na UWB, trabalhamos em rede. No caso da primeira infância, ao lado do poder público (secretarias de educação e escolas), de empresas e de organizações da sociedade civil, implementamos o Programa Crescer Aprendendo, cujo diferencial é cuidar de quem cuida, ou seja, oferecer a mães, pais e responsáveis pela criança um suporte formativo e psicológico a fim de que possam conduzir a educação e os cuidados com os pequenos com mais propriedade. Também articulamos com parceiros apoio à segurança alimentar, já que a pobreza, alargada pela pandemia, trouxe a fome com ela.

Outra frente de atuação é com foco nas corporações para que ofereçam aos seus colaboradores, com filhos e netos na primeira infância, benefícios que impactem positivamente a parentalidade e favoreçam ambientes e vínculos saudáveis para o convívio familiar. Por isso, mantemos a plataforma Guia de Primeira Infância para Empresas, com mais de 600 ações implementadas por companhias de diferentes portes e áreas, para que outras se inspirem e, também, adotem políticas de primeira infância em suas plantas e escritórios. Uma oportunidade e tanto para a sua empresa fazer a diferença.

Quem cuida da criança cuida de uma geração inteira, fortalecendo a sociedade para que possa avançar com mais equidade e oportunidades dignas a todos os adultos do futuro que, hoje, ainda estão engatinhando, começando a falar, escrevendo as primeiras palavras, descobrindo o mundo.

No Dia da Infância, e em qualquer tempo, você pode homenagear a criança que você foi e apoiar tantas outras para que acessem o direito ao pleno desenvolvimento. Entre para a Rede de Anjos da UWB. Juntos vamos fazer muito mais pela primeira infância brasileira: https://uwb.esolidar.com/pt

Crescer Aprendendo e Rede Conhecimento Social se unem para avaliar mudança de comportamento nas famílias do Ceará

O Programa Crescer Aprendendo, da UWB, entra em uma nova etapa. Implementado em diferentes cidades do País, há mais de cinco anos, desde 2021 é uma das ações da Coalizão Ceará, união de esforços multissetoriais em favor da primeira infância, que reúne o Programa Mais Infância Ceará, as fundações Maria Cecilia Souto VidigalBernard van LeerPorticus e a UWB, com o apoio da Secretaria da Educação do Estado, por meio da Coordenadoria de Educação e Promoção Social.

O objetivo do programa é promover o pleno desenvolvimento infantil, especialmente nos seis primeiros anos de vida, uma das fases mais importantes do desenvolvimento humano. A ciência aponta que as relações parentais saudáveis estão dentre os principais fatores que propiciam o bem-estar integral da criança. Este é o foco do Crescer Aprendendo: apoiar pais e cuidadores a fim de que estabeleçam e/ou fortaleçam vínculos positivos com suas filhas e seus filhos.

Para que isso aconteça, as ações do programa visam informar as famílias, especialmente as que vivem em situação de vulnerabilidade social, sobre temas relacionados aos primeiros anos de vida e orientá-las sobre como aplicá-los no dia a dia,.

Em 2021, as famílias vinculadas às escolas cearenses de educação infantil, parceiras do programa, receberam formação por meio do WhatsApp, considerando o contexto da pandemia.

Durante o ano, foram feitas pesquisas internas, pela equipe técnica do programa, que mostraram mudança de comportamento nas famílias participantes. Essa indicação levou a UWB a pensar na sistematização do Crescer Aprendendo para compartilhar a metodologia, com o objetivo de gerar escala e compor políticas públicas de outras cidades e estados, a partir do modelo aplicado no Ceará.

Mas ainda faltava um componente essencial nessa equação de disseminação do programa: uma avaliação externa robusta, realizada por uma organização referência, que pudesse avaliar se, de fato, o programa promoveu mudança de comportamento nas famílias. Por isso, a UWB escolheu a Rede Conhecimento Social (ReCoS) para realizar essa tarefa.

A organização já havia feito um trabalho semelhante com outro programa da UWB, o Competência para a Vida (focado nas juventudes) E uma das características que pesou nessa escolha é a metodologia utilizada pela ReCoS: a construção participativa dos instrumentais e da análise da pesquisa.

Avanços na parentalidade positiva e nas articulações com os municípios

Usando abordagens quantitativa e qualitativa, a avaliação realizada pela ReCoS foi dirigida à edição 2021, em cinco dos nove municípios cearenses trabalhados pelo programa, e realizada em parceria com as famílias, secretarias de educação e educadores das escolas públicas, revelando um cenário bastante promissor ao programa.

Por um lado, os resultados demonstram boa articulação territorial com as secretarias de educação, contribuindo com a formação de educadores, com atualização de conceitos e aprimoramento metodológico e facilitação do trabalho durante o período da pandemia. Por outro lado, as famílias apresentaram bom engajamento com o processo formativo, um maior fortalecimento dos seus vínculos com a escola e uma tendência de aumento da participação no aprendizado da criança: nove a cada dez famílias viram melhora nas práticas de cuidadocom as crianças depois da formação.

