Juventudes Potentes: nova narrativa quer multiplicar a agenda urgente da inclusão produtiva de jovens

Para aproximar cada vez mais os diferentes atores da causa da inclusão produtiva de jovens-potência, colocando as juventudes no centro dessa questão, o GOYN SP passa a se chamar Juventudes Potentes 🎉. O nome é novo, mas continuamos integrando o movimento The Global Opportunity Youth Network, liderado pelo Instituto Aspen, sendo articulados, em São Paulo, pela UWB. Nossa missão e nossos objetivos permanecem os mesmos, com muitos avanços para fortalecer essa agenda. 

A mudança de nome foi fruto de muitas reuniões e diálogos com jovens e nossa equipe. Percebemos que GOYN SP não refletia nossa brasilidade e não se identificava com as juventudes periféricas que buscamos alcançar. Por isso, decidimos, de forma coletiva, adotar Juventudes Potentes para o programa, em São Paulo.

Acreditamos que essa mudança trará mais clareza e estabelecerá uma conexão direta com juventudes historicamente excluídas de oportunidades dignas de formação e trabalho. Queremos que todas(os) se sintam representadas(os) e valorizadas(os). Você, jovem paulistano, é foco de nosso trabalho e razão de nossa existência!

Embora o nome tenha mudado, tudo mais continuará como antes: a UWB é a organização articuladora do movimento em São Paulo; todo nosso trabalho em rede seguirá o propósito de engajar mais jovens, empresas e instituições nessa causa vital para o enfrentamento das desigualdades sociais. Nossa meta ambiciosa, de incluir produtivamente 100 mil jovens-potência da cidade até 2030, continua firme. Para isso, contamos com a sua colaboração!

Além disso, todos os nossos materiais e canais de comunicação serão atualizados para evidenciar o novo nome. Também faremos a comunicação dessa mudança em nossas redes. Se puder nos apoiar nessa divulgação, agradecemos muito!

Seguimos em frente, com muita motivação e certos de que, juntos, vamos avançar cada vez mais para que Juventudes Potentes seja uma marca forte, transformadora e uma ponte que une diferentes atores em torno de um mesmo propósito. 

#Empresas&JuventudesPotentes: espaço para dialogar sobre a causa

Estamos animados e determinados a seguir em frente para construir uma marca forte e transformadora. Por isso, vamos dedicar uma editoria especial nas nossas redes para compartilhar desafios e conquistas coletivas do Juventudes Potentes. No #Empresas&JuventudesPotentes teremos espaço para dialogar sobre diferentes temas relacionados à inclusão produtiva, reunindo diversos atores em torno do mesmo propósito de promover um futuro mais inclusivo e sustentável. Por isso, não perca nossas postagens. Fique por dentro de nossas ações e dê a sua contribuição para os avanços dessa causa. Curta, comente e compartilhe!

Agradecemos a todas(os) que têm nos apoiado e convidamos você a se juntar a nossa rede, numa jornada emocionante e transformadora. Juntos, vamos superar desafios e criar oportunidades reais para as Juventudes Potentes 💪

UWB e Kyndryl levam o programa “Vamos Aprender STEM” a escolas públicas do interior de São Paulo

“Vamos aprender STEM” 

Em um projeto inédito e inovador, a UWB estreia sua parceria com a Kyndryl, empresa de tecnologia voltada à segurança cibernética para grandes corporações, que nasceu da IBM, no final de 2021. 

A iniciativa irá levar uma experiência em STEM (metodologia de ensino “mão na massa”, baseada em ciência, tecnologia, engenharia e matemática) para 1.120 estudantes e professores do Ensino Médio, de escolas públicas de Valinhos e Hortolândia, no Estado de São Paulo. Além das ciências exatas, a experiência STEM também desenvolve habilidades 4.0 (conhecidas como socioemocionais) e competências digitais, pois demanda dos alunos e professores o trabalho em  grupos para identificar e resolver desafios reais da escola e da comunidade, a partir de ferramentas de STEM.

Também foram doados 115 kits de robótica às escolas a fim de que os estudantes tenham uma boa infraestrutura para desenvolver seus projetos. Além de prepará-los para as profissões de futuro, a iniciativa irá conectá-los com mais de 300 voluntários da Kyndryl em sessões de mentorias virtuais e aulas temáticas para apoiá-los no desenvolvimento dos projetos. Os professores de matérias correlacionadas à tecnologia das escolas participantes também serão capacitados por um time especializado em STEM. 

Foi dada a largada!

Em abril, durante uma semana, as três escolas parceiras, localizadas na periferia dos municípios de Valinhos e Hortolândia, foram apresentadas ao projeto, com palestras de abertura para alunos e capacitação para professores. 

Os representantes dos 640 alunos da E.E. Adoniran Barbosa (Valinhos), dos 520 alunos da E.E. La Fortezza, e dos 180 alunos da E.E. Paulina Rosa (ambas em Hortolândia) participaram de uma palestra sobre novas tecnologias e as profissões de futuro, feita pelo time do professor Miguel da Hora e por colaboradores voluntários da Kyndryl. Os professores receberam capacitação sobre a utilização dos kits de robótica e a metodologia STEM, como forma de oferecer um embasamento teórico para apoiar a aprendizagem dos alunos. 

Processo de construção
Os alunos terão seis semanas para desenvolver seus projetos, sendo que os criadores das 15 soluções mais bem avaliadas serão convidados para um hackathon presencial no final de junho. Os três grupos finalistas farão uma visita à sede da Kyndryl, localizada nas proximidades das escolas participantes. Por meio do “Vamos Aprender STEM”, também se pretende abrir as portas da empresa para a inclusão produtiva de jovens que se destacarem nessa ação. 

A importância do projeto para o mercado de trabalho

Com os avanços da tecnologia, o mercado de trabalho tem vivenciado a falta de mão de obra especializada para postos que exigem habilidades tecnológicas apuradas. Somente no setor de TI, o Brasil terá 530 mil vagas de trabalho até 2025 não preenchidas, de acordo com Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom). Ações que inspirem e preparem jovens para ocuparem esses lugares no curto e médio prazo são urgentes e essenciais.

Voluntariado corporativo

O projeto também é uma estratégia para promover o voluntariado corporativo, envolvendo os colaboradores da Kyndyl para que sejam mentores dos estudantes. Nessa função, os voluntários podem oferecer horas de mentoria e/ou gravar vídeos com conteúdos formativos sobre STEM e soft skills. Além de contribuir para a formação dos estudantes, o voluntariado é uma ótima oportunidade para trabalhar habilidades socioemocionais com colaboradores da empresa. Ao expô-los a um contexto diferente, elas e eles acabam desenvolvendo um senso de empatia por esses jovens, o que irá possibilitar a construção de ambientes mais acolhedores e promissores nas empresas, quando colaboradores jovens entrarem nas equipes, contratados pela corporação.

Para a empresa, o voluntariado corporativo é uma alavanca potente para cumprir pautas da agenda ESG e avançar nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU. A sua empresa também pode fazer a diferença e apoiar o desenvolvimento pessoal e profissional de jovens em situação de vulnerabilidade. Clique aqui e saiba como.

UWB reúne lideranças empresariais para debater avanços nas agendas 2030 e ESG

No último dia 27, a UWB realizou seu encontro anual, “Juntos pelas novas gerações”, na sede da P&G, em São Paulo. O evento reuniu cerca de 80 pessoas, entre lideranças empresariais, colaboradores das empresas associadas, convidados e o time da organização. Na primeira parte da programação, foram apresentados os resultados do trabalho coletivo da UWB e seus parceiros, em 2022, com o lançamento do Relatório de Atividades. No ano passado, 8.736famílias com filhas(os) na primeira infância e 10.974jovens foram beneficiados pelas iniciativas, envolvendo 764voluntários, 17 empresas parceiras e apoiadoras, totalizando mais de R$6 milhões investidos na potência das novas gerações.

