Live discute a saúde física e mental da criança para além da pandemia

O quarto encontro virtual com especialistas em primeira infância, realizado pelo programa Crescer Aprendendo da United Way Brasil, trouxe à pauta orientações de como fortalecer a saúde integral dos pequenos, especialmente com o aumento dos casos de Covid-19 no País.

Com o apoio institucional da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, a live “Saúde da criança em tempos de pandemia: o que é preciso saber?” teve a audiência de famílias atendidas pelo programa de primeira infância Crescer Aprendendo e do público em geral. 

Para formar a roda de conversa foram convidadas Dra. Ana Escobar, professora Livre-Docente da Faculdade de Medicina da USP e consultora do programa Bem Estar, da TV Globo, Clariana Oliveira, enfermeira, doutora em saúde pública pela Universidade de São Paulo e pós-doutora em primeira infância e desenvolvimento infantil, na Universidade de Harvard, e Lucila Faleiros Neves, fisioterapeuta, especialista em desenvolvimento infantil e coautora do projeto “Nossas Crianças: Janelas de Oportunidades”.  

Na primeira parte da conversa, doutora Ana ressaltou os principais aspectos que as famílias precisam reforçar para que as crianças fiquem saudáveis: “O primeiro ponto é cuidar da alimentação, lembrando da importância do leite materno nos primeiros seis meses de vida. Também garantir, dentro do possível, um tempo de sono legal. E uma das coisas mais importantes é manter as vacinas da turminha em dia. Não é porque estamos na pandemia que vocês vão deixar de ir ao posto de saúde para atualizar a carteirinha de vacinação dos seus filhos”. 

Como a saúde está diretamente ligada à segurança, Clariana deu dicas aos pais e cuidadores sobre como evitar acidentes domésticos. “Se a gente tirar nossos óculos e colocar os óculos da criança pra olhar para dentro das nossas casas, a gente vai achar um ambiente repleto de coisas para brincar, de coisas para colocar na boca, de líquidos coloridos que a gente quer mexer, porque estamos curiosos para saber o que é. Se a gente acha pecinhas no chão, feijão, moedas, a gente vai levar à boca porque é diferente, tem uma textura diferente, uma cor diferente. Então, olhar esses pequenos detalhes, olhar para o chão, para as coisas ao seu redor e que estão ao alcance da criança é importante para prevenir e não ter que remediar lá na frente”, explica.  

Mas a saúde emocional da criança também pode estar em risco, já que a convivência diária e com restrições tende a criar tensões na família. Antes de se aprofundar no tema, doutora Ana definiu o que é saúde emocional: “É a saúde dos nossos sentimentos. Como estão os nossos sentimentos? Estão legais ou a gente está mais entristecido? A gente está mais para baixo, assim, constantemente? Isso vale para todo o mundo. Os adultos, às vezes, conseguem entender que não estão bem, mas as crianças não conseguem. Elas simplesmente sentem um desconforto e esse desconforto não é uma dor, não é nada.  É uma sensação ruim. Como é que elas expressam isso? Elas ficam mais irritadas. Elas ficam acordando à noite toda. Algumas não querem comer. Algumas, por exemplo, têm dificuldade de falar, algumas brigam por qualquer coisa. Outras fazem crise de birra. Então, a dica que eu dou para vocês é: prestem atenção porque pode ser que a cabecinha delas esteja com alguma situação que a gente precisa cuidar, da mesma forma que a gente cuida de uma dor física”.  

A saúde emocional dos adultos que cuidam das crianças

A qualidade do ambiente também influencia a saúde emocional das crianças. Então, como criar um espaço mais aconchegante e tranquilo, mesmo em isolamento social? “Tenho certeza de que para as crianças está mais difícil, mas restritivo, com limitação de movimentos, numa fase que movimentar, experimentar, pôr a mão é tudo na vida.  Temos de promover um ambiente com alegria, leveza e respeito nas relações. Vamos dar oportunidades para as crianças explorarem e fazerem coisas diferentes para o seu desenvolvimento. E, principalmente, mostrar às crianças que elas são amadas. Apesar da situação difícil, esse é um sentimento que precisa estar presente o tempo todo. Um momento de aproveitar para conversar mais, brincar mais, contar histórias, criar novas formas de interação e de afeto. Essa será a lembrança que a criança levará para o futuro. Não é uma lembrança qualquer, mas de uma criança amada, que teve alguém do seu lado, disposto e aberto para estar com ela”, reforça Lucila.

E quando a saúde emocional dos adultos não está bem, o que se deve fazer? Lucila acredita que casos assim precisam de apoio. “Tem que levar essa situação para o serviço de saúde e buscar ajuda. Eu acho importante, também, as famílias se aproximarem de pessoas que passam por situações parecidas. De repente, no próprio serviço de saúde, criar um grupo delas. Eu acho que seria o mais bacana. Se não tem profissional que possa atender todas as necessidades de vocês, então organizem um grupo de pessoas na mesma condição para que vocês se fortaleçam”.     

Para Clariane, os adultos precisam ter mais compaixão por si mesmos, entendendo que essa fase é bem difícil e não se pode exigir demais. Por isso, “nos momentos difíceis, respirem fundo, tirem um tempo para vocês. Não é a hora de colocar mais peso nas nossas costas. Respirem fundo. Errou? Gritou com a criança? Peça desculpas. Você vai ensinar que se deve pedir desculpas porque ela também vai errar um dia. Então, tenha calma e vamos pensar que logo, logo as coisas estarão resolvidas, a vacina vai chegar e nossas vidas voltarão ao normal novamente”.  

Confira a live na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=dZC-JodcAJE&list=PL678y5q5ihccRfO0mM-XEXcDVMzXesofF&index=20

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