A formação a distância e em formato digital foi uma estratégia importante para apoiar as famílias e os educadores no período de distanciamento social. A avaliação demonstra tendências de mudança positiva das práticas de cuidado com as crianças por parte de seus responsáveis. Importante ressaltar a relevância da continuidade das ações para que as conquistas alcançadas sejam consolidadas em mudanças de longo prazo no comportamento.

Com os resultados da avaliação do Crescer Aprendendo edição digital no Ceará (2021), é possível aprimorar as estratégias de atuação do programa, vislumbrando novas implementações em outros territórios, tal como a formação híbrida posta em curso em 2022.

Por isso, a equipe da UWB está organizando estratégias para disseminar a metodologia em todos os cantos do País, com o objetivo de fortalecer a parentalidade positiva para garantir um melhor desenvolvimento infantil à primeira infância brasileira.

(Artigo escrito pelas equipes da ReCoS e da UWB)

“As ações que realizamos para os pais estão vinculadas à estratégia de equidade de gênero”

Nesta entrevista com João Paulo Camarinha Figueira, Gerente de Desenvolvimento Sustentável da Special Dog, empresa que compõe o Comitê de Fomento do Guia de Primeira Infância para Empresas, da UWB, o tema são as ações realizadas para fortalecer a paternidade ativa dos colaboradores da corporação. As iniciativas pretendem impactar positivamente o desenvolvimento infantil de filhas e filhos para promover uma primeira infância saudável. Confira!

United Way Brasil – A Special Dog sempre teve todo um cuidado com a primeira infância, por isso, também realiza ações para os papais. Como isso acontece?

João Paulo – As ações que realizamos com os pais estão vinculadas à estratégia de equidade de gênero nas equipes. Por exemplo, uma de nossas metas, até 2025, é ter pelo menos 30% de mulheres nos cargos de alta liderança da empresa. Hoje esse índice é de 23,3%. Acreditamos que focar só no empoderamento das mulheres não resolva a questão na velocidade necessária. Precisamos envolver os homens para alcançar o êxito esperado. Sabemos que muitas mulheres não conseguem avançar nas suas carreiras porque não têm apoio das corporações, nem dos parceiros. Nós possuímos um amplo programa para ajudá-las a se fortalecerem como mães e profissionais. E implementamos ações para que os parceiros tenham a consciência de seus papeis nisso tudo, dando-lhes também suporte para que exerçam uma paternidade presente e ativa. As boas consequências dessa política recaem no bem-estar de filhas e filhos, colaborando para um bom desenvolvimento infantil.

UWB – Na prática, quais iniciativas vocês implementaram como parte da política de primeira infância da empresa, com foco nos pais?

JP – Mais recentemente, criamos uma roda de conversa – o #ElesporNós. A empresa tem 1.450 colaboradores, sendo que 85% são homens, ou seja, um público muito significativo que precisa ser acolhido para dialogar sobre masculinidades. Isso inclui o sentido da paternidade. Estamos testando esse modelo com um grupo menor e a primeira reunião foi um sucesso. Compartilhamos o documentário “O silêncio dos homens”, da Plataforma Papo de Homem, o que gerou muito debate. Fiquei surpreso com a participação e as contribuições dos envolvidos na experiência. Queremos ampliar essa prática. O grupo de mulheres existe há mais tempo. Então, é hora de envolver os homens nesses debates.

UWB – Vocês têm um programa de formação e orientação para pais como têm para mães?

JP – Sim. Antes a gente tinha só o das mães, mas vimos a necessidade de incluir os pais, muitos deles de primeira viagem. Então, grande parte dos benefícios que elas recebem, eles recebem também. Informações sobre nutrição, cuidados com os bebês, a importância das vacinas e das visitas ao pediatra, o pós-parto (puerpério)… Enfim, eles acessam todos os temas essenciais, da gestação à criação de suas crianças, especialmente na fase da primeira infância. A gente oferece a licença-paternidade de 20 dias com a condição de que eles façam parte desse programa. Os pais também recebem o kit maternidade, com mais de 60 produtos para seus bebês, como cobertores, banheira, mordedor… um benefício que apoia especialmente as famílias em situação econômica menos favorável. No Dia dos Pais, sempre proporcionamos uma programação diferenciada. Já promovemos diálogos com os movimentos Filhos do Currículo, 4Daddy, Papo de Homem e este ano traremos o pessoal do MEMOH para falar sobre masculinidade e a relação pai e filhos.

UWB – E para além dos colaboradores da empresa? Vocês têm ações voltadas à comunidade do entorno?

JPPrezamos muito que as ações da empresa repercutam positivamente sobre a comunidade. Então, criamos um Centro Cultural em Santa Cruz do Rio Pardo, SP. Lá oferecemos diversos cursos e oficinas gratuitos para que mães, pais, avós possam acessar conhecimento e práticas que os apoiem na geração de renda – é o caso, por exemplo, dos cursos de corte e costura, artesanato e culinária. As crianças de 3 a 6 anos também podem participar da experiência de musicalização, especialmente pensada para elas, e seguir na área musical através dos instrumentos e canto coral. Além disso, apoiamos o Programa Na Mão Certa, da Childhood Brasil, envolvendo nossos mais de 400 motoristas e ajudantes, muitos deles pais, que viajam pelo Brasil. O programa é uma ampla ação que combate a exploração e o abuso sexual infantil nas estradas do País, convocando e preparando caminhoneiros para serem agentes de proteção dos direitos de crianças e adolescentes.