Dados e evidências conduzem painel sobre contexto atual

“Empresas impactantes: como as parcerias podem alavancar a agenda ESG das empresas”, painel mediado pela CEO da UWB, Gabriella Bighetti, contou com a participação de Gabriela Rozman, Gerente Sênior de Capacity Building e parcerias do Pacto Global da ONU no Brasil; Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos; e Gabriel Guimarães, Consultor de Relações Públicas e Diretor de Clientes em Tecnologia e Informação da Edelman Brasil e América Latina.

Gabriel abriu o diálogo, compartilhando dados do estudo recém-lançado Edelman Trust Barometer 2023 sobre a confiança da sociedade nas instituições. “O tecido social está enfraquecido devido ao clima de polarização atual, consequência de diferentes fatores, como a desconfiançadesencadeada pela ansiedade econômica e onda de desinformação. Do total de entrevistados, 78% afirmaram que nosso país está mais dividido hoje do que no passado. Ao mesmo tempo, empresas e ONGs são as únicas instituições vistas como competentes e éticas pelos brasileiros. Isso significa que as lideranças empresariais têm fundamental papel para encontrar soluções aos desafios socioambientais”, ressaltou.

Para Caio, “é preciso que as empresas tragam para o chão a pauta ESG, lembrando que a realidade da Europa e dos EUA é diferente da brasileira. Estamos entre as dez nações no ranking da economia e entre as dez no das desigualdades. A questão não são recursos, porque eles existem. A UWB nos mostrou que tem expertise e faz essa articulação para atuar de forma coletiva, mas ela precisa de recursos para gerar o impacto social necessário. Também acredito que as empresas devam incidir sobre políticas públicas, fazendo alianças para acelerar processos da agenda política, porque ou a gente se senta na mesa ou a gente é o cardápio”.

Gabriela, em sua fala, reforçou que estamos distantes de cumprir a Agenda 2030, da ONU. “São necessárias metas claras e ambiciosas para que as empresas avancem. Existem as ferramentas, meios e caminhos para isso. Não temos respostas para tudo, mas podemos desenhá-las, só que é necessário tocar em algumas feridas profundas. A sociedade tem cobrado, a legislação está mais rígida. É o momento de sair da superficialidade para trabalhar a agenda de forma efetiva. Destaco a ODS 17, que justamente fala das parcerias. Ela é o fio condutor de todos os outros objetivos. É o momento de trazer o potencial de cada setor, de nos sentar à mesa e promover um diálogo para construir soluções coletivas.”

Sobre o que é preciso deixar de fazer hoje e o que é urgente começar a fazer amanhã, pergunta feita aos painelistas, para encerrar a conversa, Gabriela foi enfática: “Deixarmos de nos preocupar com o nosso pedaço e entender que fazemos parte de um sistema integrado, que somos seres sociais e precisamos pensar no nosso bem e no bem do outro”. Para Gabriel, “as empresas precisam deixar o medo de lado e assumir ações para apoiar o desenvolvimento das instituições sociais. Assumir que fazem parte do problema e podem contribuir com as soluções”. Para Caio, “é preciso deixar de naturalizar a violação dos direitos humanos e fazer a autoanálise sobre situações do dia a dia em que violamos esses direitos. Também precisamos descobrir o momento individual, em que lugar chegamos, perceber que o que a gente tem é suficiente para sermos felizes”.

Novo plano de fidelização quer engajar mais empresas à causa

Na última parte do evento, a UWB lançou um novo plano de parcerias para empresas, com categorias relacionadas aos valores doados à instituição, revertidos em impacto social na vida de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade. A ideia é que mais corporações se sintam motivadas a fazer parte dessa grande rede que investe na potência das novas gerações, podendo comunicar aos seus públicos e stakeholders a sua adesão. Qualquer corporação que queira se tornar uma empresa potente, pode acessar o plano, clicando aqui.  

Para marcar e reconhecer a importância do papel das companhias nas transformações sociais necessárias, um representante de cada empresa associada recebeu um certificado. Em seguida, os colaboradores voluntários das corporações foram homenageados por atuarem em diferentes iniciativas da UWB que promovem oportunidades de desenvolvimento para a primeira infância e as juventudes brasileiras.

Os participantes do evento foram contemplados com duas apresentações, no início e no encerramento do encontro, realizadas pela 1ª Companhia Preta de Teatro Musical do Brasil (CIABTM), um coletivo “artivista”, criado por Francisco Ribeiro, para ampliar horizontes, por meio de espetáculos musicais antirracistas, que trazem a cultura e as tradições africanas para o palco. A companhia também desenvolve projetos de arte-educação para formar jovens pretos artistas a ativistas das periferias.  Clique aqui e saiba mais.

Great Place To Work Brasil divulga ranking de “Atenção à Primeira Infância” 2022

O Great Place to Work (GPTW), divulgou nesta quinta-feira (23), o ranking de Atenção à Primeira Infância. A organização apoia as empresas na construção de melhores ambientes de trabalho.

Em 2019, a UWB foi parceria no GPTW para a criação do ranking Primeira Infância. Agora, foi a vez de lançarmos a categoria Jovens-Potência, que vai avaliar empresas que têm práticas para inclusão produtiva de juventudes periféricas.

Confira as empresas que receberam as melhores notas na categoria Primeira Infância:

  1. TAKEDA DISTRIBUIDORA
  2. GRUPO CATARATAS
  3. Avanade
  4. Eurofarma Laboratórios S/A
  5. IBM Brasil
  6. Dell Technologies
  7. JOHNSON & JOHNSON
  8. ASTELLAS FARMA BRASIL
  9. Vivo
  10. Gerdau

As empresas certificadas que participam do ranking DE&I (Diversidade, Equidade e Inclusão) do GPTW são submetidas a critérios específicos de classificação e respondem a questionários especiais para avaliar políticas, programas e práticas de apoio à diversidade e inclusão, e também à aplicação dessas práticas ao restante da cadeia produtiva.

Para apoiar o desenvolvimento de ações inclusivas nos ambientes corporativos, a UWB desenvolveu um guia. Clique aqui para baixá-lo.

Novo selo GPTW vai certificar empresas que empregam e desenvolvem juventudes

Categoria foi criada a partir da articulação da UWB e do GOYN SP com a GPTW, tendo o propósito de reconhecer a inclusão produtiva das juventudes como pauta essencial para jovens em situação de vulnerabilidade, para o fortalecimento dos negócios e da agenda ESG e o enfrentamento das desigualdades sociais.

Evento da Great Place to Work (GPTW), terá como um dos pontos altos o lançamento do selo “Melhores Empresas para Trabalhar – Jovens-Potência”, cujo objetivo é reconhecer as corporações que possuem ações afirmativas e políticas internas de seleção, recrutamento e desenvolvimento de jovens, a fim de que elas e eles possam alcançar sucesso nas suas trajetórias profissionais.

A iniciativa é resultado de uma ampla mobilização realizada pela UWB, pelo GOYN SP e seus parceiros para destacar a importância da pauta da inclusão produtiva das juventudes periféricas, parte da população mais afetada pelos impactos negativos, sociais e econômicos, da pandemia causada pela Covid-19.

A criação do selo busca provocar reflexões e mudanças no ecossistema corporativo para que empresas repensem e aprimorem processos de contratação e desenvolvimento de talentos, com o objetivo de incluir jovens-potência em seus times, garantindo mais diversidade e equidade ao mercado de trabalho. Jovens-potência são jovens de 15 a 29 anos que estão em situação de vulnerabilidade social e sem oportunidade de formação acadêmica e/ou emprego formal.

“A UWB e o GOYN SP têm a missão comum de atuar pela promoção de espaços que apontem a inclusão produtiva das juventudes como uma estratégia sólida para o enfrentamento das desigualdades sociais. Por isso, a importância desse selo, em parceria com a GPTW. Não podemos ignorar a realidade complexa e crítica de nossas juventudes. Segundo recente pesquisa do Banco Mundial, no Brasil, estima-se em até 10 anos o impacto negativo do desemprego ou de empregos mal remunerados para quem entra hoje no mercado de trabalho, com remunerações 13% mais baixas, em média. Vale lembrar que pessoas com menos de 25 anos, que fazem parte da população mais afetada pela pandemia, representarão cerca de 90% da força de trabalho ativa em 2050. Se as empresas não olharem para esse contexto, o desenvolvimento socioeconômico do País ficará comprometido”, alerta Gabriella Bighetti, diretora-executiva da UWB.

