Mentoria de mulher para mulheres: no Competências para a Vida tem!

“O que estamos fazendo para que nossos sonhos pessoais e profissionais comecem a se realizar?”

Foi com esta pergunta que Carla Lima, secretária-executiva da presidência, na Morgan Stanley, e mentora voluntária do programa Competências para a Vida, abriu a sessão on-line. As quatro jovens presentes se intercalaram nas falas, compartilhando as reflexões feitas desde a última sessão. O grupo, só de garotas, mentorado por uma profissional, sente-se à vontade para apontar seus anseios e suas dúvidas. A identificação entre elas é perceptível, por exemplo, sobre a questão da jornada dupla ou tripla de trabalho. Uma das jovens é casada e acaba assumindo muitos afazeres. Carla se solidariza, afinal, também vive essa realidade.

É nessa troca que as competências socioemocionais ganham força: empatia para entender o outro, resiliência para transformar desafios em alavanca às conquistas, autoestima e autoconfiança – abaladas durante a pandemia… Habilidades essenciais para conquistar espaços profissionais e ter sucesso na vida.

Suzana Evelyn estava confusa sobre o que fazer profissionalmente. Ela tem 17 anos e vive em Francisco Morato (SP) com seu marido. Na sessão, contou que as coisas ficaram mais claras com as mentorias e agora ela decidiu que vai ter a própria empresa de roupas, que ela mesma irá desenhar. “Já arrumei minha máquina de costura, tenho assistido a vídeos na internet e vou começar a confeccionar máscaras”, compartilha animada. No médio prazo, ela pretende cursar faculdade de Administração, porque acredita que irá ajudá-la a prosperar no seu empreendimento.

Ana Silva foi buscar apoio de uma tia psicóloga e juntou o aprendizado nas sessões do programa com a experiência da sua parente. Ana tinha muitas dúvidas sobre sua carreira e queria entrar na faculdade, mas agora entende que o melhor é frequentar um curso técnico de Fisiologia, em 2022, para começar a traçar seu caminho à universidade, na área Biomédica. 

Danielly Santos gosta de muitas coisas e quando entrou no programa Competências para a Vida, as ideias eram ainda confusas. Não sabia se queria fazer Biologia, Matemática… Pelas trocas e encaminhamentos na mentoria, começou a pesquisar mais sobre as profissões e se identificou muito com Engenharia Ambiental, escolhendo esse foco para seus próximos passos.

“Tô bem confiante no que eu quero fazer, mas se eu mudar de ideia, tudo bem. O importante é seguir o que eu gosto”

Danielly santos, 17, francisco morato (SP)

Ela admite que não pensava assim. A pressão sobre as juventudes, para que se definam, é grande. As jovens do grupo sentiam as cobranças na pele, mas ao ouvirem Carla, que fez tanta coisa antes de se tornar uma secretária bem-sucedida, elas entenderam que podem mudar de opinião. O que não podem é desistir ou fazer o que os outros querem que façam. “Eu pensava em ser professora de inglês. Comecei a ir por aí e detestei! Já meus pais sonhavam que eu fosse advogada. Fiz dois anos de faculdade de Direito e não curti. Eu tinha 23, 24 anos e não estava me achando. Então, fui juntando o que gostava e acabei trabalhando como recepcionista. Recebi o estímulo de quem me contratou, que me disse que eu tinha potencial. A partir daí, construí a minha carreira e cheguei aonde estou”, revela Carla, para uma plateia atenta.

Cristiane Alves, a outra jovem do grupo, é cantora e quer ser atriz, biomédica, psicóloga… Ainda não se definiu, mas revela que, até entrar no Competências para a Vida, não acreditava que podia ser alguma coisa, que podia sonhar alto. Hoje ela sabe que as opções são muitas, basta escolher. “Saber que posso querer é muito importante para mim. Agora eu não vou desistir. Vou atrás do que eu gosto”, diz entusiasmada.


Nunca tive um mentor

Carla Lima é mentora voluntária do Competências para a Vida na fase da pandemia. Quando soube do programa, decidiu participar e se identificou de cara com a primeira turma, formada por rapazes e garotas, que viviam no mesmo território onde ela cresceu, em Francisco Morato. “Vi minha juventude ali, de novo. Eu também tinha de pegar trem, ônibus para estudar, trabalhar. Não havia faculdade, tudo era mais complicado… As mesmas dificuldades que essa turma vivenciava”, conta.

O segundo grupo foi de Jaboatão de Guararapes (PE), que lhe proporcionou o contato com outras realidades. E agora ela assumiu a mentoria do grupo de garotas, novamente voltando ao seu território (Francisco Morato). “Pesquisei muito sobre a realidade das mulheres negras e, também, sobre a Síndrome da Impostora, que fala da autossabotagem. Procurei apoiá-las nas suas decisões e aprendi bastante com essas jovens”. Para Carla, o grupo começou a mentoria com muitas dúvidas. “Mas agora elas estão bem centradas. Entenderam que podem ser o que quiserem. Que vão ter de batalhar muito para realizar sonhos, mas que têm o que precisam para isso e, o que não têm, vão conquistar”, ressalta.

Carla nunca viveu essa experiência, de receber orientações na juventude sobre suas escolhas. “Na verdade, convivi com muitas pessoas negativas. Precisei vencer essa barreira, me impor e perseguir meus sonhos”, conta. Agora ela apoia jovens para que façam o mesmo.


A dor e a delícia de ser jovem e mulher

Empoderar as jovens para que conquistem seus espaços, apesar de todas as pressões que enfrentam e que revelam a desigualdade de gênero e de raça no mundo do trabalho, é um dos papéis da mentoria do Competências para a Vida. Elas sabem que terão de lutar contra o preconceito.

“As pessoas subestimam muito as mulheres. Geralmente para nós sobram os cargos de entrada nas empresas, com salários inferiores aos dos homens. Mas a gente sabe que tem a capacidade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Tanto que nossas vidas são diferentes das dos homens. Ter uma mentora mulher me ajudou a acreditar que posso conseguir construir uma carreira profissional com sucesso”, conclui Suzana Evelyn.

Para Danielly, “ser mulher é ter de provar todo dia que se é capaz. Ter a mentoria da Carla reforça a representatividade de gênero no mercado de trabalho. Ela é uma referência de garra, de que vamos conseguir chegar aonde queremos, sim, e ser tão boas quanto os homens. O programa me ajudou a me priorizar, a investir em mim, a cuidar da minha saúde mental, a me conhecer melhor e aprender antes de sair correndo atrás de qualquer emprego. Sinto-me bem mais preparada para essa caminhada pessoal e profissional, como jovem e mulher”.