UWB – Na sua opinião, qual a importância do Guia de Primeira Infância para Empresas, realizado pela UWB e parceiros, que reúne mais de 600 iniciativas que podem ser implementadas em diferentes corporações para promover uma primeira infância saudável?

JP – Quem dera a Special Dog tivesse acesso a um guia robusto como este há 20 anos, quando iniciou suas atividades e priorizou a infância como pilar de responsabilidade social. Com certeza teríamos avançado com ainda mais consistência e velocidade. Sabemos que temos muito a fazer para garantir os direitos de crianças de 0 a 6 anos. Mas o guia é um ponto de partida importante para que empresas de todos os portes e áreas, que desejem priorizar essa pauta, possam iniciar com um plano bem estruturado e eficiente. Para isso, é preciso entender que investir na primeira infância é permitir que todos os estímulos e interações necessários sejam ofertados para que a criança aproveite todo o seu potencial e que se desenvolva para se tornar o adulto saudável que nossa sociedade tanto precisa. Por isso, meu conselho às corporações é que conheçam o guia, definam suas prioridades e atuem. Dessa forma, criamos um ciclo virtuoso onde todos ganham – mães, pais e filhos, os negócios da empresa, a comunidade e a sociedade em geral. A satisfação que sinto, enquanto pai, de trabalhar em uma empresa que se engaja e inspira sua gente a fazer o mesmo pelas crianças, é enorme. Muito orgulho e gratidão envolvidos.

Comitê de empresas coloca a primeira infância como pauta prioritária nas corporações

A ciência tem dados e evidências contundentes sobre a importância de a criança, de 0 a 6 anos, vivenciar vínculos saudáveis e experimentar ambientes amigáveis, que a acolham e a ajudem a se desenvolver plenamente, com afeto, muito brincar, trocas positivas, direitos garantidos e condições financeiras que favoreçam o acesso a bens essenciais à sua existência.

Os economistas também concordam que a primeira infância é determinante para o bem-estar coletivo, em todos os níveis. O Prêmio Nobel norte-americano James Heckman ressalta que o retorno sobre o investimento realizado nos seis primeiros anos de vida pode ser de 7% a 10% ao ano, porque gera o aumento da escolaridade e a qualificação da performance profissional de indivíduos que receberam apoio durante essa fase inicial da vida. Também diminui índices de violência e quebra ciclos geracionais de pobreza.

Sabemos que, no Brasil, o setor privado emprega cerca de 50% das famílias com crianças de 0 a 5 anos (Pnad, 2020). Por isso, é essencial que o ecossistema corporativo olhe para a causa da primeira infância, porque os retornos sociais são imensos, além de trazer ganhos às corporações, como mais produtividade, menos demissões e credibilidade junto à cadeia de valor. Não é à toa que a primeira infância é considerada uma pauta transversal para apoiar o avanço da agenda ESG nas corporações.

Comitê com empresas-referência quer fomentar a causa

A UWB lançou, em 2021, O Guia de Primeira Infância para Empresas com o objetivo de compartilhar e facilitar o acesso das companhias a mais de 600 iniciativas que beneficiam pais, mães, filhos e filhas, de 0 a 6 anos. O guia também é um espaço de trocas, já que permite às empresas que apresentem suas ações para inspirar políticas internas de primeira infância aos seus pares. Atualmente, mais de 400 corporações estão cadastradas no guia.

Para trabalhar a pauta ativamente no ecossistema corporativo, foi criado um Comitê de Fomento para a Primeira Infância, com representantes das áreas de RH e Sustentabilidade Social da FEMSA, Lear, Special Dog eTakeda junto à UWB e ao Great Place to Work (GPTW).

As empresas do comitê já vivenciam experiências bem-sucedidas na área de primeira infância, reconhecidas por premiações, como a da GPTW, na categoria Atenção à Primeira Infância, do prêmio Melhores Empresas para Trabalhar, sendo que parte delas contribuiu à construção do guia, desde o início. 

O Comitê tem uma agenda específica para trabalhar pela causa e se tornar referência em políticas de primeira infância. 

Um dos pontos dessa agenda é a realização de uma pesquisa para reunir dados e evidências sobre a influência na saúde física e emocional de mães e pais colaboradores que recebem apoio e benefícios das empresas para criar suas crianças. O estudo contará com a colaboração das corporações do comitê, por meio de conversas dos colaboradores com psicóloga especializada e formações com especialistas. Os achados serão sistematizados pelos profissionais da Universidade Federal do Pará (UFPA). O objetivo é compilar subsídios para a elaboração de políticas públicas e privadas com foco na primeira infância, entendendo a relação de satisfação dos funcionários com seu trabalho e com o bem-estar de seus filhos como fatores possíveis para o aumento da produtividade.

O Comitê também quer criar espaços de diálogo para trabalhar o tema primeira infância como pauta transversal à agenda ESG, com o objetivo de levar ao mundo corporativo os insights dessas conversas, em eventos, ações de comunicação e demais iniciativas que sensibilizem, especialmente, as lideranças empresariais.