Contratar e gerar permanência de jovens-potência em suas equipes também são estratégias para o fortalecimento de negócios alinhados com a agenda ESG (Environmental, Social and Governance). Isto porque investidores e consumidores estão mais exigentes e têm escolhido onde aplicar recursos e de quem obter produtos e serviços. Cada vez mais as pessoas buscam marcas que realizem ações amplas, socialmente transformadoras e sustentáveis. “É indiscutível que promover formação e contratar jovens em situação de vulnerabilidade podem impactar positivamente toda a sociedade. Em 2022, 35,9% de jovens de 18 a 24 anos estavam desempregados. Inclui-los em postos dignos de trabalho significa evitar prejuízos de até 1,5% do PIB, quebrar ciclos de pobreza, enfrentar o racismo estrutural e os diferentes preconceitos e qualificar nosso capital humano, no médio e longo prazo”, reforça Gabriella.

“Moro na Zona Sul de São Paulo e, atualmente, faço parte do Núcleo Jovem do GOYN. Com certeza, faz total diferença na minha vida! Por meio do programa, eu pude melhorar a minha comunicação e enfrentar melhor os desafios por ser tímida. Hoje em dia trabalho em uma empresa maravilhosa, que também consegui graças ao programa. Tem sido muito gratificante fazer parte disso tudo”, conta a jovem-potência Leiriane Ferreira.

Empresas já certificadas podem requerer o selo jovem-potência

Durante o ano de 2023, após o lançamento do selo “Melhores Empresas para Trabalhar – Jovens-Potência”, as empresas certificadas na lista de Melhores Empresas para Trabalhar podem responder a um questionário adicional e concorrer ao ranking Jovens-Potência. As perguntas avaliarão o quanto, de fato, as corporações estão trabalhando com essa agenda.

A compilação dos resultados levará a uma gama de dados e evidências sobre o mercado potencial empregador de São Paulo, apontando quais empresas estão no topo da lista, as etapas do processo de contratação e retenção de jovens que ainda são frágeis, o que tem sido feito para garantir a entrada e permanência desses talentos no ecossistema corporativo e outros aspectos importantes que possam inspirar iniciativas de promoção e ampliação da inclusão produtiva das juventudes periféricas.

Toda essa mobilização quer envolver diferentes áreas de negócio na causa jovem para que os avanços dessa pauta possam ser acelerados, como resposta efetiva aos desafios do mercado na pós pandemia, fortalecendo o desenvolvimento econômico e social do País.

Baixe o e-Book “Invista nas Novas Gerações”!

Sobre a UWB – Fazemos parte da United Way, uma organização global centenária, de grande reputação. Atuamos no Brasil desde 2001, quando um grupo de empresários e lideranças da sociedade civil se uniram para criar a UWB. Nosso objetivo é articular parcerias e alianças com diferentes setores para promover oportunidades de desenvolvimento a crianças e jovens em situação de vulnerabilidade, a fim de que possam ter acesso a uma vida melhor e mais digna. Transformamos ideias em soluções, de forma coletiva e colaborativa, para realizar mudanças socioambientais sistêmicas e sustentáveis. No Brasil, somos a organização articuladora do GOYN SP. Saiba mais.

Sobre o GOYN SP – Integramos o movimento internacional Global Opportunity Youth Network (GOYN), uma aliança formada por jovens, empresas, instituições e especialistas, liderada mundialmente pelo Instituto Aspen (EUA). Nós chegamos ao Brasil, no município de São Paulo, em 2020, por meio da UWB, responsável por articular e organizar essa grande rede colaborativa para promover a inclusão produtiva de 100 mil jovens em situação de vulnerabilidade social, até 2030. Atualmente contamos com mais de 80 instituições em nossa rede. Saiba mais em https://goynsp.org/.

Trabalho, saúde e educação são prioridades apontadas pelas juventudes periféricas, segundo pesquisa apoiada pelo GOYN SP

A pandemia da Covid-19 deixou uma herança com muitos desafios e diferentes aprendizados. Para as juventudes da capital da maior metrópole do país não foi diferente, como mostram os resultados do Caderno São Paulo, um recorte da pesquisa “Juventudes e pandemia: e agora?”.

O estudo foi coordenado pelo Atlas das Juventudes em parceria com o GOYN SP, Rede Conhecimento Social e Prefeitura de São Paulo (acesse a íntegra da pesquisa Brasil aqui).
Dentre as evidências encontradas, está a importância de cursos de qualificação profissional como uma das soluções apontadas por 29% das(os) jovens entrevistadas(os) para lidar com os efeitos negativos da pandemia no mercado de trabalho. Aliás, essa foi uma das prioridades de 73% das(os) respondentes durante a fase do distanciamento social: buscar cursos on-line para se qualificarem.

Outro resultado interessante, apontado pela pesquisa, é o otimismo com as novas formas de trabalho: 82% acreditam nessa perspectiva e 45% disseram que, se pudessem, gostariam de empreender. Trabalhar sem estar presencialmente nos espaços corporativos e implementação de horários flexíveis são duas práticas que, segundo as(os) respondentes, vieram para ficar no pós-pandemia e mostram que a produtividade é possível sem a presença física (68% das/os entrevistadas/os) e sem horários rígidos (62% das/os entrevistadas/os).

No que diz respeito à atuação nos territórios onde vivem, 24% das(os) jovens afirmaram que iniciativas para gerar oportunidades de incentivo, financiamento e fomento de projetos realizados pelas juventudes podem atenuar os efeitos negativos da pandemia.

Neste quadro, estão cinco outras ações citadas pelas(os) entrevistadas(os) que devem ser foco de trabalho de redes e coalizões como o GOYN SP para apoiar o desenvolvimento e a inclusão produtiva das juventudes periféricas.

Ampliação de empregos formais (18%)Projetos de formação e desenvolvimento de competências empreendedoras (16%) Políticas para inclusão produtiva de grupos minorizados (15%)Políticas de renda emergencial para famílias em situação de vulnerabilidade (15%)Criação de espaços e redes de apoio para autônomos e empreendedores (12%)

“No GOYN SP trabalhamos com base em dados e evidências para, coletivamente, desenhar soluções que possam apoiar as juventudes na sua jornada profissional. Para isso, temos a participação central de jovens-potência. A pesquisa é uma importante ferramenta de escuta e de reflexão para que possamos avançar com nosso propósito de promover a inclusão produtiva de 100 mil jovens-potência da cidade, até 2030”, explicou Nayara Bazzoli, líder do GOYN SP.

Saúde e educação caminham juntas

A pesquisa também trouxe dados sobre a saúde emocional das juventudes, com resultados que merecem especial atenção: 59% das(os) respondentes afirmaram que foram afetadas(os) pela ansiedade e, por conta disso, 76% estão em busca de trabalhos em que seja possível conciliar a vida profissional e pessoal.

Uma das soluções apontadas por 47% das(os) entrevistadas(os) para mitigar os efeitos da pandemia no seu bem-estar integral é a implementação de atendimento psicológico especializado nessa etapa da vida, na saúde pública, e 38% sugerem que esse acompanhamento seja feito nas escolas públicas.

Com relação à educação, os dados preocupam também, já que 49% das(os) estudantes afirmaram ter parado de estudar durante a pandemia. Embora tenham voltado à escola após esse período, 63% disseram sentir que estão defasadas(os) na aprendizagem. Já 54% consideram que conteúdos que preparem para o mercado de trabalho são mais significativos para o momento, sendo que 63% se sentem otimistas com a conexão educação e trabalho.

