Evento de Impacto Coletivo discute estratégia para enfrentamento de problemas complexos

SÉRIE FÓRUM BRASILEIRO DE IMPACTO COLETIVO

Esta é a primeira de uma série de matérias que vão abordar os painéis do Fórum Brasileiro de Impacto Coletivo, dias 29 e 30 de setembro, realizado pela United Way Brasil em aliança estratégica com Collective Impact Fórum, Aspen Institute, Global Opportunity Youth Network (GOYN) e Gife (Grupo de Institutos Fundações e Empresas).

“A United Way é uma organização internacional que atua com base na colaboração. Há dois anos a gente se desafiou a articular um programa aqui no Brasil, cuja principal estratégia era o Impacto Coletivo. Foi quando percebemos que esse tema é pouco conhecido e estudado no nosso país. Nós não encontramos materiais em português sobre o assunto. Começamos a pesquisar e decidimos nos unir a outros parceiros para sonhar juntos e idealizar, no Brasil, o primeiro Fórum de Impacto Coletivo. Queríamos trazer essa metodologia para a discussão, compartilhar práticas e disseminar conhecimento, porque já entendemos que o futuro é colaboração!”. Esta fala de Gabriella Bighetti, diretora executiva da United Way Brasil, abriu o 1º Fórum Brasileiro de Impacto Coletivo, realizado pela organização em aliança estratégica com Collective Impact Forum, Aspen Institute, Global Opportunity Youth Network (GOYN) e Gife (Grupo de Institutos Fundações e Empresas), com o apoio de disseminação de conhecimento do Instituto Sabin e a colaboração da Fundación FEMSA e OEI (Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura). 

O FUTURO É A COLABORAÇÃO!

Na manhã do dia 29, mediados por Fernanda Schimidt, jornalista e editora do Ecoa (UOL), Nina Silva, idealizadora do Movimento Black Money, e Adam Kahane, diretor da Reos e especialista em solução de conflitos, trouxeram suas experiências que utilizam a colaboração ao enfrentamento de problemas complexos, como o desafio do racismo estrutural no Brasil e a transição do apartheid para a democracia na África do Sul, assim como o caso de pacificação e transformação no México, após o extermínio de professores e alunos indígenas, em 2014.

No segundo painel do dia, John Kania, um dos “pais” da metodologia Impacto Coletivo, foi entrevistado pelo jornalista Fernando Rossetti e contou sobre a origem do método e seus principais aspectos e as contribuições que têm dado para que questões complexas possam ser trabalhadas coletivamente por instituições, com base em uma agenda comum, monitoramento compartilhado, atividades que se reforcem mutuamente, comunicação contínua e uma organização de base para coordenar e alinhar o trabalho de todos.

Liz Weaver, co-CEO do Tamarack Institute, Paulina Klein, do Movimento Impacto Coletivo para Pesca e Aquicultura do México, Amy Ahrens Terpstra, vice-presidente de parcerias de impacto coletivo da United Way Salt Lake, participaram do terceiro painel do dia, mediado por Jennifer Splansky Juster, diretora executiva do Collective Forum Impacto da FSG. Essas lideranças femininas compartilharam ações práticas que realizam em seus países, todos pautados na colaboração, para gerar transformações sistêmicas e sustentáveis às populações mais vulneráveis.

IMPACTO COLETIVO É A SOLUÇÃO

No segundo dia do Fórum, Erika Sanchez Saez, autora do livro Filantropia Colaborativa, organizado pelo GIFE, abriu a manhã para falar sobre os achados de sua pesquisa, que deu origem à publicação. Ela fez uma análise de como empresas e instituições podem otimizar os recursos que destinam às causas sociais, por meio da colaboração intencional, a fim de que os resultados sejam mais efetivos e transformadores.