Com essa ampla articulação, realizada pela UWB, a primeira infância pode ganhar cada vez mais espaço nas corporações para que as famílias se sintam amparadas e acolhidas, viabilizando relações saudáveis e afetivas com suas filhas e seus filhos. É desta forma que conseguiremos, juntos, fortalecer a base da sociedade: investindo no potencial das novas gerações.

Clique no LINK e acesse o Guia de Primeira Infância para Empresas. Conheça as muitas possibilidades de fazer parte dessa grande rede de transformação. Vamos juntos! 

“Ter a UWB ao nosso lado oportunizou a transformação da realidade e do cenário de milhares de crianças”

Crato é uma das nove cidades do Ceará que implementaram o Programa Crescer Aprendendo, da UWB, para fomentar a parentalidade positiva nas famílias com crianças de 0 a 6 anos. Por meio do programa, as escolas de educação infantil parceiras ampliaram o espaço de formação e diálogo com mães, pais e familiares, fortalecendo uma rede de apoio cujo foco é promover o desenvolvimento infantil integral. Para falar sobre essa parceria, conversamos com o senhor José Ailton de Souza Brasil, prefeito de Crato, um entusiasta da causa da primeira infância. Confira!

UWB – Senhor Prefeito, por que a primeira infância é foco de atenção da sua gestão?

Prefeito José Ailton – O município do Crato considera a primeira Infância prioridade e tem como premissa que esta importante fase é período fértil para a aprendizagem, bem como defende e abraça a causa da garantia dos direitos das crianças, ofertando atenção especial àquelas atendidas pelas escolas de Educação Infantil. Nossos esforços são para que crianças de 0 a 6 anos cresçam aprendendo e tenham acesso a direitos essenciais assegurados. Só desta forma temos certeza de que se tornarão cidadãs e cidadãos saudáveis em todos os aspectos. 

UWB – Quando apresentamos o Crescer Aprendendo à sua equipe, fomos bem recebidos e o trabalho fluiu de forma sinérgica. O que significou para o município essa parceria com a UWB?

Prefeito José Ailton – Ter a UWB ao nosso lado oportunizou a transformação da realidade e do cenário de milhares de crianças. Sabemos que os jovens também são foco de atuação da organização. Trabalhar com essas duas importantes fases da vida é essencial ao país, como também proporcionar o desenvolvimento de habilidades e competências para a vida dessas pessoas. Essa forma de atuar nos motivou a seguirmos juntos com a UWB.

UWB – De que forma a nossa parceria contribuiu para a primeira infância de Crato?

Prefeito José Ailton – Nesse período de pandemia, a UWB trouxe luz, por meio do Programa Crescer Aprendendo, para o universo infantil caririense, iluminando nossas famílias e crianças, amenizando os impactos emocionais causados por esta cruel Covid-19, estreitando vínculos familiares e motivando a todos para vivenciarem experiências positivas em seus lares. 

UWB – De que maneira a nossa parceria fortaleceu a educação infantil do município?

Prefeito José Ailton – Gosto de ressaltar que as contribuições foram significativas também para os profissionais que atuam na área, visto que nossa parceria colaborou para que as crianças não tivessem o seu desenvolvimento e aprendizagem totalmente prejudicados em meio ao contexto da crise pandêmica. Tanto a minha equipe da prefeitura como a equipe da Secretaria de Educação de Crato agradecemos imensamente a UWB e à equipe do Programa Crescer Aprendendo pelas excelentes contribuições ofertadas à Educação Infantil de nosso município.

O Programa Crescer Aprendendo chegou ao Ceará por meio da Coalizão Ceará, como uma das iniciativas que integram a política pública de primeira infância no Estado. Na coalizão, além da UWB, estão o Governo do Ceará, a Fundação Bernard van Leer, a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e a Porticus. Para saber mais sobre o programa, acesse este link.

Evento do GOYN SP debate a inclusão produtiva de jovens como pauta da agenda ESG

Cerca de 40 lideranças do setor privado, de organizações sociais, parceiros, membros da equipe do GOYN SP e jovens-potência reuniram-se no dia 21 de junho para discutir caminhos que, de um lado, incluam produtivamente as juventudes periféricas e, de outro, fomentem a causa como alavanca para essa agenda.

O evento “Como fortalecer a agenda ESG através da empregabilidade dos jovens-potência” foi realizado na última terça-feira (21) pelo GOYN SP, movimento internacional liderado pelo Aspen Institute e que, no Brasil, é articulado pela UWB. “Temos de atuar coletivamente. Ninguém muda nada sozinho. Estamos aqui para unir o jovem que quer trabalhar, mas não consegue acessar as oportunidades produtivas, e as empresas, que têm demandas para formar suas equipes, mas não conseguem chegar a esses jovens”, ressaltou Gabriella Bighetti, diretora-executiva da UWB, na sua fala de abertura.

Na primeira parte do evento, Roberto Rossler, gerente de sustentabilidade da Accenture, trouxe o ponto de vista da empresa sobre a causa da inclusão produtiva de jovens-potência, após ouvir stakeholders do mercado de empregabilidade jovem. O objetivo do compilado de insights é apoiar o GOYN SP a fortalecer e acelerar sua estratégia de inclusão produtiva das juventudes junto às corporações, com foco na agenda ESG.