Participação política é vista com restrições

A pandemia despertou, em boa parte das(os) jovens, um olhar para o sentido da vida pública, com foco na recuperação econômica das pessoas e, consequentemente, do país. No que diz respeito ao sistema de governo, 86% das(os) entrevistadas(os) defendem a democracia. Por outro lado, apenas 3% disseram pretender se candidatar a cargos políticos futuramente o que, de certa forma, reforça um outro dado apurado pela pesquisa: 73% das(os) jovens não acreditam no comprometimento dos atuais políticos com os interesses e as necessidades da sociedade. Por outro lado, 56% se sentem mais otimistas em relação aos espaços de participação ampliados na fase da pós-pandemia.

Quando perguntados o que fariam se fossem políticos hoje, as(os) respondentes priorizaram ações para fortalecer a educação (33%), combater a fome (30%) e recuperar a economia (30%).

A pesquisa escutou 1.988 jovens de 15 a 29 anos, residentes na cidade de São Paulo, nos meses de julho e agosto de 2022. Desse grupo, 61% estavam estudando e 83% trabalhando (a maioria como jovem aprendiz).

Lançamento da pesquisa

O lançamento do Caderno São Paulo da pesquisa “Juventudes e pandemia: e agora?” foi realizado no dia 3 de novembro, no Centro Cultural São Paulo, durante o 3º Evento Anual do GOYN SP, coalizão articulada pela UWB para promover a inclusão produtiva das juventudes das periferias da cidade. O encontro reuniu mais de 100 pessoas dos diferentes setores sociais.

Na ocasião, Marcos Barão, presidente Conselho Nacional da Juventude do Brasil (Conjuve), apresentou os principais dados e mediou o painel para falar sobre perspectivas e ações que respondam aos desafios trazidos pelas evidências. Participaram dessa mesa Carla Francischette, do time do GOYN SP; Diogo Jamra Tsukumo, Gerente de Articulação Institucional do Itaú Educação e Trabalho; Mariana Resegue, coordenadora geral do ‘Atlas das Juventudes’ e coordenadora estratégica do Em Movimento’; Ramirez Augusto Lopes Tosta, coordenador de Políticas para a Juventude, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Cidadania e o Matheus Gastão, jovem que participou do grupo da pesquisa, morador de Cidade Tiradentes, graduando em Geografia pela Universidade de São Paulo.

O GOYN SP conta com 80 organizações em sua rede e com um Comitê Gestor formado pelas instituições Accenture, The Aspen Institute, CRS, GDI, Prudential, YouthBuild, Em Movimento, Fiesp/Ciesp, Fundação Arymax, Fundação Tide Setubal, Instituto Coca-Cola, Itaú Educação e Trabalho, Pepsico e Vocação.
Para saber mais e fazer parte desse movimento, acesse: https://goynsp.org/

A Equidade Racial, o papel das Organizações Backbone, o Investimento Social Privado e o engajamento de grupos minorizados foram temas do 2º Dia do Fórum Latino-Americano De Impacto Coletivo

Confira, nesta matéria, a síntese dos painéis do dia 20, com as principais experiências e reflexões sobre a metodologia impacto coletivo como estratégia para ações sistêmicas e sustentáveis que trazem a equidade racial como componente central para garantir eficiência.

Em parceria com a UW da Colômbia e UW do México, e curadoria de conteúdos da FSG, a UWB realizou o Fórum Latino-Americano de Impacto Coletivo, dias 19 e 20 de outubro, reunindo cerca de 400 pessoas. O objetivo do evento é promover o acesso a conceitos e práticas de diferentes países para inspirar instituições da América Latina no enfrentamento de desafios socioambientais complexos, utilizando a metodologia.

GOYN: Inovação na inclusão produtiva de jovens potência. Ter o público-alvo de iniciativas do impacto coletivo como protagonistas

O primeiro painel do dia apresentou o movimento internacional Global Opportunity Youth Network (GOYN), na voz de jovens-potência, protagonistas da iniciativa em suas cidades, e coordenadores locais.

A conversa foi introduzida por Joel Miranda, diretor senior de desenvolvimento e lideranças do  Aspen Institute, organização que idealizou o GOYN. Ele compartilhou dados sobre a situação das juventudes. “Temos 1.8 bilhão de jovens no mundo e 90% deles vivem em países com economias em desenvolvimento. Deste 1.8 bilhão, 380 milhões de jovens não estão conectados com a educação e o trabalho formais; 70 bilhões estão desempregados, sendo que três dentre quatro jovens são mulheres. Os empregos formais estão sob risco, porque milhares de empresas foram impactadas negativamente pela pandemia da Covid-19”, alertou Joel.

Segundo ele, o GOYN trabalha com organizações-âncora para criar oportunidades a jovens de 15 a 29 anos que estão na escola ou procurando emprego ou que estão fora do mercado de trabalho.  Para os próximos 10 anos, a meta é criar uma mudança nesse cenário mundial que possa impactar 350 mil jovens e melhorar a vida de milhões delas e deles, até 2030. O GOYN atua por meio de parcerias com jovens, comunidades, empresas, organizações públicas e privadas e, atualmente, está em nove cidades de sete países na América Latina, África e Índia, tendo conectado mais de 100 mil jovens com oportunidades de desenvolvimento.

“Investimos na formação para que jovens se organizem e levem suas vozes aos espaços mais necessários. Apoiamos diálogos para a criação de soluções e conectamos líderes do GOYN por meio de uma rede de parceiros institucionais. Tudo isso se baseia no pilar da equidade, tendo as juventudes como cocriadoras das soluções e estratégias”, reforçou Joel, que convidou membros do GOYN para contarem suas experiências em seus países.

Maria Paula Macías, coordenadora de Impacto Coletivo no GOYN Colômbia, mostrou a importância de se vencer barreiras e pré-julgamentos sobre jovens, vistos com certa reserva pelos adultos, para a construção coletiva de soluções que os preparem para liderar suas comunidades. “Em Bogotá, juntamos adultos que muitas vezes têm medo de se unir aos jovens em todos os processos. É essencial que sentem todos à mesa, porque, se não fizermos isso, não saberemos exatamente quais são as demandas das juventudes. Dentre as ações que estamos realizando coletivamente, iniciamos um projeto com a Fundação Corona de um laboratório de inovação social com curso de oito meses para jovens desenvolverem suas habilidades de liderança, de advocacy e de comunicação”, explicou.

Sobre a atuação no México, Jaqueline Garcia Cordero, coordenadora de liderança no GOYN México, conta que a cocriação é a chave do sucesso. “Estamos trabalhando em uma ferramenta que chamamos de Toolkit, um fundo que pretende financiar projetos impulsionados por jovens para desenvolverem suas comunidades. Contamos com diferentes comunidades da rede global, em São Paulo, Bogotá e nas comunidades da Índia, tendo como membros jovens do Núcleo Jovem e juventudes vinculadas a outras organizações que integram a rede. A ferramenta ajuda a elaborar projetos e integra diferentes perspectivas. É muito interessante perceber a multiculturalidade dentro desse contexto, colocando todos juntos para pensar soluções. A ferramenta é acessível para todes, inclusive para jovens com deficiência visual e auditiva”, contou.

Nilton Clécio, coordenador de território no  GOYN São Paulo, e Jonathan Sales, do Núcleo Jovem, compartilharam as experiências do movimento em São Paulo, onde o GOYN é articulado pela UWB. “Temos 50 Embaixadores do GOYN SP, que passaram por um processo de formação com parceiros técnicos para trabalhar o autoconhecimento, suas características e habilidades, fortalecer a comunicação para dialogar com outros jovens e pessoas de seus territórios e com organizações importantes à causa, tendo conhecimento também da máquina pública. Eles ‘vestem a camisa’”, explicou Nilton.

Outra ação em São Paulo é o Micro Fundo. “A gente atua com jovens de coletivos das zonas sul e leste, onde está o maior número de jovens-potência, que, de fato, precisam de apoio. E o nosso apoio aos coletivos é recurso financeiro e formação. Essas e esses jovens também desenvolveram uma rede de contatos, habilidades de empreendedorismo e de gestão de projetos para colocar suas iniciativas de pé e funcionando”, contou Jonathan.

