GOYN SP participa de Fórum Internacional e reforça a importância de dados no enfrentamento das injustiças estruturais

Realizado anualmente, o Fórum do Impacto Coletivo é uma iniciativa do Aspen Institute e FSG, com o objetivo de fortalecer a atuação de diferentes organizações espalhadas pelo mundo. O GOYN SP participou do evento, dando a sua contribuição ao fortalecimento dessa grande rede mundial de transformações sociais.

Pessoas e instituições de diversos setores, mas com ideias semelhantes sobre as mudanças que precisamos empreender para construir um mundo mais justo, estiveram reunidas na edição de 2021 do Collective Impact Forum (Fórum do Impacto Coletivo), de 27 a 29 de abril.

O encontro é uma ampla oportunidade de troca de experiências e conhecimentos para acelerar a eficácia de estratégias das organizações para que promovam o impacto coletivo nas diferentes comunidades.

O GOYN SP, articulado em São Paulo pela United Way Brasil, foi representado por sua gerente, Daniela Saraiva, e por Juliana Silva de Oliveira, membro do Núcleo Jovem, para dialogar com outros participantes internacionais o tema “Compreendendo e enfrentando a injustiça estrutural em um ambiente global: uma conversa com jovens GOYN e líderes comunitários”.

No mesmo grupo de debate estavam presentes: Amina Mahmood, membro do Núcleo Jovem do GOYN de Mombasa, no Quênia; Mahmood Noor, Diretor Executivo da Swahilipot Hub Foundation e do GOYN de Mombasa; e Nokonwaba Nathi Fono, coordenadora de projeto na YouthBuild South Africa, apoiando os jovens do GOYN de eThekwini. 

Durante a conversa, mediada por Petula Nash, Diretora Técnica Global para a Programação Juvenil da Catholic Relief Services, parceira global da Global Opportunity Youth (GOYN), os painelistas enfatizaram a injustiça estrutural como cerne da visão e da teoria de mudança do GOYN, em todo o mundo. Para o GOYN, as injustiças estruturais são aquelas replicadas por um sistema de regras que enfraquece grupos sociais específicos e se manifestam de maneiras diferentes nas comunidades. Tais desafios se apresentam como oportunidades para os jovens desempenharem seu papel de líderes locais e enfrentar essas questões de forma coletiva e colaborativa.

O tema é mais do que oportuno, como apontou Petula: “Temos falado sobre injustiça estrutural por muitos anos, mas agora esta questão está na vanguarda. A Covid-19 ampliou essas injustiças – global e localmente -, bem como exacerbou muitas desigualdades. Por outro lado, existem movimentos globais e nacionais trabalhando ativamente para combatê-las. Vale ressaltar que não estamos apenas falando sobre injustiça racial, mas pensando mais amplamente nas que estão enraizadas no ecossistema e relacionadas a gênero, casta, tribo, orientação sexual, religião ou outros fatores que impedem os jovens-potência de acessarem e garantir oportunidades econômicas viáveis”.

Jovens com a palavra

Juliana, membro do Núcleo Jovem do GOYN SP, e uma das fundadoras do Comitê de Equidade do movimento, deu o seu depoimento sobre a importância do Comitê para o enfrentamento das injustiças estruturais. “Em São Paulo, a equidade caminha a passos de formiga, porque existe muito preconceito com a juventude das periferias, especialmente de gênero e raça. O comitê ajudou a quebrar bolhas. É um espaço onde nós, jovens periféricos, falamos de nossas dificuldades e expectativas para pessoas que estão nas instituições e que podem nos ajudar. Um lugar onde somos reconhecidos como atores ativos e com habilidades para enfrentar as desigualdades e as injustiças estruturais. Porque, o que mais mata, é o silêncio. Poucas vezes temos a oportunidade de falar o que sentimos. Não tem nada pior do que não ter a sua voz ouvida e o comitê é crucial nesse sentido. É uma forma de os jovens atuarem pelo impacto coletivo, colaborando no desenvolvimento de seus territórios”. Outro grande diferencial do Comitê de Equidade do GOYN SP, segundo Juliana, é a possibilidade de uma construção conjunta e democrática de regras, objetivos e ações a partir da perspectiva do jovem-potência. 

As injustiças estruturais em países da África, por exemplo, também englobam preconceitos tribais e religiosos, segundo Amina, a jovem-potência do Quênia. Para enfrentá-las, o Núcleo Jovem do GOYN de Mombasa realiza formações para discutir essas questões. “Apoiamos os jovens do território para que acessem as políticas públicas. Atualmente, temos discutido muito sobre as eleições em 2022, para que votem em candidatos que tenham a real intenção de mudar o sistema e combater essas injustiças”, explicou.

A importância dos dados para mapear vulnerabilidades

Daniela Saraiva apresentou a pesquisa “Desafios e Oportunidades para a Inclusão Produtiva de Jovens-Potência na cidade de São Paulo”, realizada pelo GOYN SP em parceria com a Accenture Brasil, para mostrar como os dados têm sido utilizados na construção de soluções aos problemas que geram as injustiças estruturais na maior cidade do País. “Um dos pilares do trabalho do GOYN é entender a realidade a partir de dados concretos que indiquem as oportunidades e como trabalhá-las em cooperação. Por isso, além de coletá-los, convidamos 18 jovens para atuarem diretamente nessa pesquisa. Eles foram buscar informações com outros jovens nas periferias. Isso nos deu um escopo maior do mapeamento”, explicou.

Depois dessa ampla coleta, mais de 60 organizações da rede analisaram os dados e identificaram desafios e oportunidades de inclusão produtiva. Toda a pesquisa está contida em uma publicação de cerca de 400 páginas, sistematizada em um documento acessível a todos e todas que têm interesse e trabalham com o tema (leia matéria sobre a pesquisa). O estudo indica quatro grandes áreas a serem trabalhados pela rede GOYN SP: racismo estrutural, evasão escolar, lacuna digital e crise laboral, também identificadas pelos demais participantes da conversa como oportunidades nos seus territórios.

Durante o diálogo, ficou evidente que o uso de dados é essencial para apontar caminhos. “Dados estão no cerne de tudo o que estamos discutindo aqui. Por meio deles também pudemos identificar territórios onde as populações vivem com menos de 1 dólar, não possuem escolas ou as escolas são ruins, as pessoas vivem em favelas sem qualquer estrutura. Os jovens desses lugares não recebem formação adequada e não têm acesso a oportunidades. Os dados mostram onde devemos atuar”, complementa Mahmood Noor, de Mombasa.

“A falta de dados atualizados, especialmente durante a pandemia, em que as injustiças se ampliaram, é um grande problema para nosso país. A suspensão do Censo, previsto para o ano que vem, vai nos impedir de acessar informações cruciais, o que pode impactar negativamente o futuro dos jovens”, alerta Daniela Saraiva na sua exposição.  Por isso, o trabalho em rede do GOYN SP será essencial nessa jornada de gerar oportunidades para garantir a inclusão produtiva aos mais de 700 mil jovens-potência da cidade de São Paulo.

Acesse aqui a pesquisa apresentada pelo GOYN SP no Fórum: https://www.goynsp.org/jovempotencia/