“No mundo e no Brasil, as agências reguladoras têm cobrado das empresas práticas de um capitalismo responsável, que gere valor agregado para todos e não só para os acionistas. As corporações têm sido obrigadas a reportar suas performances em ESG. ESG não é uma ameaça, é uma oportunidade”, explicou Roberto, na introdução de sua explanação.

Segundo ele, diversidade e inclusão são dois temas fortalecidos na pandemia e há evidências contundentes de que a diversidade da força de trabalho gera valores tangíveis para os negócios. Por exemplo, empresas que contratam talentos ocultos, incluindo jovens-potência, estão 36% menos propensas a enfrentar a escassez de profissionais com aptidões diferenciadas.

Políticas corporativas que promovam ações de diversidade e inclusão favorecem a taxa de retenção em contratações de impacto, que é de 87,5%, ou seja, 26% maior do que o padrão, gerando economias no recrutamento, integração e desenvolvimento. Outro dado é que uma cultura de equidade e inclusão impulsiona dez vezes mais a inovação do que o aumento salarial.

“Importante ressaltar que 1,5 trilhão de dólares é a quantidade de recursos deixada na mesa quando os funcionários não se sentem incluídos, o que leva, consequentemente, a uma menor produtividade”, reforçou Roberto.


Desafios e oportunidades sobre diversidade e inclusão

Com base nas escutas e conversas trazidas pela Accenture, foram percebidas como principais barreiras para a entrada dos jovens-potência no mercado, a dificuldade das empresas em controlar dados sobre diversidade e inclusão; metas de diversidade e inclusão pouco claras e não desdobradas nas diferentes áreas da corporação; metas de inclusão e de alta performance desconectadas, levando à escolha de profissionais mais experientes para os postos de trabalho; capacitações oferecidas que não atendem às expectativas e aos interesses dos jovens-potência; e formações e vagas pouco claras divulgadas em canais que não chegam nos jovens.

Para superar tais desafios, Renato propôs alguns caminhos que podem ser adotados pelas corporações, como garantir que os temas diversidade e inclusão estejam conectados ao core da estratégia corporativa; combinar os indicadores de performance com o phase-in de jovens-potência, que costuma ter em outro tempo; ter em mente que o perfil desses jovens varia de acordo com a localização geográfica, assim como as qualificações necessárias para ingressar nos mercados de trabalho locais. “E por fim, para que a transformação ocorra na escala e na velocidade necessárias, as empresas precisam cobrar de seus fornecedores um olhar mais atento em relação aos temas diversidade e inclusão”, finalizou Renato.


Mesa de diálogo sobre inclusão produtiva

Na segunda parte do evento, lideranças empresariais e de instituições voltadas à inclusão e aos jovens-potência se reuniram para falar como veem as questões trazidas pela Accenture sob a perspectiva de suas organizações.

Tatiane Shirazawa, vice-presidente do ecossistema Great Place to Work Brasil, contou que será criado um destaque nos rankings promovidos pela empresa para reconhecer corporações que implementem iniciativas para incluir e promover a permanência dos jovens-potência no mundo do trabalho. “Queremos apoiar o GOYN nesse estímulo ao mercado”, afirmou.

Para Luiz Eduardo Drouet, presidente da ABRH-SP, “a inclusão produtiva é uma oportunidade prática, o melhor tema da agenda ESG, porque percorre toda a organização”. Ele lembrou que muitas empresas têm vagas não preenchidas por falta de mão de obra qualificada, um contrassenso em um país onde milhões estão desempregados, dentre eles os jovens.

“A inclusão do jovem-potência tem de acontecer na prática. É como músculo. Praticamos esticando, elevando a barra, com ações que tenham sinergia com o negócio”, colocou Leonardo Framil, líder na América Latina da Accenture e membro do Conselho Deliberativo da UWB. 

Ana Luiza Jardim Andrade, ex-jovem-potência do Núcleo Jovem do GOYN SP, que também participou do diálogo, contou sua experiência: “O GOYN me mostrou que eu sou potente. Na minha volta ao mercado, a empresa que me contratou não me viu como uma jovem periférica, mas como uma jovem que precisa de formação para se desenvolver e que pode contribuir muito”.

“As empresas precisam se conectar com a formação dos jovens, corresponsabilizar-se por ela. Existem dificuldades nas contratações por conta de lacunas técnicas e de competências socioemocionais das juventudes. E o que escutamos na outra ponta, dos jovens, é que as escolas pouco os preparam para o mercado. As empresas precisam apoiar o processo de formação”, expôs Cacau Lopes da Silva, gerente de implementação e desenvolvimento do Itaú Educação e Trabalho.

Para encerrar o diálogo, o jovem-potência e embaixador do GOYN, Paulo Vinicius, ressaltou a importância do tratamento que é dado aos jovens na contratação e retenção. “Se a empresa responder à altura, lapidar o jovem, ele também vai responder à altura e atender às expectativas que se tem sobre ele”, concluiu.