Para Joel, se queremos avançar com a inclusão produtiva das juventudes, é preciso praticar o diálogo e a escuta. “Faça perguntas, aprenda com os jovens e como eles querem se envolver, crescer e se desenvolver. É nosso objetivo e nossa missão como adultos ajudá-los nisso”, finalizou.

Impacto Coletivo como uma das tendências do investimento social privado

Mediado por Richard Sippli, diretor de operações e relações institucionais no Movimento Bem Maior, o painel reuniu duas grandes organizações: Fundación Rafael Meza Ayau (FRMA), com Carla Meyer de Dumont, diretora-executiva, e Fundação Corona, representada por Natalia Salazar Sarmiento, coordenadora técnica de projetos de educação e emprego, que compartilharem suas experiências relacionadas aos investimentos do ecossistema filantrópico. 

Carla trouxe uma reflexão sobre a sustentabilidade de um modelo de ação com base no impacto coletivo. Para os projetos serem perenes, “criamos comitês de sustentabilidade e um comitê principal, representado pelos diferentes atores que participam da execução da iniciativa, durante todo o tempo de implementação. Os atores locais participam e existe uma liderança de base, garantindo que todas as ações feitas no projeto possam continuar. A sustentabilidade é possível com engajamento constante dos atores locais, que já conhecem o projeto e são embaixadores do conceito de impacto coletivo. O comitê tem a responsabilidade de continuar solicitando fundos, executando ações, envolvendo o governo, a cooperação da sociedade civil, igrejas porque isso é fundamental para abordar a questão da sustentabilidade em projetos de impacto coletivo”.

Ela conta que a fundação tem um eixo de formação social cujo papel é fortalecer os parceiros das localidades onde os projetos são implementados para que se se sintam empoderados e percebam que podem levar adiante suas ideias e soluções.

Carla ressaltou a importância de medir o impacto. “Mensurar é importante e acho que essa é uma fraqueza no nosso setor social em El Salvador. Estamos procurando fazer isso e tem sido um desafio alinhar os requisitos de métricas com todas as ONGs, mas é um processo que fortalece cada organização, a qualidade de tudo o que fazemos e que nos ajuda a identificar os líderes para cada assunto”.

Natalia ressaltou que nos projetos desenvolvidos pela Fundação, o investimento em monitoramento e avaliação da aprendizagem são fundamentais para a tomada de decisões, o que permite melhorar a médio prazo o desenho das iniciativas e os resultados.  Outra reflexão levantada por Natália é sobre a importância de as organizações abrirem suas mentes. “Normalmente, o público-alvo está no centro da avaliação, são as pessoas que nos motivam a levar adiante todas essas ações, mas primeiro devemos transcender a visão tradicional de monitoramento de projeto, entendendo que estamos tratando de processos mais complexos de longo prazo, o que requer investimentos, riscos, fracassos e avanços”.

Para exemplificar suas ponderações sobre investimentos versus riscos e impasses que precisam ser pensados e testados, ela usou o GOYN, movimento internacional que a Fundação Corona apoia em Bogotá, voltado a inclusão produtiva de jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica. “Temos três questões importantes quando discutimos essa iniciativa. A primeira é como desenhar uma colaboração que realmente permita a articulação de ações que reforcem as trocas entre os diferentes atores do sistema. A segunda questão é como conseguir identificar rotas mais inclusivas voltadas a setores particulares da economia que ofereçam oportunidades para jovens. Por fim, como conquistar a sustentabilidade financeira para a manutenção do projeto.”

O papel das organizações que atuam como backbone em projetos de impacto coletivo

Jennifer Splansky Juster, diretora-executiva da FSG,  e diretora do Colletive Impact Forum, foi a responsável por mediar este painel e fazer uma introdução para conceituar o papel desses atores no contexto de ações pautadas pela metodologia impacto coletivo.

As instituições backbone têm o papel de guiar a visão e a estratégia da ação colaborativa. Elas dão apoio ao trabalho e às atividades que estão acontecendo no campo. Estabelecem práticas de medição compartilhada para coletar e reunir dados com o objetivo de acompanhar o progresso e mostrar para as organizações e a comunidade o que está acontecendo. Também influenciam políticas públicas e políticas internas das organizações. Elas mobilizam recursos para realizar o próprio trabalho e para apoiar as iniciativas realizadas com outras organizações. “É importante ressaltar que as organizações backbone devem garantir que os membros da comunidade realmente estejam envolvidos, não só informando o que está acontecendo, mas cocriando todo o trabalho”, explicou Jennifer.

Com relação aos dados, eles são essenciais na tomada de decisões e nos ajustes de percurso das ações de impacto coletivo, como afirmou Adrienne Abbatte, diretora-executiva da Staten Island Partnership For Community Wellness, sediada nos EUA, que trouxe para o diálogo a experiência do projeto Tackling Youth Substance Abuse (TYSA). A iniciativa é uma coalizão para garantir saúde física e mental à população de Staten Island. “O projeto existe há mais de 10 anos, criado para atender ao crescente risco de morte por doenças crônicas entre os adultos. Fomos evoluindo conforme a percepção e dados trazidos pelo monitoramento. Em 2019, vimos que a fragilidade da saúde mental estava relacionada com as doenças, por isso, incluímos esse aspecto no projeto. Identificamos que esse problema impactava populações diferentes de formas diferentes, por exemplo, os adultos negros tinham mais tendência a desenvolver doenças crônicas. Começamos, então, a focar nesses públicos. Isso nos levou a focar no antirracismo, o que exigiu muita capacitação e envolvimento de parceiros. Temos agora um grupo de jovens dedicados à causa, grupos de pessoas LGBTQIA+. Tudo isso foi nos conduzindo a novas abordagens não só no TYSA, mas em outros programas que implementamos”, explicou.

Envelhecer com dignidade é o foco de um dos projetos desenvolvidos pela San Antonio Area Foundation, sediada no Texas (EUA), que reúne mais de 500 fundos financeiros e mais de 1 bilhão de dólares em ativos. Patricia Mejia, vice-presidente de envolvimento da comunidade e impacto, contou que, em San Antônio, 75% da população é formada por latinos e 7% são afrodescendentes. Há muita disparidade na comunidade e, com base em conversas e pesquisas, resolveram investir em ações de impacto coletivo para melhorar as condições de pessoas na terceira idade, para que possam envelhecer com dignidade e segurança.  O trabalho começou em 2016 e houve muito progresso desde então. “Temos mais de 40 organizações com mais de 100 pessoas desse público-alvo ajudando a gente a pensar em soluções para suas necessidades, desde mobilidade à moradia adequada, com acessibilidade. Nossas ações buscam influenciar políticas públicas”, explicou.

O case Primero Lo Primero”, programa para promover o desenvolvimento de crianças colombianas na primeira infância, que usa a metodologia impacto coletivo, foi apresentado por Cristina Gutierrez De Piñeres, CEO da UW Colômbia. Ela contou que, em um primeiro momento, um dos parceiros assumiu a função de backbone, mas, com a experiência, resolveram que era melhor delegar essa função a um time.

“Trouxemos a equidade no trabalho com a primeira infância levando um olhar sistêmico na atuação direta com diferentes atores, ou seja, as crianças, os cuidadores, as famílias, os agentes e as instituições educacionais, lideranças da comunidade e formadores de opinião. As organizações que atuavam com a primeira infância tinham as suas agendas e foi bem difícil criar uma agenda comum, demandando muitas conversas e flexibilizações para conseguir chegar a mais de meio milhão de pessoas em quatro territórios da Colômbia. Hoje sabemos que o modelo de backbone que utilizamos foi um dos principais fatores de sucesso nesse processo, porque nos ajudou a ter clareza da estrutura de governança e da liderança da organização desse time”, pontuou.

O futuro é coletivo: o desafio do engajamento

No último painel do Fórum, Ronaldo Matos, fundador do movimento Desenrola e Não me Enrola , mediou o diálogo, recebendo David Nemer, professor-assistente no departamento de estudos de mídia e no programa de estudos latino-americanos da Universidade de Virgínia, e Selma Moreira, vice-presidente de diversidade, equidade e inclusão LATAM, na JP Morgan.

