Parentalidade: é preciso formar os pais para que apoiem seus filhos

A família, por natureza, compõe o primeiro espaço de socialização da criança. Logo, sua importância é indiscutível. Por isso, investir na formação de pais ou cuidadores é garantir uma parentalidade positiva capaz de apoiar e estimular o desenvolvimento infantil integral.

O termo parentalidade ainda é pouco conhecido, mas vem ganhando força, especialmente para pontuar o conjunto de ações que objetivam assegurar o cuidado e o desenvolvimento da criança. Não é só a família que exerce esse papel: professores, educadores, profissionais da saúde e da assistência social, dentre outros, são agentes importantes no ecossistema de proteção e cuidado. No entanto, a família, nas suas diferentes configurações, permanece como o núcleo fundamental desse processo.

No contexto da parentalidade positiva de pais ou cuidadores, estão a prática do apego e das relações saudáveis entre eles e as crianças, provisão de recursos materiais de proteção e segurança dos filhos, acesso ao atendimento à saúde, valores e regras para a convivência em sociedade, educação intelectual e preparação para crescente autonomia dos pequenos.

Quando olhamos para o cenário de vulnerabilidade social em que muitas famílias estão inseridas, com escassez de recursos, falta de acesso a serviços públicos e presença dos diferentes tipos de violência, a parentalidade positiva é um desafio. Portanto, para fortalecer essas famílias, são necessárias políticas públicas que as apoiem material e emocionalmente.

Programas sociais e a parentalidade positiva

Para que deem certos, programas focados na formação de pais e responsáveis precisam ter como premissa que a parentalidade é uma habilidade que se aprende e pode ser fortalecida. Ninguém nasce sabendo. Ao mesmo tempo, devem reforçar que as famílias possuem recursos para cuidar de seus filhos, dentro de suas realidades. Quando os pais ou responsáveis são empoderados para mobilizar tais recursos, e entendem o seu papel no desenvolvimento infantil, tendem a participar ativamente das iniciativas, e os resultados aparecem. Trabalhar a autoconfiança dos adultos, os vínculos afetivos como aliados desse cuidar são pontos-chave de qualquer ação nesse sentido.

Da mesma forma, a parentalidade se torna positiva para crianças sem lares, que vivem em abrigos, quando os cuidadores têm clareza de sua importância no desenvolvimento delas, dando-lhes a segurança de que necessitam para se sentirem confiantes, mesmo desprovidas de um núcleo familiar estruturado, porque contam com adultos de referência que têm um olhar dedicado às suas necessidades físicas e emocionais.

Ao mesmo tempo, impor regras ou procedimentos, sem ouvir os pais, não respeitando suas raízes e características, tende a levar qualquer iniciativa bem intencionada ao fracasso. A diversidade dos adultos que cuidam da criança é outro aspecto que agrega aprendizado ao programa ou ação. Portanto, necessidades, expectativas e demandas mais urgentes de pais e cuidadores devem estar no centro da elaboração de um programa que procure estimular a parentalidade positiva.

No caso de famílias em situação de vulnerabilidade social, um dos pontos a se trabalhar é a resiliência que elas possuem para que acreditem na sua capacidade de, mesmo diante das adversidades, oferecer aos filhos aquilo de que precisam para se desenvolverem. 

O que se busca com programas voltados a esse tema é prevenir e combater negligências, maus tratos, abusos e violências distintas que, muitas vezes, são parte do cotidiano de famílias por gerações. É, também, sensibilizá-las sobre o quão importantes são para o desenvolvimento infantil e como o tempo que dedicam aos seus filhos faz diferença na saúde física e mental dos pequenos e nas suas vidas, já que é uma fase única e a essencial à formação do ser humano. Quanto mais essa interação for de qualidade, melhor para todos, especialmente, para a criança.

Crescer Aprendendo e a formação de famílias

O programa Crescer Aprendendo, da United Way Brasil, realizado com empresas e organizações parceiras, traz no seu escopo a estratégia de formação das famílias em reuniões presenciais e a distância, com participação de consultores para mediar conversas e compartilhar conteúdos.

No atual cenário de pandemia, que limitou eventos presenciais, o programa acontece por meio do WhatsApp. As famílias, divididas em grupos, recebem conteúdos por meio de textos, links, vídeos e interagem com perguntas e opiniões, tendo uma mediadora para respondê-las ou comentá-las.

Os temas são discutidos com base no que é essencial ao bem-estar pleno da criança, mostrando aos pais o que podem fazer para exercer essa parentalidade positiva, a partir de seus contextos e, especialmente na crise gerada pela Covid-19, orientações e práticas de como lidar com o isolamento social.

Os conteúdos estão distribuídos em temas-chave: alimentação saudável, saúde física e mental da criança, comportamento da criança, direitos da criança, papel da família e importância do brincar. Os conteúdos ampliam as reflexões e dão aos pais suporte para que avaliem o que podem realizar, sem impor-lhes regras ou dar “lições” do que é certo ou errado. 

As famílias são estimuladas a elaborar atividades com seus filhos e a compartilhar fotos e vídeos desses momentos. A troca entre famílias cria uma rede de práticas que fortalece a parentalidade positiva, constituindo uma comunidade digital que pretende cuidar das crianças, mas, também, das famílias.  

Até o final de 2020, o programa Crescer Aprendendo quer atender 5 mil famílias em territórios onde as adversidades não são exceção, mas regras. E se a gente se unir para isso? Sua empresa também pode fazer parte dessa rede de cuidado e proteção de crianças. Entre em contato conosco e saiba como.