O GOYN SP está aberto a qualquer empresa que queira integrar a coalizão para trabalhar ações e políticas que promovam a inclusão produtiva das juventudes periféricas de São Paulo.

“Criança tem de ser prioridade na sociedade. Na empresa não é diferente”, diz Mariza Quindere, da GPTW

Em entrevista para a United Way Brasil (UWB), Mariza Quindere, responsável pela regional do Nordeste da Great Place to Work Brasil, fala sobre a parceria entre as duas organizações; como as corporações podem concorrer à categoria Atenção à Primeira Infância, do prêmio Melhores Empresas para Trabalhar 2022; e as mudanças que políticas corporativas focadas nos primeiros anos de vida tendem a gerar nas equipes e na produtividade. 

UWB – Mariza, por que a parceria com a UWB tem relevância tanto para a GPTW como para o tema primeira infância, que é contemplado pelo prêmio Melhores Empresas para Trabalhar?

Mariza Quindere (MQ) – Essa parceria é relevante para todos. A UWB tem muita credibilidade dentro e fora do terceiro setor, pela forma como conduz suas ações e articula parcerias. Além disso, vocês detêm muito conhecimento sobre primeira infância. Sempre comentamos no GPTW que a UWB é uma de nossas melhores parceiras, especialmente porque nos ajuda a aprofundar o tema nas iniciativas que realizamos.

UWB – Como surgiu essa categoria e o que é preciso para as empresas concorrerem a ela, na edição do prêmio de 2022?

MQ – Nós construímos essa categoria com o apoio da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, há três anos. No início, era um destaque no prêmio nacional das Melhores Empresas para Trabalhar. Depois, percebemos que a primeira infância podia ter luz própria, por isso, o GPTW incluiu o tema na categoria Diversidade. Tudo começa com uma pesquisa que empresas de qualquer segmento podem aplicar junto aos seus colaboradores. E para ser certificada, ela precisa ter a média mínima de 70% e atingir, também, a amostra mínima. Ouço de várias pessoas: “Não temos nada para primeira infância.” Sempre incentivo a responder à pesquisa, mesmo que pensem assim. Porque, quando começam a preencher, percebem que têm, sim. Além disso, é um estímulo para conhecerem o que fazem, ampliar e pensar mais sobre isso. Também percebo que muitas corporações nem sabem o que é primeira infância. Por isso, o ranking acaba se tornando, também, uma ferramenta para informar.

UWB – Quais requisitos as empresas precisam ter para concorrerem à categoria?

MQ – No nosso site está tudo bem explicado, mas já adianto aqui alguns deles: ter, no mínimo, 30 colaboradores; ser nossa certificada; conceder licença-maternidade acima de 4 meses e licença-paternidade de, pelo menos, 20 dias, ambas também para qualquer situação de adoção e para casais homoafetivos; ter auxílio-creche maior que o previsto em lei; possuir sala de lactação; conceder redução específica de jornada de trabalho para lactantes, para além do que está estabelecido pela CLT. 

UWB – E até quando a empresa pode responder a essa pesquisa para participar do ranking 2022? 

MQ – Este ano, a data final para finalizar a pesquisa é 31 de julho, na nossa plataforma. Depois, se atingir a amostra mínima, que garante a certificação da empresa como great place to work, ela escolhe participar do ranking Diversidade/Atenção à Primeira Infância, preenchendo o questionário específico. É autoexplicativo e fácil de seguir o passo a passo.

UWB – A participação das empresas nessa categoria tem sido expressiva? 

MQ – Não, infelizmente. Na edição de 2020, foram apenas 97 empresas inscritas. Em 2021, cinco receberam destaque:  Takeda Distribuidora, Cisco, Accenture do Brasil, Eurofarma Laboratório S/A e IBM Brasil.  Ainda é pouco perto da relevância do tema. Por isso, temos de falar mais a respeito e estimular que participem. Criança tem de ser prioridade na sociedade. Na empresa não é diferente.

UWB – Quais as evidências do impacto positivo de políticas corporativas para a primeira infância nas colaboradoras e nos colaboradores das empresas?

MQ – Quando há investimento na primeira infância, o retorno é garantido, não só na produtividade, mas também no engajamento e permanência dos funcionários. Na pesquisa entre as melhores empresas de 2021, a média de rotatividade do ano é de 5%, em um país que detém o maior índice de turnover nas organizações (índice que aumentou 82% nas companhias, desde 2010). Nessa pesquisa, colaboradores disseram ficar na empresa, porque ela oferece oportunidades de crescimento e qualidade de vida (65%). A falta de suporte, como ausência de auxílio creches, de sala de amamentação, ou mesmo licenças parentais não estendidas abalam a saúde física e emocional de mães e pais de bebês e crianças pequenas. Ainda existem empresas que selecionam mulheres que não têm filhos (e que não pretendem ter). Isso tem de mudar. Temos direito a ter filhos. Na GPTW, por exemplo, a licença parental, tanto para mães como para pais, é de seis meses. O que significam seis meses para uma empresa? E para os pais e o bebê? Essa reflexão tem de estar presente nas políticas internas. 