“No diálogo de hoje, vamos tecer uma série de avaliações e compartilhar experiências sobre um futuro coletivo, um futuro em que a gente engaje, onde a gente tenha uma diversidade de atores sociais construindo uma sociedade mais igualitária”, disse Ronaldo para abrir a conversa, compartilhando diferentes dados que mostram a necessidade urgente de avançarmos nesse propósito. 

No Brasil, 56,1% da população se autodeclara negra. No país, o celular é a principal ferramenta de acesso à internet para 99,5% dos domicílios brasileiros. Nas regiões com alta taxa de vulnerabilidade social, o celular é a única ferramenta de acesso à internet para 70% das pessoas. No Jardim Ângela, bairro periférico de São Paulo, existem 1,4 antenas de telefonia móvel para cada 10 mil habitantes, enquanto o Itaim Bibi, região nobre da cidade, são 49,8 antenas de telefonia móvel para o mesmo montante de moradores.

Diante destes e outros dados, Selma coloca a sua visão sobre como governos, empresas e organizações do campo de investimento social privado podem trabalhar pela equidade racial.  “É muito complexo. A gente tem mais tempo de país com uma história escravocrata do que de um país liberto. Isso ainda está nas nossas entranhas de diferentes formas. Acho que todos aqueles que decidem ter uma postura intencional antirracista, agora precisam agir. Ou seja, me coloquei nesse lugar, qual é a minha ação? É do micro, de como você lida no dia a dia com as pessoas ao seu redor, na sua rede, com as pessoas que trabalham com você, quando você toma uma decisão num escopo maior de uma organização privada governamental ou social. Como é que você desenha os seus programas, se você está colocando intencionalidade para provocar a mudança que é necessária e urgente”, reforçou.

David falou sobre as principais transformações que ele considera necessárias para incluir a população negra como produtora de novas tecnologias, capazes de transformar e de combater as desigualdades sociais nos territórios. “As empresas de tecnologia precisam abrir espaço para não encarar essa população como meros consumidores, mas sim como produtores e trazê-los pra mesa onde as decisões são tomadas, discutindo design, desenvolvimento, mercado para que negras e negros possam trazer a visão de seus mundos, sua expertise, todo o conhecimento que, muitas vezes, não é entendido como um conhecimento válido porque está fora, porque está na periferia”, concluiu.

Saiba tudo o que aconteceu no primeiro dia do Fórum, painel por painel, acessando aqui a matéria completa. Continue acompanhando as redes sociais da UWB para participar de novos debates e ações sobre a metodologia impacto coletivo.

Ações para incluir populações invisibilizadas, garantindo equidade, e o papel das empresas foram os temas do 1º Dia do Fórum Latino-Americano De Impacto Coletivo

Nesta matéria, confira a síntese dos três painéis do dia 19, com mensagens-chave sobre a importância da colaboração e de uma atuação horizontal para envolver diferentes atores, trazendo equidade como pilar das mudanças sistêmicas e sustentáveis.

Iniciativa da UWB, em parceria com a UW da Colômbia e UW do México, com curadoria da FSG, o Fórum Latino-Americano de Impacto Coletivo, realizado dias 19 e 20 de outubro, reuniu cerca de 400 pessoas. Os participantes puderam ter acesso a conceitos e práticas de diferentes países, que estão enfrentando desafios socioambientais complexos, para gerar mudanças sistêmicase sustentáveis em diferentes regiões do mundo.

A atuação coletiva, colaborativa e horizontal tem sido a fórmula mais eficiente para estruturar estratégias capazes de resolver ou mitigar problemas que impedem pessoas e comunidades de prosperarem. No entanto, sem equidade, especialmente a racial, a metodologia impacto coletivo tende a não alcançar o sucesso esperado. Por isso, a revisitação sobre o conceito, que agora inclui e coloca a equidade no centro, foi o tema que abriu a programação.

Abertura do evento

Gabriella Bighetti, diretora executiva da UWB, abriu o Fórum ao lado de Cristina Gutierrez, diretora executiva da UW Colômbia, e Victor García, diretor de inovação e desenvolvimento da UW do México. Para Gabriela, “a metodologia impacto coletivo pressupõe um trabalho integrado entre membros da comunidade, organizações e instituições multissetoriais, que promovem a equidade por meio de aprendizado e de ações concretas, alinhando às iniciativas de cada um com o objetivo de alcançar mudanças sistêmicas”. Ela lembra que a metodologia foi criada há mais de 10 anos, nos Estados Unidos, mas ainda é pouco difundida na América Latina, por isso a realização de um fórum com essa abrangência.

Para Cristina Gutierrez, incluira equidade como pilar fundamental do conceito da metodologia impacto coletivo foi essencial. “Sem equidade não vamos resolver as desigualdades e continuaremos vivendo contextos com pobreza, racismo estrutural, violência, desemprego, falta de equidade de gênero e, obviamente, a falta de acesso aos direitos pelos grupos minorizados. Estamos vivenciando um período de pós pandemia que realmente impactou nossos países e precisamos ter um olhar renovado para conseguir mudanças transformadoras”.

A América Latina sofreu uma grande onda de problemas e temos que reconstruir o contexto social e econômico da população. Nos dois dias deste fórum, nós queremos ter uma conversa sobre o papel de cada um nessa equação, nesse contexto, e a força das parcerias é a chave para mitigar os efeitos negativos destes tempos em que o capital humano e as comunidades têm o papel de discutir e difundir experiências que já mudaram realidades”, afirmou Vitor.

Na abertura, a plateia pode assistir à apresentação artística do grupo Surarás do Tapajós, o primeiro grupo de carimbó de Alter do Chão, do Oeste do Pará, composto somente por mulheres e o único brasileiro só com mulheres indígenas.

Priorizar a equidade no impacto coletivo: atualização e aprendizados

Mediada por Marcelo Rocha, fundador e diretor-executivo do Instituto Ayíka, o primeiro painel trouxe o conceito impacto coletivo revisitado, com a inclusão da equidade racial como pilar da metodologia, nas vozes de seus criadores, John Kania, pesquisador, diretor-executivo do Colletive Chang Lab, um dos autores da metodologia impacto coletivo e do artigo “Priorizar a  equidade no impacto coletivo”, e Junious Williams, diretor do Junious Williams Consulting, Inc. e conselheiro sênior do Colletive Impact Forum, também um dos autores do artigo revistado.

John explicou que a ideia de estruturar a metodologia veio da percepção de que muitas organizações trabalhavam pelas mesmas causas, mas de forma independente, com seus financiadores. Os resultados muitas vezes eram mínimos e/ou descontinuados. A metodologia traz essa visão colaborativa e horizontal, juntando todo mundo em um ecossistema articulado e organizado. Com o tempo, perceberam que os avanços sociais das iniciativas de impacto coletivo ainda eram tímidos e que faltava um ingrediente essencial: a equidade, especialmente a racial, que precisa estar presente em todas as etapas que compõem uma ação baseada no impacto coletivo. Por isso, o artigo original, lançado há dez anos, que definia o conceito da metodologia, foi reescrito, incluindo a equidade racial. “Percebemos que o processo é tão importante quanto o produto, portanto, o impacto coletivo envolve trabalhar em escala e isso exige um aprofundamento do conhecimento e da definição do que representa. Evoluímos nessa definição, agora mais apropriada, que pode levar à equidade e à justiça no mundo”, afirmou John.

Junious chamou a atenção para a questão da equidade na prática: “Tem uma diferença entre incluir e pertencer. Quando eu incluo, eu tenho uma mesa e convido você para a minha mesa. Não mudo nada porque a mesa é minha e você é um visitante. Esse é um problema estrutural das sociedades, dos sistemas que foram construídos sem equidade. Mas não é suficiente ser convidado para uma mesa que não foi estruturada pensando em mim ou em outras diversidades da população. Isso é incluir, não é pertencer. Pertencer significa que eu te convido com a proposta de cocriar uma mesa que vai funcionar para todos e é isso o que a gente quer dizer com pertencer. É fundamentalmente importante porque se todos os grupos interessados, todos os stakeholders, não forem engajados desde a concepção, o projeto é ilegítimo e não vai funcionar para o benefício de todos os grupos, então tem a ver com representação, tem a ver com quem está sentado à mesa, tomando as decisões para a equidade”.