O segundo painel do dia, mediado por Jamie McAuliffe, diretor da Aspen Institute, reuniu as lideranças do GOYN, movimento internacional que atua pela inclusão social e produtiva das juventudes em situação de vulnerabilidade. Daniela Saraiva, do GOYN SP, no Brasil, Mahmoud Noor, do GOYN Mombasa, no Quênia, e Camilo Carreño, do GOYN Bogotá, na Colômbia, trouxeram os desafios e as oportunidades vivenciados nos seus territórios e como a metodologia do Impacto Coletivo integra o DNA do movimento para que jovens possam ser protagonistas de suas histórias e das mudanças sociais nos seus territórios. Esse protagonismo foi trazido por Ana Inez (São Paulo), Amina (Mombasa) e Jorge (Colômbia), lideranças jovens do GOYN, que expuseram as suas realidades e as ações coletivas pensadas para transformá-las. Em São Paulo, o GOYN é articulado pela United Way Brasil e conta com uma rede colaborativa formada por mais de 80 organizações cujo objetivo é incluir produtivamente 100 mil jovens-potência da cidade nos próximos anos.

O financiamento de iniciativas colaborativas foi o tema do painel mediado por Natália Leme, da Fundação Arymax, reunindo Leonardo Letelier, fundador e CEO da SITAWI Finanças do Bem, Marco Gorini, presidente do conselho AngaDin4mo e cofundador do Grupo Din4mo, e Greta Salvi, diretora no Brasil da Latimpacto. Nesse diálogo, foram tratados diferentes modelos de financiamento que contribuem para a questão da filantropia coletiva, a noção de um novo capitalismo que adota um posicionamento empresarial focado em gerar valor para todas as partes interessadas, contemplando não só os acionistas, como, também, os colaboradores, clientes, fornecedores, comunidades e meio ambiente. Discutiu-se, também, as redes de colaboração que se formaram para financiar soluções à crise gerada pela Covid-19, exigindo ações rápidas com resultados de curto prazo. 

O penúltimo painel da segunda manhã do evento trouxe ao debate a importância e os desafios da avaliação de iniciativas de impacto coletivo. Fabíola Galli, gerente de conhecimento aplicado da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e do Núcleo Ciência pela Infância, e Priscilla Cruz, presidente executiva do Todos pela Educação, mediadas por Rogério Silva, sócio do Pacto e doutor em saúde coletiva, abordaram o tema sob a perspectiva das políticas públicas voltadas à primeira infância e à educação pública brasileira.

Para encerrar o Fórum, Paula Fabiani, CEO do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento (IDIS), Ian Bautista, diretor de engajamento cívico da Greater Milwaukee Foundation, e Constanza Gómez Romero, diretora executiva da Colombia Cuida Colombia, mediados por Ericah Gonçalves, cofundadora da Pappo Consultoria, compuseram o painel que trouxe a prática das ações colaborativas de grande impacto, vivenciadas em territórios distintos, pontuando os desafios e os avanços, especialmente em ações voltadas ao enfrentamento da pandemia e das desigualdades sociais.

PUBLICAÇÕES INÉDITAS TRADUZIDAS PARA O PORTUGUÊS

Gabriel Cardoso, gerente executivo do Instituto Sabin, lançou no Fórum estudos e pesquisas traduzidos pelo Instituto para a Língua Portuguesa sobre a metodologia de Impacto Coletivo. O objetivo é munir pessoas e instituições com conteúdo de qualidade para embasar discussões e ações ancoradas na metodologia, colocando o Brasil no caminho de grandes mudanças, a partir de um trabalho coletivo e colaborativo.

Na biblioteca do Fórum, você vai encontrar as seguintes publicações para download:

  • Impacto Coletivo, por John Kania e Mark Kramer
  • Canalizando a Mudança: Fazendo o Trabalho de Impacto Coletivo, por Fay Hanleybrown, John Kania e Mark Kramer
  • Cartilha do Impacto Coletivo
  • Princípios de Prática de Impacto Coletivo

O evento  alcançou amplo sucesso de audiência, com 1.432 visualizações nos dois dias. Quer assistir ao Fórum na íntegra? Acesse: https://www.forum.uwb.org.br/

Na próxima matéria da série Fórum Brasileiro de Impacto Coletivo, conheça os principais tópicos trazidos por Nina Silva e Adam Kahane, mediados pela jornalista Fernanda Schimidt, no primeiro painel do Fórum, “Um convite à colaboração: criando soluções para problemas complexos.”