UWB – Como você sabe, a UWB lançou o Guia de Primeira Infância para Empresas, uma plataforma que reúne mais de 600 iniciativas já implementadas por corporações. Como você avalia essa ferramenta?

MQ – O Guia é ótimo e muito acessado pelas companhias ligadas à GPTW. Ali já existe uma gama de possibilidades sobre o que fazer. Precisamos ampliar o Guia com mais ações e divulgá-lo para que mais corporações o acessem. Recheá-lo de muitas informações para que as pessoas entendam o que é primeira infância e o impacto dos cuidados que temos de ter para refletir em toda a sociedade.

UWB – Na sua opinião, quais ações são imprescindíveis nas políticas corporativas de primeira infância?

MQ – Acredito que licenças parentais estendidas, suporte psicológico, especialmente no puerpério e no retorno das licenças, horários flexíveis e ambiente amigável para mãe ou pai se sentir à vontade, por exemplo, para sair mais cedo e pegar o bebê na creche ou levar ao médico, plano de saúde sem custos para as mães, durante a gestão, são algumas ações que fazem toda a diferença no bem-estar dos colaboradores. É fundamental que as lideranças corporativas pensem nos filhos de seus funcionários como sendo filhos da empresa. 

Programa Crescer Aprendendo apresenta resultados no Ceará e transfere a sua metodologia

Na manhã de 10 de maio, diferentes atores de uma grande rede colaborativa se reuniram no Auditório da Secretaria da Educação do Ceará para celebrar os avanços, no Estado, do programa de primeira infância Crescer Aprendendo, da United Way Brasil (UWB).

Tendo como um de seus pilares de atuação a parceria com governos, o programa foi implementado em 9 municípios, consolidando-se como uma das ações da Coalizão Ceará, uma união de esforços entre o Programa Mais Infância Ceará, as fundações Maria Cecília Souto Vidigal, Bernard van Leer, Porticus e a UWB, tendo o apoio da Secretaria da Educação do Estado, por meio da Coordenadoria de Educação e Promoção Social.

Quando a UWB chega ao Ceará com o Crescer Aprendendo, é para dar uma luz às famílias. Eu sempre sonhei em ter uma escola de pais para que eles levassem para casa aprendizados. É muito bom saber que a gente consegue plantar essa semente, esse conceito de escola, porque as famílias vão para suas comunidades, mudam o bairro, a cidade, transformam comportamentos, enfrentando e rompendo ciclos de violência.”

Dagmar Soares, coordenadora do Programa Mais Infância Ceará

O objetivo dessa força-tarefa é apoiar o desenvolvimento integral de crianças cearenses, de 0 a 6 anos (primeira infância), sendo o Crescer Aprendendo uma estratégia para fortalecer o pilar Parentalidade, ou seja, cuidar de quem cuida, dando às famílias condições e conhecimento para que exerçam seu papel por meio de vínculos positivos em ambientes saudáveis.

O Programa também aproxima e aprofunda a relação entre escola, pais e responsáveis ao intensificar a aliança pela educação e pelo desenvolvimento infantil. Em 2020 e 2021, a atuação do Crescer Aprendendo, durante a pandemia, aconteceu no modelo virtual, nos grupos de WhatsApp, lives e encontros online. Professores e gestores das 125 escolas parceiras receberam formação para aplicar a metodologia e contaram com o apoio da equipe da UWB para resolver questões específicas sobre as 3.798 famílias atendidas nos municípios de Crato, Juazeiro do Norte, Sobral, Chaval, Granja, Itatira, Paramoti, Salitre e Viçosa do Ceará.

Em 2022, o Crescer Aprendendo retomou sua versão original, com ações presenciais e a distância, no modelo híbrido.

Todo esse trabalho foi avaliado externamente, pela Rede Conhecimento Social, que apresentou, no evento, os principais resultados quantitativos e qualitativos, com base no mapeamento realizado juntos a famílias participantes do programa em cinco dos nove municípios onde está implementado (Chaval, Viçosa do Ceará, Sobral, Paramoti e Juazeiro do Norte):

Perfil das famílias

Resultados

  • 31% das famílias são de mães que criam seus filhos sozinhas
  • 90% das famílias têm mães e madrastas como principais responsáveis pelas crianças
  • 9 em cada 10 adultos responsáveis pelas famílias se declararam negros
  • Metade dos pais e das mães são jovens (18 a 29 anos)
  • Uma a cada 10 crianças sofreu insegurança alimentar na pandemia
  • Uma a cada 10 crianças tem algum tipo de deficiência
  • 70% das famílias participam de programas de transferência de renda
  • 91% das famílias reconheceram melhoras nas práticas de cuidado com as crianças (61% afirmam que isso se deve ao programa)
  • Os pais admitiram ter aprendido outras maneiras de educar seus filhos, sem uso de violência
  • 40% dos pais passaram a ter na escola uma referência para o aprendizado sobre primeira infância

Após a apresentação dos resultados e a celebração das conquistas, representadas nas homenagens e no reconhecimento às escolas e regionais de ensino parceiras, o Crescer Aprendendo fez a entrega simbólica da Linha-Guia do programa, material que sistematiza os processos para implementação da metodologia. A ideia é que mais cidades adotem a proposta para fortalecer o diálogo entre escolas, pais e responsáveis para potencializar os cuidados com a primeira infância.