Marcelo contextualizou o cenário brasileiro, especialmente no que diz respeito às lideranças. “No Brasil, a gente tem uma população com 50.7% de pessoas negras e 70% da população mais pobre é majoritariamente negra. Esses dados se relacionam com essa questão da estrutura social, de quem ocupa os lugares de lideranças, os espaços estruturais da sociedade. Ver um jovem negro da minha idade, dirigindo uma organização é uma coisa completamente rara no nosso país”. 

Para Junious, os padrões de discriminação tiraram das pessoas negras as oportunidades de exercerem a liderança. “Precisamos ter certeza de que estamos investindo na geração atual de líderes e nas próximas gerações também para termos sistemas e estruturas que ajudem negras e negros a desenvolverem suas habilidades de liderança. Haverá sempre líderes visíveis, mas a gente sabe que liderar até movimentos menores também é crítico, é preciso ter uma continuidade de pessoas que vão se tornar líderes dessas lutas”, reforçou. 

Experiências que transformam populações vulneráveis e invisibilizadas 

A mediação deste painel foi feita por Lívia Lima da Silva, jornalista,cofundadora e editora do “Nós Mulheres da Periferia”. Ao lado dela, o Fórum recebeu representantes de iniciativas de impacto coletivo implementadas nos EUA (Texas e Havaí), na Índia e no Brasil.

A primeira a expor a experiência foi Laura Koening, diretora de soluções comunitárias da E3 Alliance. Ela apresentou o projeto que utiliza dados, evidências e atuação colaborativa para melhorar a aprendizagem dos alunos e diminuir as desigualdades, da infância à idade adulta, em Austin, no Texas.

O projeto “Os caminhos de matemática”, implementado em 2017, pretendia ajudar estudantes a avançarem na aprendizagem, já que apresentavam baixa performance na disciplina, o que tende a afetar a mobilidade dos alunos nas suas vidas produtivas no futuro. Mas havia disparidade no progresso desses estudantes. Negros e negras não conseguiam chegar ao resultado esperado, em comparação com estudantes brancos. Por isso, o grupo gestor se reuniu para identificar o que gerava essa desigualdade, fez uma pesquisa com os grupos interessados e criou recomendações para uma política local e para mudanças práticas. “Isso apoiou e engajou alunos e famílias e a gente rastreou esses dados ao longo do tempo. Hoje a maioria dos estudantes negros (mais de 80%) estão dentro dos resultados esperados de aprendizagem. Em 2018, esse índice era de 20%”, explicou Laura.

O segundo case foi apresentado por Maria Bystedt, líder de estratégia da H&M Foundation, e Akshay Soni, diretor do The Nudge Institute., organizações que compõe a iniciativa Saamuhika Shakti, em Bangalore, a primeira ação de impacto coletivo na Índia. O projeto conta com várias organizações implementadoras que se uniram para garantir aos catadores de recicláveis uma vida digna e renda segura, com foco específico em gênero e equidade. 

Lançado em 2021, tem como um dos pilares a cocriação de soluções com os atores que vivem nesses sistemas e com organizações que já trabalhavam de forma holística para atender as necessidades dos catadores. O Nudge Institute é a organização alicerce, responsável pela coordenação da parceria. “Queremos aliviar problemas que são intangíveis e isso coloca a equidade no centro. Trabalhamos com parceiros e comitê diretor, todos representados na mesa de diálogo. Queremos garantir que todo mundo tenha igual acesso à saúde e cuidar dessa população, por isso, cada parceiro faz suas intervenções e pautam suas iniciativas com base nos feedbacks obtidos nas reuniões com a comunidade”, explicou Akshay.

Para trabalhar a igualdade de gênero, cada parceiro faz a sua abordagem para depois, todos juntos, cocriarem estratégias e customizar as soluções para gerar a transformação pretendida.

Uma das ações foi a campanha “Das garrafas para os botões”. Cada botão de roupa é feito de 30% de plástico reciclável. Os catadores recebem pela coleta desses botões, o que aumenta muito a renda. “Também estamos explorando modelos de negócios conduzidos por catadores de lixo para a reciclagem”, reforçou Maria.

O terceiro case foi apresentado por Janice Ikeda, diretora-executiva da Vibrant Hawaii, uma experiência de implementação de microfinanciamentos para gerar oportunidades de desenvolvimento econômico ao povo indígena nativo do Havaí.

Com base em dados, a organização definiu o perfil da população da ilha, que possui um alto nível de pobreza e de pessoas que não conseguem acessar necessidades básicas. Envolveram governo, organizações filantrópicas, áreas da educação e do serviço social e pessoas interessadas em apoiar o desenvolvimento local. Também escutaram a população para começar a construir uma comunidade vibrante. “As pessoas não precisam ouvir o que elas precisam fazer, elas só precisam ser lembradas de quem são e a gente viu essa questão em diferentes narrativas dentro da comunidade”, explicou Janice.

As principais áreas trabalhadas para o desenvolvimento do Havaí são educação, economia, saúde e bem-estar. Na economia, reuniram mais de 300 stakeholders de todos os setores e distritos da ilha, para projetar uma estratégia econômica abrangente que fosse levada ao órgão federal, garantindo repasses que atendessem às expectativas e necessidades da população havaiana. “A comunidade participou de uma conversa sobre o que deveria ser incluído como prioridade para investimentos econômicos. Definimos, conjuntamente, que queríamos recursos para artes, saúde e bem-estar, educação, indústrias alimentícias sustentáveis, tecnologia e turismo regenerativo. Tudo foi incluído em um documento robusto, compartilhado com a comunidade. Oferecemos prêmios de até 2 mil dólares para a população dar sugestões sobre como trabalhar os temas solucionados. Tivemos dois grupos formados por 40 empreendedores e conseguimos mais investimentos com os governos”, contou.

O último painel foi sobre a experiência brasileira, apresentada por Thais Ferraz, diretora institucional do Instituto Arapyaú, para desenvolver a região do litoral sul baiano, onde o cacau é produzido.

“As árvores de cacau convivem com árvores nativas da Floresta da Mata Atlântica, o que requer uma série de serviços ambientais que são providos por esse sistema, mas que não necessariamente geram renda para as populações. A produção se dá, na sua maior parte, por meio da agricultura familiar. A partir de vários estudos desenvolvidos em colaboração, identificamos que os produtores têm uma renda abaixo do que acreditamos ser suficiente e aceitável e uma produtividade também abaixo do que eles podem alcançar. Uma das causas desse problema é a falta de acesso ao crédito”, explicou Thais.

Uma rede de parceiros estruturou o modelo de crédito em um blended finance, em que o capital filantrópico ajuda a estruturar e atrair investimentos que buscam retorno, conseguindo mobilizar mais de R$1 milhão para beneficiar 134 pequenos produtores, viabilizando a oferta de assistência técnica para eles. “Um ano depois, obtivemos um aumento de renda média de quase 40% para cada produtor. Entre as mulheres esse aumento foi ainda maior, de quase 44%, com uma inadimplência de apenas 0,48%”, celebrou. 

O Instituto Arapyaú ajudou a desenhar a iniciativa e fez o investimento filantrópico. Com o Instituto Humanize e especialistas na área ambiental desenharam o produto financeiro, denominado Título Verde. A operação é feita por uma organização comunitária que tem um profundo conhecimento do território, o que garante o sucesso da iniciativa. “A conexão com o público-alvo é muito importante. Ouvir as pessoas que estão sendo impactadas por essa iniciativa é fundamental”, concluiu. 

O papel das Empresas no Impacto Coletivo: Uma relação com a Agenda ESG

Este painel foi mediado por Silvana Caro, diretora-executiva da consultoria de sustentabilidade Soluciones Conjuntas, especializada em  relacionamento estratégico e gestão de alianças, no Peru.