“O Crescer Aprendendo tem esse olhar de fortalecimento de vínculo parental e das relações positivas, complementando e inspirando um trabalho importante para a educação infantil (…). Às vezes a gente tem uma forte tendência em trabalhar a alfabetização, deixando de lado pontos importantes para o desenvolvimento da criança, como o olhar para a sua família, para suas características próprias e seus valores. Quando temos esse nível de parceria, conseguimos entregar um trabalho mais completo, formar nossos gestores e professores com uma visão mais ampla. Tenho certeza de que esse trabalho vai inspirar todos os 184 municípios cearenses para que qualifiquem a educação infantil que oferecem as suas crianças.”

Marcio Brito, Secretário Executivo de Cooperação com os Municípios

O próximo passo, anunciado no evento, é a implementação das trilhas Crescer Aprendendo nas cidades parceiras, começando com Crato, ainda em maio. As trilhas são espaços públicos que acolhem as crianças e suas famílias com equipamentos para promover o brincar e o fortalecimento dos vínculos, além de propiciar o desenvolvimento de aspectos importantes aos seis primeiros anos de vida.

Todo o trabalho desenvolvido coletivamente para implementar e sustentar o programa segue a missão da UWB, que ESTUDA (pesquisa e sistematiza soluções sociais), FAZ (leva à prática essas soluções) e CONECTA (articula e reúne diferentes atores para ampliar o impacto e gerar transformações sistêmicas e sustentáveis).

Crédito da imagem: ASCOM/Seduc

Empresas: precisamos falar sobre formação de jovens-potência!

Muitas corporações não empregam jovens da periferia porque acreditam que a falta de experiência e de qualidade da educação formal recebida podem ser um fator negativo. Outras ainda esbarram em questões de CEP (distâncias geográficas), raciais e de gênero, aspectos excludentes, injustos e retrógrados, aliás.

A questão é que jovens-potência são quase a maioria em grande parte do país. Só em São Paulo, temos 700 mil que estão sem trabalho e sem oportunidades para estudar. Não é difícil deduzir qual será o futuro dessa população se nada for feito para prepará-los e incluí-los produtivamente – e o impacto dessa negligência no desenvolvimento socioeconômico.

Jovens-potência têm de 15 a 29 anos, possuem capacidade para se desenvolver, vontade de transformar suas vidas e seu entorno. Enfrentam um contexto de desigualdades e racismo sistêmico, que dificulta o acesso às oportunidades formais de trabalho e de estudo, colocando-os em situação de vulnerabilidade social.

Felizmente, uma parte das empresas resolveu assumir a causa da inclusão produtiva das juventudes periféricas. No lugar de não selecionar e não contratar jovens das quebradas, elas criaram estratégias para apoiar sua formação. Esse é o pulo do gato para quem tem visão de futuro e reconhece a potência daquelas e daqueles que vivem nos arredores dos grandes centros, com muita vontade de aprender e com habilidades essenciais para a vida profissional, como resiliência, criatividade, motivação, dentre tantas outras.


A sua empresa contrata jovens-potência?

A formação de jovens é o ponto de partida para garantir que se tornem profissionais competentes em todos os níveis (do técnico ao relacional). Logo, criar oportunidades para oferecer conhecimento e aprendizado às juventudes é meio caminho andado nesse sentido.

Mas não é preciso começar do zero. A empresa pode buscar o apoio de instituições de ensino e organizações sociais que atuam com juventudes em situação de vulnerabilidade. Mas é bom ficar atento para saber se os conteúdos dos cursos oferecidos por essas instituições respondem às demandas e à realidade do mercado. Lembre-se que cada território tem sua vocação econômica, por isto, a formação precisa ser contextualizada.

Outra dica é a corporação criar oportunidades de formação para jovens-potência do seu entorno, o que diminui barreiras de deslocamento e contribui ao desenvolvimento local. Escolas públicas são uma ótima opção para isso.

Aderir ao programa Jovem Aprendiz é outra possibilidade, assim como apoiar modelos acessíveis de ensino técnico e profissionalizante para aumentar a preparação das juventudes para o mercado de trabalho.

E quando os jovens estiverem em formação, garantir uma bolsa-auxílio é fundamental, evitando abandonos por conta da necessidade de trabalhar para ajudar no sustento de suas famílias. Também é bom lembrar que jovens-potência muitas vezes não têm acesso à internet ou, se têm, ele é precário. Por isso, oferecer essa estrutura para frequentar cursos a distância se torna essencial aos avanços desses jovens.

Formar jovens-potência para o mundo do trabalho não só é possível como necessário. Na crise pós-pandemia, fica cada vez mais clara essa urgência. A taxa de desemprego entre jovens brasileiros é de quase 30%. Em São Paulo, ela chega a 35%.

O GOYN SP tem atuado para reverter esse quadro, por isso reúne mais de 70 jovens, organizações e empresas para criar e implementar soluções que promovam a inclusão produtiva das juventudes das periferias. Sua empresa pode fazer parte dessa rede. É só entrar em contato conosco: ofuturoejovem@uwb.org.br