Os painelistas convidados compartilharam o potencial e a importância das empresas na articulação e/ou apoio de inciativas de impacto coletivo.

Professor Heiko Spitzeck, Gerente do Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, introduziu o tema trazendo conceitos e práticas que relacionam a participação das empresas nas mudanças sistêmicas, alavancando a agenda ESG.

Usando exemplos práticos, de corporações de grande porte, ele levantou reflexões importantes como a necessidade de as pessoas que atuam na área de responsabilidade social criarem um sentido econômico para as empresas se engajarem na agenda ESG. Por exemplo, os riscos de perderem clientes e acionistas por não estar em acordo com questões socioambientais consideradas primordiais atualmente. “A lógica aqui, muitas vezes, é de uma pressão que a empresa tem para resolver um problema socioambiental e ela entende que não é um desafio somente dela, mas de outras organizações também e, juntas, podem colaborar para superar esse desafio”, explicou.

Depois dessa fala, Gianina Jimenez, Head de Comunicação, Sustentabilidade e Assuntos Corporativos do Grupo AJE, do Peru, produtora de alimentos presente em quatro países, apresentou o case de sua empresa.

Desde 2019, a AJE assumiu a missão de liderar uma revolução natural para mudar a forma como as pessoas se relacionam com o que o planeta fornece, reforçando o valor da biodiversidade e o legado cultural dos países onde estão presentes, por meio do empoderando das comunidades. Para isso, desenvolveram o projeto Super Frutos que Conservam Florestas, que oferece formação, assistência técnica e organização dos produtores, com remunerações justas pelo trabalho e pela produção. “É bom para o meio ambiente, porque estamos preservando as áreas de reserva nacional, e, também, é bom para quem consome, porque aproveitamos todos os benefícios dos frutos da Amazônia. Por meio do projeto, conseguimos comprar mais de 700 mil quilos diretamente dos produtores, beneficiando mais de 200 famílias, capacitando 24 comunidades e provendo quatro áreas naturais protegidas”, explicou. Toda a operação é feita por meio de parcerias com organizações e o governo peruano. O modelo deu certo e está sendo implementado na Tailândia, onde a empresa tem sede. 

Para encerrar o painel, e o primeiro dia do Fórum, Maike Von Heymann, Gerente de Parceria e Desenvolvimento Socioeconômico da Anglo American, compartilhou a experiência da empresa britânica de mineração com operações na África do Sul e na América Latina. “Temos uma rede de sustentabilidade e um dos eixos-chave é o que chamamos de ‘Desenvolvimento Regional Colaborativo’, uma plataforma colaborativa para impulsionar as regiões onde temos sedes. A plataforma foi projetada com base nos princípios do impacto coletivo atuando com uma rede de atores diversos: setores privado e público, sociedade civil, ONGs e instituições que possuam a mesma visão de desenvolvimento socioeconômico”, explicou Maike.

Segundo ela, a empresa tem uma visão de longo prazo e para além das operações de mineração, focando na diversificação econômica com utilização e reaproveitamento da inovação, tecnologia e do valor agregado a todos os atores participantes.

No Peru, essa plataforma foi implementada em 2019 e se chama Moquegua Crece. Na tomada de decisão, todos os parceiros têm o mesmo peso de voto. “Estamos implementando projetos de desenvolvimento de cadeias de valor com um foco de hidrogênio verde e fizemos uma pesquisa com uma associação no Peru. Sobre o uso dos recursos naturais, focamos na água com o lançamento de um projeto-piloto para o manejo sustentável dos recursos hídricos. Para nós, é muito importante que façamos essas ações colaborativas vinculadas ao nosso propósito de reconfigurar o setor da mineração para que consiga melhorar a vida das pessoas, criando benefícios para todos os atores”, concluiu.

Durante os painéis do primeiro dia, a audiência pode interagir com os temas, construindo nuvens de palavras, contando histórias pessoais relacionadas ao impacto coletivo e respondendo ao quizz, além de encaminhar perguntas aos palestrantes.

Equidade racial é tema do Fórum Latino-americano de Impacto Coletivo

Realizado pela UWB (United Way Brasil), em parceria com as UW da Colômbia e do  México, o evento on-line reunirá nos dias 19 e 20 de outubro, especialistas de  diferentes países para compartilhar conhecimentos e práticas que utilizam a  metodologia impacto coletivo com o propósito de enfrentar desafios socioeconômicos  e ambientais complexos. 

As inscrições já estão abertas e podem ser feitas na  página: https://uwb.org.br/forum/

O Fórum Latino-americano de Impacto Coletivo irá reunir, ao vivo,  no YouTube, representantes de instituições, fundações, organizações sociais,  Academia, poder público, empresas e interessados no tema. O objetivo é ampliar o  debate sobre a importância de uma atuação coletiva, colaborativa e horizontal para  formular estratégias eficientes capazes de resolver ou mitigar problemas que impedem  pessoas e comunidades de prosperarem, comprometendo a sustentabilidade do  planeta. 

Nesta edição do fórum, a equidade, especialmente a racial, é o tema central dos  diálogos e debates, entendendo que promovê-la é essencial para que as ações sejam,  de fato, sistêmicas e sustentáveis. Por isso, a importância de se ter clareza sobre o  conceito da equidade definida como “a imparcialidade e a justiça alcançadas por meio  da avaliação sistemática das disparidades em oportunidades, resultados e  representações e a reparação dessas distorções excludentes por meio de ações  intencionais e direcionadas” (artigo Priorizar a equidade no impacto coletivo). 

O foco na equidade racial se sustenta na realidade histórica enfrentada pelas pessoas  negras, frequentemente marginalizadas estrutural, institucional e interpessoalmente  nos diferentes países. Focar nessa equidade nos permite apresentar ferramentas e  recursos que podem ser aplicados em outros segmentos sujeitos à exclusão – pessoas  com deficiência, orientação sexual, gênero, classe social, casta, etnia, religião etc. 

Convidados internacionais e nacionais trarão diferentes práticas  No primeiro dia do evento, John Kania, pesquisador e cocriador da metodologia de  impacto coletivo, em 2011, e Junious Williams, conselheiro sênior do Colletive Impact  Forum, irão explicar como se deu a reformulação do conceito que define a  metodologia, revisitado após dez anos, para tornar as ações mais efetivas. Suas explanações terão, como base, o artigo “Priorizar a equidade no impacto coletivo”,  escrito por eles e outros especialistas, publicado na revista Stanford Social Innovation  Review. 

O dia será pontuado por apresentações sobre experiências de impacto coletivo de  países dentro e fora da América Latina, com foco na equidade racial. Também trará o  painel O papel das empresas no Impacto Coletivo: uma relação com a agenda ESG,  que terá a introdução conceitual do Prof. Heiko Spitzeck, professor na área de  sustentabilidade e Gerente do Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral.

No segundo dia do fórum, lideranças e jovens-potência do Brasil, da Colômbia e do  México, do movimento internacional Global Opportunity Youth Network (GOYN), irão  compartilhar suas experiências territoriais, indicando a relevância da iniciativa para  engajar e mobilizar jovens-potência, colocando-os no centro da rede de articulação de  oportunidades formativas para promover a inclusão produtiva de juventudes. 

O painel “Impacto Coletivo como uma das tendências do investimento social  privado” trará dados e percepções de especialistas e pesquisadores, além de relatos  de práticas bem-sucedidas, nacionais e internacionais, para evidenciar o potencial da  metodologia impacto coletivo para o contexto e fortalecimento do investimento social  privado no Brasil. 

No painel Papel das organizações que atuam como backbone em projetos de Impacto  Coletivo, mediado por Jennifer Splansky Juster, diretora-executiva da FSG, será  debatido o papel fundamental das instituições que atuam como parceiras  articuladoras de iniciativas que utilizam a metodologia impacto coletivo para enfrentar  problemas sociais complexos. Toda a programação do Fórum Latino-americano de Impacto Coletivo está disponível  na página do evento.